domingo, 12 de dezembro de 2010

Etiquetas: Fausto, J.W.Goethe, poetas alemães, verso solto


240 Falar de inspiração pouco aproveita,

Nunca ao homem que hesita ela se mostra.

Se vos dais por poetas, que a poesia

A vosso mando ceda. O que é preciso

Já de mais o sabeis; licor bem forte

245 Desejamos beber; pois sem demora

No-lo dai preparado. Não se cumpre

Amanhã o que hoje não for feito,

E nem um dia só perder se deve.

Um homem resoluto, do possível

250 Lança mão com ardor, fugir não o deixa

E na empresa prossegue, assim lhe é a força.

Sabeis que cada qual nos nossos palcos

Exp'rimenta o que quer; pois neste dia

Prospectos não poupeis nem maquinismos.

255Da lua e sol servi-vos, e aos centos

Espalhai as estrelas. Fogo e águas,

Rochedos, bosques, pássaros não faltem.

Do bastidor no acanhado espaço

A criação inteira se desdobre,

260E caminhai, com rapidez medida,

Desce o céu, pela terra, ao fundo inferno.





J. W. Goethe. Fausto. Trad. Agostinho D'Ornelas. Ed. ao cuidado de Paulo Quintela. , 1953, Acta Universitatis Conimbrigensis.,p 19/20

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