No aeroporto, há um cartaz orgulhoso dos taxistas no ponto
de táxi: “Tarifa de táxi especial igual à dos táxis comuns”.
Da mesma forma, na rodoviária, tinha de ter um cartaz no
ponto de táxi: “Tarifa de táxi comum ao mesmo preço dos táxis especiais do
aeroporto”.
O que é visto como atrativo no aeroporto, na rodoviária
passaria a ser um anúncio autopejorativo.
Previdente é aquele passageiro de avião e de ônibus
intermunicipal ou interestadual que nunca marca retorno à sua cidade em
domingos e feriados, com o fim de não pagar bandeira 2 de táxi.
O ministro dos Esportes, Orlando Silva, só não foi demitido
até agora, debaixo de alvo insistente de denúncias, porque é negro.
É um fenômeno parecido com o do presidente norte-americano
Barack Obama, ele só não despenca fragorosamente nas pesquisas de aferição da
intenção de voto e não faz perigar sua estabilidade na presidência, depois de
sucessivos erros administrativos e de conduta política confusa, porque é negro.
Negro tem mais resistência para cair, fruto da simpatia que
a raça adquiriu sendo oprimida durante séculos.
Eu acho estranho que estes ministros da Dilma, que foram
herdados e talvez impostos pelo Lula, tenham caído ou cambaleado somente agora,
não foram atingidos pela degola no governo Lula.
Por isso é que Lula declarou estes dias que os ministros
agora de Dilma tinham de se tornar mais resistentes e enérgicos às denúncias.
Não passa também despercebido que quem vem derrubando os
ministros atingidos por denúncia de corrupção não é propriamente a presidente,
e sim a revista Veja.
É democraticamente sublime que uma revista adquira o poder
de demitir ministros, realçando a importância da imprensa junto às
instituições.
Se Dilma foi obrigada a manter o ministério de Lula, deve
estar sendo para ela saudável que possa contar com a revista Veja para
substituir ministros e assim partir para um ministério da sua escolha,
expungindo os que lhe foram impostos por seu antecessor.
Na marcha que vai, se a Veja continuar profícua em suas
matérias investigativas, Dilma poderá renovar a quase totalidade do seu
ministério, livrando-se assim da herança política e partidária que não contou
com a soberania de escolha da presidente.
É curiosíssimo que tanto Saddam Hussein quanto Muamar
Kadafi, no fim de suas vidas, tenham sido encontrados em um porão subterrâneo e
num tubo de concreto que servia de esgoto.
Ou seja, foram capturados como ratos.
E é tanto mais significativo que tanto os iraquianos quanto
os líbios nunca tiveram força interna suficiente para derrubar os dois
ditadores, tiveram de se valer da ajuda decisiva das tropas de nações
ocidentais.
É instigante que os Estados Unidos e diversos países
europeus tomem a decisão de derrubar ditadores árabes. Isso determina uma total
submissão da política dessas nações árabes ao poder ocidental.
Imaginem se os EUA da América influenciassem para derrubar
um governo brasileiro, se é que isso já não tenha ocorrido na derrubada dos
ex-presidentes João Goulart e Salvador Allende.
A única diferença é que Iraque e Líbia são dois dos maiores
produtores de petróleo do mundo, o que naturalmente os faz agora reféns
econômicos dos países que os ajudaram na queda de seus dois ditadores.
Por trás desses emaranhados complicadores, sem qualquer
sombra de dúvida, estão os interesses financeiros.
Mas será que Kadafi merecia ser executado com dois tiros?
Ainda falta esclarecer se Kadafi foi mesmo um ditador sangrento.
Sobre Saddam não havia qualquer dúvida a respeito.
PAULO SANT’ANA - 24 Oct 2011
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