Rosmarie Waldrop, no livro Split Infinites
Tradução Marcelo Lotufo
E EM SEGUNDO LUGAR, na Alemanha
Meu primeiro dia na escola , setembro de 1941, dia show de
bola. O tempo não passava, mas era conduzido ao cérebro. Me ensinaram. A
saudação nazista, brincar de flautista. Quão firmemente entrincheiradas, as
velhas teorias. Já usando papel, caneta e tinta. Sim, eu disse, estou aqui.
Eu tinha seis ou sete anões, a branca era de neve, o
príncipe estava em guerra. Hitler no rádio, seguido por Léhar. Sentidos
impingiam-se. Apagões, sirenes, colchões no chão, visitantes ou fantasmas
furtivos.
E mamãe furiosa. Sirenes. Silvos. O gato. Minha irmã gritou
como nunca. Sua amiga. Com medo de olhar. O que eu sabia sobre trabalho forçado
ou trabalho de parto? Dos interiores profundos do corpo? Eu tinha aprendido a
andar de bicicleta.
O gato preto. A neve branca, a flor azul. Uma ameaça de uma
cor diferente. Movimento uniforme em velocidade inultrapassável. Nada
fastidioso. Nada necessário o preenchimento de substâncias no âmago profundo.
Mãe, eu gritei, extremamente. E o lobo. Passando pela neve
eu estava dentro de casa em, lã puxada sobre os meus olhos. O lobo. O menino
que não gritou ‘olha o lobo’ também morreu. Aberturas crepusculares.
Testa honesta. Cabelos negros. Mãos parcimoniosamente sobre
os joelhos. Uma menina polonesa. Na Alemanha? Na guerra? Movendo-se velozmente
pelo ar entre nós, uma imagem contínua. Chega de medo de gato preto, sinos
(assassinos, ferinos), de sirenes, silvos de bombas.
*
Uma longa vida aprendendo sobre o capítulo anterior. Que
minha alma está de calça jeans, minha mãe dando à luz, meu banco de esperanças
na Alemanha, leste de expectativas, oeste de ainda esperando. Na cama com um
antídoto.
Comendo da árvore. Folhas caindo antes da queda. Por um
buraco na memória. A fruta enruga novos problemas, mas não extingue. O pomar há
muito abandonado.
*