terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Uma tese de doutorado sobre Mano Brown e a periferia

Ricardo Costa de Oliveira...........“A Periferia Pede Passagem: Trajetória social e Intelectual de Mano Brown”. Filho de pai porteiro e mãe diarista, o sociólogo cresceu numa Cohab... Precisamos de mais intelectuais, teses e sociólogos de origens populares porque a sua sociologia poderá ser um olhar crítico e detalhado das realidades periféricas, populares e subalternas. Interessante escolha de tema de pesquisa. O que leva um sociólogo a escolher "livremente" um tema sempre é uma autobiografia na forma de uma autossociologia do que se vive, do que incomoda, do que deve ser dito e pesquisado. As dimensões de classe, etnia, gênero e principalmente ideologia atuam de forma direta. O que se fala, como escolher um objeto, como se escreve, o que se silencia, todas conceituações passam por estas categorias estruturantes e ambiências vividas. Toda sociologia é profundamente política e biográfica. Precisamos de sociólogos periféricos críticos, que jamais devem esquecer a ideologia de uma sociologia oficial da ordem dominante, com alguns pseudo formalismos e rigorismos, frutos de inseguranças sociais e políticas dos que vieram mais de baixo na sociedade de classes, vítimas de preconceitos e que procuram apenas o verniz uma sociologia importada, estrangeira e colonizada, supostamente técnica, profissional, asséptica, uma ciência social acrítica e defensora da ordem desigual. Todos sempre sentirão as pesadas influências e heranças da própria condição humana, familiar, social, política e identitária de qualquer cientista social. Origens já determinam em boa parte as atitudes, os horizontes ideológicos de qualquer texto e mesmo a escolha do tema nas ciências sociais. Na verdade é o objeto sociológico, o tema de pesquisa, que também escolhe o sociólogo.


Uma tese de doutorado sobre Mano Brown e a periferia
“A Periferia Pede Passagem: Trajetória social e Intelectual de Mano Brown”. Tese de doutorado explica que líder dos Racionais MC's é um intelectual

Roseli Bregantin Advogada Com certeza, Professor, e por isso é tão importante que o lugar de fala do pesquisador seja explícito, e não se esconda atrás de um total distanciamento do objeto para que suas observações ganhem status de isenção. Estudar é sempre uma forma racional de lidar com as nossas paixões e incomodos.

Marcio Mittelbach Olha aí, Sandro F. Paim, sobre o q vc estava tentando me dizer ontem...
Paulo Cesar Da Silva Acompanho a carreira do Mano desde o início.E o nojo que a polícia tem dos negros e pobres?Notório na obra de Mano,Eduardo e outros rappers!

Danilo Svirbul Vieira A academia ainda tem sua estrutura baseada no elitismo intelectual daqueles que possuem os meios para alcançá-la. A resistência intrínseca para aceitar intelectuais de origem "marginal" sempre foi muito evidente, ainda mais por se tratar de um núcleo do qual a residência é nativa das classes médias/altas. Ora, não se faz pesquisador de barriga vazia, e sabemos como é difícil se manter vivo neste meio sem as condições necessárias para um bom estudo, tendo que deliberar entre as complicações de uma vida privada penosa e toda a carga de desconfiança dos pares dentro da universidade. Que se façam mais destes pesquisadores, que se quebrem esses paradigmas elitistas dos cursos (principalmente de humanas) e que sociólogos de origens periféricas possam dar voz para aqueles que costumam ser apenas um objeto de estudo distante.

Valeria Tuleski Prof., na sua frase sobre os sociólogos, a questão é essa: Todo o cientista social sentirá as heranças que sofre em termos de determinações culturais? DE minha parte, tão importante quanto teses de doutorado que conseguem vir a público de uma maneira mais bem acabada, também precisávamos de jornalistas que sabem dialogar com as CS. Tenho encontrado um abismo entre uns e outros...

Valeria Tuleski A frase é: Todos sempre sentirão as pesadas influências e heranças da própria condição humana, familiar, social, política e identitária de qualquer cientista social. Desculpe-me a confusão.