domingo, 12 de dezembro de 2010

III



Lembra-te dos banhos em que foste afogado









Acordei com esta cabeça de mármore nas mãos

que extenua os meus cotovelos e não sei onde

pousá-la.

Ela tombava no sonho enquanto eu saía do sonho

a nossa vida uniu-se e será muito difícil separar-se

de novo.





Vejo os olhos; nem abertos nem fechados

falo à boca que continuamente procura falar

seguro as maçãs do rosto que ultrapassam a pele.

Já não tenho força;





as minhas mãos perdem-se e aproximam-se de mim

mutiladas.



Yorgos Seferis. Poemas Escolhidos. Trad. de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratisinis. Relógio D'Água, Lisboa, 1993., p.23

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