O presidente Obama recebeu, recentemente, críticas muito
severas do professor Cornel West, da Universidade Princeton. Professor de
religião e estudos afro-americanos, ele apoiou Obama em sua campanha
presidencial e discursou em defesa de sua candidatura no Apollo Theater, no
Harlem, em Nova York.
Mas, em abril, alegou que Obama se havia transformado em
"um mascote negro dos oligarcas de Wall Street e um títere negro dos
plutocratas corporativos, e agora se tornou comandante da máquina de matança
norte-americana, e se orgulha disso".
West, conhecido filósofo, ativista e palestrante negro,
decerto não representa a opinião da maioria dos negros norte-americanos.
Melissa Harris-Perry, sua colega em Princeton, diz que West está
desconsiderando a indicação, por Obama, de duas mulheres para a Corte Suprema,
e que o apoio dos negros ao presidente continua esmagador.
Mas West é uma voz significativa entre os negros. Ele diz
que Obama, o primeiro presidente negro do país, tem "medo dos negros
livres" e "predileção por brancos e judeus".
Os comentários de West sobre Obama lembram sua famosa
disputa com o ex-reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers. West acusou
Summers de ser o "Ariel Sharon do ensino superior". Summers
aparentemente convocou o professor para uma conversa pessoal na qual o criticou
por sua atividade acadêmica insuficiente como professor de Harvard.
O professor West, que não está acostumado a esse tipo de
admoestação, subsequentemente deixou Harvard e voltou a Princeton. Suas
críticas públicas a Summers, no entanto, foram demais para muitos de seus novos
colegas em Princeton, que posteriormente reprovaram as "insinuações e
implicações" de West.
Mas ele está certo sobre uma coisa. A eleição de Obama não
tornou a vida mais fácil para a maioria dos negros nos EUA. Os de classe média
continuam singularmente otimistas quanto ao futuro, mas 40% das crianças negras
do país vivem na pobreza.
Ainda que os negros representem 12,9% da população, só 1,9%
da cobertura noticiosa os têm por foco, e a maior parte dessa atenção se dirigiu
ao confronto entre Henry Louis Gates, diretor do departamento de estudos
afro-americanos de Harvard e amigo de Obama, e o sargento Crowley, da polícia
de Cambridge.
Como diz Richard Carter no "Amsterdam News", o
maior jornal negro de Nova York, "o sargento Crowley desconfiou do
professor Gates por motivos raciais? Provavelmente. O professor Gates se
comportou mal? Certamente. O presidente Obama reagiu de maneira desastrada ao
incidente? Definitivamente. Argh!"
KENNETH MAXWELL - FSP . 01 Sep 2011
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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