O German Marshall Fund dos EUA (GMF) foi criado para
celebrar o papel do Plano Marshall na reconstrução da Europa após a Segunda
Guerra. Em um discurso na Universidade Harvard em 1947, o general George
Marshall, então secretário de Estado americano, lançou o plano que proveria
assistência crucial à reconstrução europeia.
Também em Harvard, 25 anos mais tarde, o chanceler alemão
Willy Brandt anunciou o estabelecimento do GMF, com uma generosa dotação
orçamentária alemã, para servir como organização de pesquisa e de fomento à
educação nos EUA. Sediado em Washington, o instituto visa promover o bom
relacionamento entre os EUA e a Europa.
Trabalhei como consultor informal para o presidente do GMF
no final dos anos 1970, depois da Revolução dos Cravos (1974), quando ajudei a
organizar duas grandes conferências internacionais em Lisboa sobre a economia
de Portugal. Era um período difícil. Portugal estava tentando enfrentar as
consequências de um longo período de ditadura de direita, seguido por anos de
conflitos entre militares de esquerda e políticos civis.
O projeto era instigante. Do lado americano, conseguimos o
envolvimento de alguns jovens e brilhantes economistas do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT). Muitos deles, a exemplo de Paul Krugman,
hoje professor da Universidade Princeton, colunista do "New York
Times" e da Folha e laureado com o Nobel de Economia de 2008, viriam a
construir carreiras brilhantes posteriormente.
Bruce Stokes se tornou pesquisador sênior no
GMF. Acompanho seu trabalho já há anos. Ele era um dos meus colegas mais
brilhantes no Conselho de Relações Exteriores de Nova York. Trabalhou por
muitos anos no "National Journal", de Washington, publicando artigos
sempre interessantes, com observações bastante aguçadas sobre a opinião pública
e a política externa americanas.
Por isso, venho lendo com especial atenção os seus textos
mais recentes. Em uma análise da mais recente pesquisa do GMF sobre a opinião
pública dos dois lados do Atlântico, combinada a dados das pesquisas de opinião
do instituto Pew, Stokes conclui que os jovens republicanos dos EUA perderam o
interesse pela Europa, opõem-se cada vez mais a aventuras internacionais e veem
a China como potencial inimigo.
Stokes acredita que isso represente a retomada de uma
tradição muito antiga na política americana. Caso os republicanos reconquistem
a Casa Branca e o controle do Senado no ano que vem, alerta Stokes, estejamos
preparados para um retorno ao antigo isolacionismo dos EUA.
KENNETH MAXWELL . FSP. 29 Sep 2011
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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