exato, temos que torcer pra que não dê em nada. Se eu fosse
arriscar um palpite, porém, acho que a Rússia colocou o ocidente numa sinuca de
bico. Este acho que vai adotar a velha estratégia de apoiar os rebeldes
internos, com o problema de não ter muita noção de onde isso vai dar.
Emerson Urizzi Cervi Postei o comentário a seguir em outro
post, mas como é feriado de carnaval/tenho preguiça e acho que vale aqui
também, vou apenas copiar e colar: Se formos falar sobre os condicionantes
políticos da crise na Ucrânia não podemos nos esquecer que o país passou por
uma profunda reforma eleitoral em 2011. A partir daquele ano o parlamento
ucraniano passou a ser eleito pelo sistema que no Brasil é chamado de misto.
50% por listas partidárias e outros 50% por voto majoritário em distritos
eleitorais com uma vaga no parlamento. Isso criou as condições necessárias (não
suficientes, mas necessárias) para a cisão do País em distritos de um lado do
País com a totalidade de representantes contra Rússia e a totalidade de representantes
de outro lado do País pró-Russia. Por isso, gente, muito cuidado com propostas
mirabolantes de reformas partidárias, os efeitos
inesperados/imprevistos/indesejáveis podem aparecer antes do que se imagina.
Renato Perissinotto Emerson, acho que isso é mais efeito da
própria constituição da Ucrânia, do que causa, ou seja, uma divisão étnica ,
regional e econômica histórica entre o lado ocidental e o lado oriental que se
manifestou no sistema eleitoral, como você aponta. O problema é que esses dois
lados são, eles próprios, muito heterogêneos, como populações não-ucranianas
entre os majoritariamente ucranianos e populações não russas entre os
majoritariamente russos (ucranianos e tártaros). Tudo isso embolado pelo fato
de ter como vizinho um país como a Rússia,potência econômica e militar
diretamente interessada. Pelo andar da carruagem, propostas de reforma política
parecem ter ido pro espaço.
Jorge Fazendeiro De Oliveira nem tanto ,a Russia pode ter em
vista , uma provável finlandização da Ucrânia
Emerson Urizzi Cervi ok Renato Perissinotto, mas com todas
essas características culturais e históricas os caras resolvem aplicar um
sistema eleitoral que favorece as divisões histórias e culturais ao invés de
criar mecanismos políticos de compensação das divisões culturais e históricas.
Para mim, a atual crise na Ucrânia, a despeito de todos os condicionantes de
longo prazo, pode ser explicada em duas palavras: "voto distrital". E
não estou falando em alguma proposta de reforma política nesse momento. Estou
dizendo que a reforma realizada e concluída em 2011 é responsável pela atual
crise e não que a crise será solucionada pela reforma política.
Rafael Wowk E tem um fator histórico mto pesado que é o
Holomodor. As regiões predominantemente russas só o são pq em 1932-33 a Rússia
exterminou 20% da população ucraniana. Acho que nenhum ucraniano espera outra
coisa vinda da Rússia senão a anexação...
Rafael Wowk Emerson , mto bom saber disso! Reforma esta
"patrocinada" pela Rússia para evitar uma nova revolução laranja,
correto?
Emerson Urizzi Cervi Isso. A reforma concretizada em 2011
foi uma resposta à revolução laranja de 2004. E deu no que deu em 2014. PORRA!
Os caras têm um histórico de cisão cultural e étnica. Daí vem algum
"animal de tetas" e diz que cada distrito vai eleger seu próprio
representante. Fodeu geral !! Some a isso o fato de os partidos terem forte
ligação com grupos étnicos e localizados geograficamente. Por fim, adicione uma
invasão russa ocorrida menos de 100 anos atrás, que deixou como resultado uma
importante região do País (Crimeia) com 60% da população falando russo e uma
base militar naval russa em território da Crimeia. Só poderia dar merda mesmo.
O resto é fuleragem, como se diz por aqui...
Emerson Urizzi Cervi pode contar comigo se for para se
posicionar contra voto distrital, ainda que misto, com uma representação como a
atual no nosso congresso. Já foi tirar minha bandeira do armário e começar a
limpar meu fuzil. Para que praça devo marchar?
Ricardo Costa de Oliveira O estado de guerra acontece quando
a legitimidade é quebrada pela violência ilegítima. Derrubaram pela força o
governo eleito democraticamente na Ucrânia e foi declarada a guerra. A situação
repete a guerra anterior na Georgia e o controle da Ossétia do Sul e Abkhazia
pelos russos.
Renato Perissinotto Bom, Emerson, o seu argumento reforça a
minha posição, ou seja, o voto distrital é ruim porque agrava problemas que
existem muito, muito antes dele. Mas eu iria além, a sua proposição parece
sugerir, contrafatualmente, que se não fosse o voto distrital, não estaríamos
vivendo essa crise. Na base dessa proposição, parece estar a suposição de que
os grupos ali aceitariam algum tipo de convivência percentualmente equilibrada
por um sistema eleitoral ótimo, e isso é altamente duvidoso pelos fatores de
longo prazo, históricos, éticos, culturais etc. Vc acha que o partido Sloboda,
declaradamente nazi-facista, quer dar algum tipo de representação a quem quer
que não seja ucraniano? Russos e Tártaros na Crimeia querem conviver entre si?
Ucranianos e russos querem conviver entre si. Esse é o problema fundamental.
Essa gente toda tem sido mantida junta não por sistemas eleitorais ótimos; essa
gente tem sido mantida junta, ao longo da história, por regimes de força (por
isso tem gente que defende claramente que a Ucrânia deva deixar de existir,
pois como país é inviável). Definitivamente, é preciso ir muito além de
"voto distrital" para explicar esse troço aí, ainda que, como vc
disse, ele tenha jogado lenha numa fogueira acesa muito antes de 1991. É mais
ou menos como convencer bósnios, sérvios, croatas e muçulmanos a entrarem em
acordo em torno de um sistema eleitoral depois do fim da Iugoslávia.
Eric Gil Dantas O negócio é que pode tá tudo explodindo, mas
os bancos sempre saem ganhando.
http://www.valor.com.br/.../banco-central-da-russia-eleva...
Luiz Eva Essa questão do voto distrital é interessante como
um elemento entre muitos outros que podem explicar uma situação historicmente
muito complexa, e a própria reforma precisaria ser considerada muito
cuidadosamente para evitar simplificações precipitadas. O fato é que a Rússia
tem bases militares em Sebastopol que, por acordo internacional, não podem se
deslocar para fora do território onde estão estacionadas, e a Ucrânia já avisou
que vai considerar isso agressão militar. Por outro lado, a Rússia tem controle
estratégico do poder na Criméia, e o poder legítimo da Criméia (que é uma
República Autônoma) questiona (com base em argumentos que têm sua força) a
legitimidade da deposição do Yanukovitch, e parte da frota Ucraniana parece que
já hasteou bandeira russa. A situação está realmente muito delicada neste
momento.
Luiz Eva A Rússia tem maioria na Criméia, mas há muitos
tártaros e outras etnias. Os ucranianos alegam que os Russos foram transferidos
para a Criméia por uma política de deslocamento de populações de Stalin. A
ucrânia foi igualmente massacrada na segunda guerra pelos russos e pelos
alemães (que foram todavia saudados, quando invadiram a Ucrânia, como
libertadores...) Mas a Rússia vê a Ucrânia como parte de sua identidade
nacional. É uma situação extremamente complicada.
Bruno Faria Professores,Tentando acompanhar o debate, e a
reportagem efetuada pela Globo News, onde entrevistaram um cientista político
que está, nesse momento, na Ucrânia, pelo qual o mesmo afirmou, além de todos
ás probabilidades enunciadas por vocês, que pode ter acontecido, também, um
golpe da direita como aconteceu na Itália de Mussolini?
Segue a reportagem (dos 20min em diante tal afirmação, mas
toda a reportagem é interessante):
http://globotv.globo.com/.../sem-fonteiras.../3179785/
Sem Fonteiras mostra a importância da Ucrânia e a possível
divisão do país em dois
globotv.globo.com
O movimento Euromaidan vai além da extrema-direita. É uma
evolução. Começou com cidadãos normais, frustrados com a decisão do presidente
de não assinar um acordo de associação com a União Europeia e com as denúncias
de corrupção.
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