Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Carlos Pena Filho
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Escada helicoidal do Museu do Vaticano, projetada por Giuseppe Momo, em 1932.
Crédito: Antonio Henrique in http://picasaweb.google.com./
ESCADAS
Poesias
ESCADAS
Escadas de caracol
Sempre
São misteriosas; conturbam...
Quando as desce, a gente
Se desparafusa...
Quando a gente as sobe
Se parafusa
– o peito
estreito –
o teto descendo
Descendo descendo como nas histórias de imortal horror !
Mas de que jeito,
Mas como pode ser.
Morrer cair rolar por uma escada de parafuso ?
Além disso não têm, pelo dizem nenhuma acústica...
Oh ! Não há como as escadarias daqueles antigos
edifícios públicos
Para ser assassinado...
Porém não fiques tão eufórico,
– nem tudo são rosas:
Há,
No sonho das velhas casas de cômodos onde moras,
Passos que vêm subindo degrau por degrau em
direção ao teu quarto
E 'sabes' que é um fantasma chamejante e fosfóreo
– o corpo todo feito de inconsumíveis labaredas verdes !
O melhor
Mesmo
É fechar os olhos
E pensar numa outra coisa...
Pensa, pensa
– o quanto antes !
Naquelas podres escadas de madeira das casas pobres
– escurinho dos teus primeiros aconchegos...
Pensa em cascatas de risos
Escada a baixo
De crianças deixando a escola...
Pensa na escada do poema
Que tu
comigo
vem descendo
agora...
(Hoje em dia todas as escadas são para descer)
Mas não ! Este poema não é
Nenhum
Abrigo
Antiaéreo...
Ah, tu querias que eu te embalasse !?
Eu estava, apenas, explorando uns abismos...
Mário Quintana
ESCADAS
Escadas de caracol
Sempre
São misteriosas; conturbam...
Quando as desce, a gente
Se desparafusa...
Quando a gente as sobe
Se parafusa
– o peito
estreito –
o teto descendo
Descendo descendo como nas histórias de imortal horror !
Mas de que jeito,
Mas como pode ser.
Morrer cair rolar por uma escada de parafuso ?
Além disso não têm, pelo dizem nenhuma acústica...
Oh ! Não há como as escadarias daqueles antigos
edifícios públicos
Para ser assassinado...
Porém não fiques tão eufórico,
– nem tudo são rosas:
Há,
No sonho das velhas casas de cômodos onde moras,
Passos que vêm subindo degrau por degrau em
direção ao teu quarto
E 'sabes' que é um fantasma chamejante e fosfóreo
– o corpo todo feito de inconsumíveis labaredas verdes !
O melhor
Mesmo
É fechar os olhos
E pensar numa outra coisa...
Pensa, pensa
– o quanto antes !
Naquelas podres escadas de madeira das casas pobres
– escurinho dos teus primeiros aconchegos...
Pensa em cascatas de risos
Escada a baixo
De crianças deixando a escola...
Pensa na escada do poema
Que tu
comigo
vem descendo
agora...
(Hoje em dia todas as escadas são para descer)
Mas não ! Este poema não é
Nenhum
Abrigo
Antiaéreo...
Ah, tu querias que eu te embalasse !?
Eu estava, apenas, explorando uns abismos...
Mário Quintana
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