sexta-feira, 30 de julho de 2010

Acordes da noite

Eu vi o escasso tempo de malabarismos juvenis

A estalar a seiva acidentada da tarde,

A aurora pura entrelaçada ao meu próprio sono

Nos instantes precários de um segredo vago.



Na oblíqua solidez dos corpos

Abre-se a rosa inicial sem nome, turva e casta,

Impura como a brisa imaculada dos sonhos, da voz,

Em uma espécie de chamado.



Eu vi o estrondo de uma gloriosa infância,

A alegria que em mim eram crianças cintilantes,

Na tarde volúvel, onde o mar, em silêncio maior,

Faz dos corpos uma presença errante.



Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,

Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,

Na rosa oblíqua de um chamado puro,

Na vastidão precária dos instantes.



Eu vi tudo isso e amei, sendo eu mesmo uma oferenda eclusa

Aos mistérios juvenis, que desafiam os segredos do mar.

Felipe Stefani
Fonte – Cronópios

Nenhum comentário: