quarta-feira, 26 de setembro de 2012


"Vivemos em uma época que começou com o motor a vapor e se completou com a desintegração do átomo.A energia contida na fórmula relativista nos dará amanhã o banheiro , o dinheiro, a bateria portátil , o ouro que se relega na memória dos Westerns .A poesia vai alimentar as baterias nucleares e colocar a alma humana e o sofrimento em um herbário? Vivemos em tempos épicos e de épico nada temos."


Leo Ferré

Something On Earth

Something must have happened

On earth

The clouds

That towered

For days and nights above the steppe

Pushing dents

In my winter-tired tent

Are bursting apart now

Moving on in gray clumps

Perhaps a knot loosened

From the great tent whose roof struts

Are beams of sun, moon and wind

Or it was you who sent a bright thought

This way or lured from a hiding place

The dream which

Long expected

Only arrived last night

And which I

Hunkered in hope

Passed on to the coming day.

Galsan Tschinag

Apresentação de Sacher-Masoch.


Em Os cento e vinte dias, o libertino se declara excitado não pelos “objetos que aqui estão”, mas pelo Objeto que não está ali, quer dizer a “idéia do mal”. Ora, essa idéia de algo que não está, essa idéia do Não ou da negação, que não é dada nem possível de ser dada na experiência, só pode ser objeto de demonstração (no sentido em que o matemático fala de verdades que guardam todo seu sentido mesmo se dormirmos, e mesmo não existindo na natureza). É o porquê também dos heróis sádicos desesperarem e se enfurecerem vendo seus crimes tão magros comparados àquela idéia que eles só conseguem atingir através da onipotência do raciocínio. Sonham com um crime universal e impessoal ou, como diz Clairwil, com um crime “cujo efeito perpétuo aja, mesmo quando eu não mais agirei, de forma que não se passe mais um só instante da minha vida em que, mesmo dormindo, eu não seja a causa de uma desordem qualquer”. 

 G. Deleuze