No dia 29 de maio de 1453, as tropas do sultão Mehmed, o
Conquistador, tomaram Constantinopla. Ele pretendia transformar a cidade na capital
de um império otomano. Mehmed rebatizou o antigo centro da cristandade ortodoxa
para Istambul. O cristianismo não foi proibido, mas a religião oficial passou a
ser o islamismo.
No ano 395, o império romano se dividiu, e a sua parte
oriental tornou-se o centro do poder. Sua capital era Bizâncio, um centro
comercial da Antiguidade localizado no estreito de Bósforo, que foi rebatizada
posteriormente como Constantinopla pelo imperador Constantino, o Grande. O
círculo cultural do império bizantino era greco-romano e a religião era a
cristã por imposição do imperador, convertido ao cristianismo. Isso durou mais
de um milênio. Até que, em 1453, tribos turcas das estepes da Ásia Menor tomaram
a cidade.
Paz enganadora
"Os osmanlis eram inicialmente bastante pacíficos e não
chamaram a atenção dos bizantinos. Segundo mostram as pesquisas mais recentes,
os osmanlis eram até muito úteis aos bizantinos, pois se dedicavam à pecuária e
contribuíam para o abastecimento de Constantinopla", afirma o professor
Peter Schreiner, professor e especialista do assunto na Universidade de
Colônia.
A paz temporária era enganadora. Para uma cidade medieval,
Constantinopla era gigantesca, chegando a ter 300 mil habitantes. Mas a
megalópole enfraqueceu-se ao longo dos séculos e sua população caiu para apenas
30 mil habitantes. O império começava a se esfacelar.
Segundo Schreiner, "essas fragilidades foram
consequência da tomada de Constantinopla pelos cruzados em 1204: o império
bizantino se desfez em inúmeros pequenos impérios, cuja fraqueza militar foi
notada pelos osmanlis".
Em 1453, o sultão Mehmed 2° invadiu Constantinopla. Ele
sonhava com um império otomano mundial e Constantinopla deveria ser a sua
capital. Mehmed logrou executar duas ações surpreendentes. Em primeiro lugar,
mandou fundir um novo tipo de canhão, os maiores do mundo na época. Com eles, a
muralha da cidade foi destruída.
Depois, postou 70 navios de guerra diante do porto. Numa
ação noturna, praticamente "pela porta dos fundos", suas tropas
levaram os navios, do mar para o porto, através de uma estreita faixa de terra.
O imperador Constantino, um descendente do lendário primeiro imperador cristão,
viu então sua cidade cair nas mãos dos turcos.
Kritobulos de Imbros descreveu a reação do imperador:
"Quando viu que os inimigos o acuavam e entravam gloriosamente na cidade,
através das brechas na muralha, ele teria dito suas últimas palavras – 'A
cidade está sendo conquistada e eu ainda vivo?' E pulou no meio dos inimigos,
sendo massacrado".
Islamismo torna-se religião oficial
Das metrópoles européias da época – Roma, Veneza e Gênova –
não veio qualquer ajuda. Elas estavam inteiramente concentradas em suas
próprias querelas, e há muito, o império bizantino tinha deixado de ser
interessante. O sultão Mehmed rebatizou o antigo centro dos cristãos ortodoxos:
o que inicialmente era Bizâncio, depois Constantinopla, passou a se chamar
Istambul.
A religião cristã não foi proibida, mas o islamismo
tornou-se a religião oficial. Logo, os símbolos cristãos nas igrejas foram
substituídos por símbolos islâmicos. E é nas igrejas que se pode, ainda hoje,
buscar os resquícios daquela época.
O professor Peter Schreiner afirma: "É na Hagia Sophia
que se pode encontrar a maioria desses resquícios, pois foi a primeira a ser
transformada em mesquita, logo depois da conquista pelos turcos. Nessa igreja
existe ainda grande parte da ornamentação da época bizantina" .
O império otomano teve um apogeu que durou um século. E
depois, durante cem anos, ele esfacelou-se paulatinamente. Com a Primeira
Guerra Mundial, deixou de existir. Foi criada a moderna República da Turquia. O
que permaneceu foi sua capital, cuja história registra os três nomes: Bizâncio,
Constantinopla, Istambul.
Autoria Catrin Möderler (am)
Nenhum comentário:
Postar um comentário