sexta-feira, 28 de julho de 2017

1794: Robespierre é executado na guilhotina


No dia 28 de julho de 1794, o revolucionário francês Maximilien de Robespierre foi guilhotinado, após boatos de endurecimento da Lei do Terror. Sua morte marcou o começo da última fase da Revolução Francesa.


      Paris Place de la Concorde (picture-alliance/dpa/M. Tödt)

"Os reis, aristocratas e tiranos, independentemente da nação a que pertençam, são escravos que se revoltam contra o soberano da Terra, isto é, a humanidade, e contra o legislador do universo, a natureza", declarou em 24 de abril de 1793 Robespierre, uma das figuras mais importantes da Revolução Francesa.

O jovem advogado Maximilien François Marie Isidore de Robespierre (1758-1794) pretendia mudar o destino da França. Desde o início de sua carreira política, destacou-se pela firmeza e pela forma radical de defender suas ideias. Influenciado por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele pleiteava um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. "O indivíduo é nada; a coletividade é tudo", afirmava, lembrando o famoso Contrato Social de Rousseau.

Político "incorruptível"

Robespierre ajudou a fundar e foi líder do Partido Jacobino na Convenção Nacional (parlamento francês de 1792 a 1795). Seus discursos captavam o espírito da França revolucionária. "É natural que o bom senso avance lentamente. O governo viciado encontra nos preconceitos, nos costumes e na educação dos povos um poderoso apoio. O despotismo corrompe o espírito humano a ponto de ser adorado e, à primeira vista, torna a liberdade suspeita e terrível", afirmara no discurso Contra a Guerra.

Os ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – compunham seu slogan predileto. Robespierre tornou-se famoso como político sério e "incorruptível". Seu objetivo era eliminar oa privilégios e instituições do Antigo Regime. Ele propagou ideias revolucionárias para a época, como o sufrágio universal, eleições diretas, educação gratuita e obrigatória, e imposto progressivo segundo a renda.

"Os habitantes de todos os países são irmãos; os diferentes povos devem se apoiar mutuamente como cidadãos de um Estado. Quem oprime uma nação declara-se inimigo de todas as nações. Quem faz guerra contra um povo, para impedir o progresso da liberdade e sufocar os direitos humanos, deve ser perseguido por todos os povos. Não apenas como inimigo comum, mas como assassino rebelde e bandido."

A lei da guilhotina

Proclamada a república, em 1792, Robespierre mostrou sua nova face. Não hesitou muito para selar o destino do rei, aprisionado por revolucionários. Luís 16 foi julgado, condenado e, a 21 de janeiro de 1793, decapitado na guilhotina. Robespierre justificava o reinado do terror, o qual "nada mais é do que a justiça rápida, violenta e inexorável. É, portanto, uma expressão da virtude".

A pretexto de defender a revolução, os jacobinos instalaram um regime de terror na França em 1793-1794. Sob o comando de Robespierre, a Constituição foi suspensa e foram criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. Esses órgãos descambaram depois para a conspiração e execução na guilhotina de membros do próprio partido jacobino, como Georges-Jacques Danton (1759-1794), confundindo inimigos e aliados.

A guilhotina funcionava sem parar. Com a ameaça de morte pairando sobre todos, deputados moderados da Convenção Nacional tramaram a prisão de Robespierre e seus colaboradores mais próximos. Em 28 de julho de 1794, deram aos ilustres prisioneiros o mesmo destino que estes haviam dado ao rei Luís 16: a guilhotina.

De um despotismo para outro

Robespierre havia assumido poderes ditatoriais. Calcula-se que o terror jacobino causou dezenas de milhares de vítimas, entre elas o químico Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794). Em apenas 49 dias, mandou-se executar 1.400 pessoas. No final, o terror engoliu os terroristas. Um ano após a morte de Robespierre, a França obteve um novo governo, comandado por cinco "diretores".

O chamado Diretório representou o fim da supremacia e do terror dos jacobinos. Em 1795, a Convenção promulgou uma nova Constituição, que, segundo seu relator, Boissy d'Anglas, centrou-se em "garantir a propriedade do rico, a existência do pobre, o usufruto do industrial e a segurança de todos".

De 1795 a 1799, o poder foi organizado sob a forma de uma república colegiada de notáveis, tendo o Diretório como poder executivo. Nesse período, a França mergulhou numa nova crise econômica e social, agravada por ameaças externas. Para manter seus privilégios políticos, a burguesia entregou o poder a Napoleão Bonaparte, que o exerceu com o mesmo absolutismo que havia sido derrubado pela Revolução Francesa.

Autoria Catrin Möderler (gh)


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segunda-feira, 24 de julho de 2017

O que me deixa mais perplexo é entender a fúria de boa parte de uma geração com menos de 30 anos nas jornadas de junho de 2013, na crítica destrutiva ao PT em 2014, nos coxinhaços de 2015 e saber que no dia de hoje, apenas um grupo de Senadoras com mais de 50 anos foi a única força social e política na defesa dos direitos trabalhistas das mais jovens e dos mais jovens, que ainda teriam pela frente muitos anos de direitos trabalhistas em suas vidas e trajetórias. Cadê todas aquelas gentes urbanas raivosas de 2013, cadê aquelas jovens mulheres líderes do MPL, tão badaladas e discutidas em 2013, tão energizadas contra os 0,20 centavos do Haddad, cadê a turma da Sininho nos protestos do Rio de Janeiro, cadê as mulheres e jovens dos coxinhaços quando souberem que nem o direito de ficarem gestantes em ambientes salubres terão, suas filhas e netas ficarão na insalubridade, precarização e terceirização, que sina para ess(e)as jovens. Cadê os manifestantes que cercaram o Congresso e o Itamaraty em tempos idos ? Cadê Marina e Luciana Genro hoje ? Alô feministas. Tudo isso também mostra a diferença imensa entre uma velha senhora como Dilma e o golpista Temer, seus ministros, seus congressistas tão misóginos e tão dispostos a roubarem o que podem dessas jovens massas trabalhadoras com menos de 30 anos de idade. Agora saberão que Dilma não era mesmo igual a Temer e o inverno do assalto, congelamento e desmonte dos serviços públicos só vai arrebentar mesmo no final desse ano.
RCO
Minha análise no Jornal do Brasil - Ricardo de Oliveira, da UFPR, também acredita no acirramento do confronto, e critica Moro, afirmando que a condenação pelo juiz revela a “instrumentação politiqueira da Lava Jato”: “Só vai acirrar ainda mais os ânimos e desacreditar ainda mais as instituições. Eles estão passando a mensagem de que não há mais democracia no Brasil, e isso só piora a crise que o sistema já vive, com as denúncias contra o [presidente Michel] Temer, a liberação do Aécio [Neves] e do [Rodrigo] Rocha Loures, mostrando que ainda existe uma casta privilegiada no país, que usa as instituições de maneira aparelhada”, completou...Para Ricardo, a decisão de Moro em não prender o ex-presidente é uma forma de amenizar o conflito. E acrescenta: “Essa decisão do Moro sem nenhuma prova, apenas joga mais água no moinho do confronto, no qual por um lado alguns são soltos com provas, e por outro, condena Lula no caso de um triplex que nunca foi dele. É um absurdo do ponto de vista jurídico e apenas mostra um ativismo ideológico dos operadores, que deixaram de ser juízes para serem ativistas partidários”...Ricardo destaca que existe um cronograma dos fatos.“Como Moro é um ativista, ele manipula as datas de acordo com o cálculo político e escolheu hoje em função desses fenômenos: o dia seguinte da votação trabalhista, e o dia da votação contra Temer no CCJ. O Moro sempre teve lado e interesse. Isso está mais do que claro agora”, finalizou.
RCO
A sociologia dos clubes mostra o mais antigo e tradicional deles, o Curitibano, fundado em 1881 pelo empresário schumpeteriano Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, o homem burguês metamorfoseado das antigas famílias senhoriais e escravistas do litoral, no século XIX. O Curitibano se tornou muito grande e frequentado, com elites e decadentes, de modo que um grupo de novos ricos, de origem imigrante, principalmente de origem alemã, juntos com alguns nomes tradicionais, alguns barrados no Curitibano, criassem em 1927 o Graciosa Country Club como um espaço mais exclusivo. O Castelo do Batel se relaciona com a Família Lupion, também novos ricos e novos poderosos datados somente na metade do século XX, casados com troncos paranaenses antigos, como a família Ferreira do Amaral da Lapa. o que é a norma da classe dominante brasileira, o novo casando com o antigo-tradicional, o moderno sempre junto do arcaico. A Sociedade Garibaldi foi criada no final do século XIX pelos imigrantes italianos. Desapropriada durante a Segunda Guerra Mundial, retornou depois para seus associados. A Vice-Governadora Cida Borghetti, conselheira do Comitê dos Italianos no Exterior, possui conexões com membros da Sociedade Garibaldi, como Walter Antonio Petruzzielo, pai do Vereador Pierpaolo Petruzziello, também inseridos nessas políticas ítalo-brasileiras. O casamento da Deputada Estadual Maria Victoria Borghetti Barros, da mais importante oligarquia política familiar emergente de Maringá, com extravagantes intervenções na Sociedade Garibaldi, casamento kitsch, é explicado pelas conexões sociais, étnicas e políticas. Foi o espaço possível no meio tradicional curitibano. Ainda hoje reaças apontam que se o sobrenome não está, ou não descende na Genealogia Paranaense, não é CDT, classe dominante tradicional. O casamento hoje será ovacionado por populares, ainda mais depois que o associaram com os golpistas de plantão convidados. A ver.

 RCO
Genealogia política do Desembargador João Pedro Gebran Neto, TRF4. Genealogias revelam quem somos e como é feita a estrutura social. Gebran Neto é filho de Antonio Sebastião da Cunha Gebran, advogado, que começou a trabalhar com 14 anos de idade na Assembleia Legislativa do Paraná até alcançar o cargo de Diretor-Geral em 1979. Faleceu em 2004, antes do escândalo dos Diários Secretos ainda impunes. Naquela época dos avôs, antes dos concursos, era comum que filhos de altos funcionários começassem a trabalhar cedo nas instituições dos pais, na ALEP, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, nos cartórios, na mídia, como podem ler no nosso livro "Na Teia do Nepotismo". Antonio Sebastião era sócio e foi diretor do Clube Curitibano. Participou da OAB e foi ex-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados. Profissional respeitado naquele meio e nome de praça em um dos lugares mais pobres, carentes e de alta criminalidade em Curitiba, na Cidade Industrial. A população mais negra, índia, mestiça no entorno da praça, é bem desigual e diferente da população e dos luxos dos Tribunais. O logradouro homenageando o pai de Gebran Neto foi proposto pelo vereador Felipe Braga Cortes, com quem Gebran Neto participou de movimentos políticos na juventude. A mãe do Desembargador Gebran Neto é Maria de Lourdes Pires Gomes, filha de Alcyon Pires Gomes, do comércio. O avô paterno, João Pedro Gebran, também foi Diretor-Geral da Assembleia Legislativa do Paraná desde 1955, antes fora Diretor dos Serviços Legislativos e no Estado Novo foi Secretário do Conselho Administrativo do Paraná. O casamento de João Pedro Gebran, em 1924, é que abriu as portas da classe dominante tradicional paranaense. Fenômeno conhecido em que jovens de origem migrante, no caso Libanês, com potencial e bem sucedidos, casam com jovens das velhas famílias do "Antigo Regime", que assim se prolongam e cooptam os novos elementos. Gebran passou também a se relacionar com a poderosa e antiga rede social e política de sua esposa, Francisca Cunha, a Chiquinha, filha do Coronel Francisco Cunha, Prefeito da Lapa na República Velha (Genealogia Paranaense, IV, 390). O avô do Coronel Francisco Cunha foi o Comendador Manuel Antonio da Cunha, primeiro Prefeito da Lapa, em 1833, por sua vez casado com Joaquina Teixeira Coelho, filha do 1º Capitão-Mor da Lapa, ainda no período Colonial, o português Francisco Teixeira Coelho. Todas essas famílias do poder local da Lapa, com origens históricas no latifúndio escravista, eram aparentadas entre si, a família Braga, do Governador Ney Braga, a família Lacerda, do Reitor e Ministro da Educação no começo da Ditadura, Flávio Suplicy de Lacerda e outras. Como as mesmas famílias controlam o poder executivo, legislativo e judiciário ao longo de suas genealogias. Como a estrutura social do século XVIII é reproduzida e transmitida ao longo das gerações e dos casamentos. Como o antigo, arcaico e tradicional convive com o novo, moderno e as mudanças continuam e preservam a dinâmica social de exclusão do passado. Gebran Neto vai ser o relator e vai julgar Lula, já condenado arbitrariamente, politicamente e sem nenhuma prova por Moro, em mais uma típica manifestação de lawfare desse poder judiciário ? O que pode acontecer de novo ? Com a palavra nos autos Gebran Neto. Na foto, na minha casa, Raymundo Faoro poderia nos referir como filhos do estamento burocrático transitando pelo tempo. Colegas do Colégio Militar de Curitiba, 1976, Villas Boas, médico, Gebran Neto, desembargador, Mussi, FAB, Ricardo, sociólogo e genealogista. Para (re)conhecer este fenômeno genealógico devemos estar familiarizados e presentes ao lado dele.
RCO
Mais uma genealogia política. Desembargador contra Professoras . Judiciário prejudicando Educação. Quando falam que na Finlândia um professor do ensino ganha o mesmo que um juiz é porque reconhecem a importância da educação em uma sociedade desenvolvida, com menos pobreza, desigualdade, crime e mais cidadania, produtividade, democracia e direitos para todos. Precisamos de bons magistrados, como temos alguns e não de uma “casta privilegiada” contra a sociedade, contra a educação, típica de lugares atrasados. O desembargador Ruy Cunha Sobrinho era filho de Renato Cunha, que foi vereador e presidente da Câmara de Londrina. Ruy Cunha Sobrinho é casado com a procuradora do Estado Vera Grace Paranaguá, filha do falecido ex-prefeito de Londrina Dalton Paranaguá. O casal recebe bem do Estado e pode pensar nos pobres professores, que não ganham nem auxílio-moradia. Ruy Cunha Sobrinho recebeu o nome do seu tio Ruy Cunha, que foi deputado estadual eleito em 1947. Neto de Eurides Cunha, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Jaguariaíva e de Curitiba no fim da República Velha. Todos formados em direito e grandes proprietários. Bisneto do Coronel Domingos Antonio da Cunha citado na Monografia (UFPR: 2016, 62) de Mariana Coelho Maximino - Ex-Senhores de Escravos, Elites e Negros Livres no Paraná do Imediato Pós-Abolição: “Em comissão de Campo Largo aparece Domingos Antonio da Cunha, que teve 12 escravizados. Domingos Antonio da Cunha, foi deputado liberal por Campo Largo em 1880/81, 82/83, 84/85, 86/87 e industrial do mate, também aparece congratulando a proclamação da República. Mostrando a posição de um ex-senhor de escravo, de uma elite escravista por possuir muitos escravos, que conseguiu se perpetuar na vida social e política durante o período Republicano”. Entendedores entenderão.
RCO
Mais um dia normal no Golpistão. Aumento abusivo na gasolina pra pagar o rombo do propinoduto das emendas dos deputados golpistas comprados na última leva, tentativa de exportação do golpe para a Venezuela no Mercosul do usurpador ilegítimo brasileiro sem votos, enésima denúncia de corrupção na Operação Quadro Negro homologada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, envolvendo as famílias neptocratas, nepotismo cleptocrata, da República do Paraná, com Richa, Traiano, Plauto, Tiago Amaral na Valor de Rossoni, tudo sob as barbas dos justiceiros inertes da República do Paraná e sua farsa a jato.

 RCO
Uma análise dos comentários de direita nas mídias informativas e redes sociais abertas revela uma “opinião pública” de direita produzida e ainda pré-iluminista no Brasil. Quem produz a opinião pública de direita ? Existe um exército de robôs e comissionados nos cargos legislativos, executivos, judiciários e nas empresas privadas em que a opinião política é cuidadosamente controlada e manipulada. O funcionário só ganha o emprego se demonstrar servilismo, subalternidade e submissão aos donos do poder. Milhares de cargos comissionados em Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, empresas, rádios, jornais e veículos dependentes das concessões e irrigados pelo dinheiro público o tempo todo. O jornalista deve sempre comprovar a sua opinião em respeito ao atestado ideológico baixado pelos editoriais reacionários de patrões, o jovem advogado perscrutado o tempo todo no espaço jurídico controlado por famílias jurídicas do poder nos escritórios de advocacia e no sistema judicial, o servidor público que só melhora um pouco o salário com a aceitação e subordinação de um cargo comissionado concedido pelos superiores de direita na estrutura das prefeituras, governos do estado e governo federal. Por isso a direita odeia tanto os concursos públicos que produzem estabilidade, carreiras próprias com luz própria e não dependência e servilismo. Daí o ódio da direita no Paraná e no Brasil contra os professores e contra educação. Para os poderosos a alta cultura, a cultura crítica deve ser reduzida ao senso comum de direita pré-moderno. Somente concursados e com currículos mais qualificados possuem independência e autonomia para produzirem uma opinião crítica. O quem indica ainda é mais forte do que o quem estuda, a provisoriedade de um cargo comissionado, terceirizado e precarizado vale mais para a direita poder explorar os trabalhadores do que investimentos em ciência, tecnologia, cultura e conhecimentos profundos. Ainda mais em épocas de dominação golpista o projeto da direita é a tentativa de destruição de carreiras estáveis e concursos públicos para tentarem destruir a autonomia do pensamento crítico. Por mais que tentem deter a modernidade, a direita sempre perderá porque a história não é carroça abandonada e sim um carro alegre, cheio de um povo contente.


RCO
Membros do MBL loteiam cargos comissionados nas administrações de direita, como se esperava depois do golpe. A direita é quem mais usa e abusa do Estado máximo para seu extrativismo estatal e suas leis de vantagens máximas, em detrimento da maioria trabalhadora. O jornalista que escreve editoriais neoliberais pelo Estado mínimo e vive das concessões, favores, benesses e créditos públicos, o grande proprietário que precisa do Estado para defender seus milhares de hectares e de propriedades que ele nunca visitará, o banqueiro que sempre precisou do Estado para criar moeda, altas taxas de juros e que nunca tocará fisicamente tanto dinheiro assim, o militar fascista indisciplinado, fracassado no Exército e que emprega toda a família no legislativo para nunca produzirem ou educarem ninguém, o jurista que cria o problema burocrático artificial para ele resolver e vender lucrativamente a solução no aparelhamento estatal, o comerciante que explora ao máximo seus funcionários e paga uma miséria aos trabalhadores para sonegar renda e comprar imóveis bregas ocultos em Miami reclamando do Estado brasileiro, o alto funcionário público ganhando acima do teto, os cartorários viciados, os nepotes das famílias políticas brasileiras que nunca estudaram nada, enfim, todo esse bando de parasitas sociais altamente remunerados, os que mais mamam nos orçamentos e erários estatais, os que mais dependem do Estado para seus privilégios, mordomias, sinecuras e prebendas são os mais hipócritas ao indicarem o Estado mínimo para o resto pobre da sociedade e negarem as políticas sociais públicas para os mais necessitados, os mais explorados dos trabalhadores, os que mais precisam do Estado para educação, saúde, segurança e cidadania.

RCO
O coronel Thompson Flores foi morto, em 1897, lutando em Canudos e é o trisavô do Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre. Canudos foi a maior batalha travada no território brasileiro, com cerca de 30.000 mortos, imortalizada por Euclides da Cunha no livro Os Sertões e ainda hoje uma das maiores vergonhas e injustiças cometidas contra camponeses analfabetos, que lutaram bravamente. Dos veteranos do Exército de Canudos no Rio de Janeiro, sem tetos detrás do Ministério da Guerra, surgiu o léxico "favela", uma invenção da desigualdade e pobreza urbana da República no Brasil. Da família Thompson Flores conhece-se a genealogia com muitos desembargadores, Presidente da Província do Rio Grande do Sul, militares, juristas e diplomatas. Lembrai-vos de Canudos. Eu tenho antepassados e parentes que lutaram em quase todas as guerras do Brasil e pelo menos dessa vergonha eu não tenho porque nenhum dos meus lutou por lá. Está na hora de corrigirmos esses erros do passado que lançaram o país no assim chamado 3° mundo. Deveriam ter construído escolas, universidades, hospitais em Canudos e não um vergonhoso massacre inglório contra brasileiros pobres.

RCO

domingo, 16 de julho de 2017

A ÉTICA NOS TRIBUNAIS


Por Márcio José Tokars

A primeira lição que se espera de um sábio é a humildade, por isto num tribunal onde juízes se digladiam, não ecoa o bom senso e quando algum deles se julga vencedor de uma competição, pela truculência verbal, o tribunal se torna uma vitrine de horrores e vaidades onde quem sai perdendo é a sociedade.

Não existe serenidade onde a emoção supera a razão. Força se mede nos ringues e não nos tribunais. A prepotência é a expressão máxima da pessoalidade, por isto os juízes devem ser humildes e qualquer um que se julgue acima dos outros, se coloca abaixo de todos.

O serviço público que o sistema judicial presta é o equilíbrio. A fala do julgador deve ser mansa e segura, mostrando a maturidade e a civilidade que ele faz valer. O juiz é um instrumento de controle, por isto lhe são vedados o descontrole e a destemperança. É proibido ao juiz se apaixonar pela causa, porque a origem grega da palavra “paixão” é “pathos”, que significa doença, catástrofe ou excesso.

O juiz é o guardião maior dos valores mais sagrados da educação. Quando um juiz se altera, sempre perde a razão, pois se entrega à emoção, que é a expressão da pessoalidade e não do pensamento jurídico. A fala do juiz deve expressar equilíbrio. A altercação, ao contrário é a expressão biológica do medo. A alteração pública do estado de ânimo é transtorno que não se espera dos magistrados. Sábios, líderes e autoridades legítimas não precisam pedir para serem ouvidos, quando o fazem, confessam que não o são.

O magistrado que se deixa levar pela emoção desonra a toga, pois coloca o homem acima dela, que simboliza a razão. Por isto a missão do juiz não é fazer justiça, mas fazer o direito, honrar os pressupostos e garantias processuais. É do processo, e não do homem que o conduz, que deve emergir a justiça.

Saber discordar ou ficar vencido é uma arte reservada aos sábios. Nada é mais revelador acerca de uma pessoa, que a forma dela expressar uma divergência, por isto os debates nos julgamentos não comportam atitudes incompatíveis com a dignidade da toga, mesmo quando evocadas a título de retórica na defesa das boas causas. Ali só cabe a técnica, não são disputas pessoais. Neles a força não está no tom de voz, nem na quantidade de palavras ditas ou escritas, mas sim nos fundamentos jurídicos. Nos ringues impera a técnica da força, mas nos tribunais deve imperar a força da técnica, ou seja, a força da lei que todos juraram obedecer, e não a força dos indivíduos. Por isto o voto do titular mais antigo ou do substituto mais moderno tem o mesmo valor.

É a força da ética; do decoro; da urbanidade e do respeito mútuo que mantém a serenidade e a dignidade dos cargos públicos, que estão acima das questões pessoais. O real poder do juiz está em não precisar demonstrá-lo. A razão jurídica se sustenta por si, por isto os bons juízes não levantam a voz. Quando um juiz se esforça para chamar à atenção, ele não é digno dela. Apelar para ser ouvido o ridiculariza, fragiliza o cargo e desmoraliza o órgão, por isto a ética exige serenidade dos julgadores, assegurada pelo freio deontológico da suspeição. Tribunais não são locais de confronto entre julgadores.
Sob o viés psicanalítico a exaltação é uma tentativa de sublimar a frustração pela impotência. A rudeza é um grito desespero, na esperança de recuperar a autoestima corroída pela intolerância aos próprios limites.

Nos colegiados os relatores não se manifestam para convencer seus pares, mas tão somente para expor o fundamento da sua convicção. Magistrados não tem obrigação de conquistar o voto alheio, pois não são políticos.

O direito de divergir é a base da democracia; construída pela diferença entre os iguais, pelo livre pensamento e manifestação. A liberdade de julgar conforme seus fundamentos é a garantia de todas as outras liberdades do Estado de Direito. Sufocar divergências é a tática do totalitarismo, que muitas vezes age com uma sutileza diabólica, sob os aplausos efusivos da massa hipnotizada por abusos maquiavélicos muito sedutores, pois são feitos solenemente em nome da lei.

Vanessa Fontana | 12 de julho de 2017 às 11:24 pm | Tags: Ética nos Tribunais, blog da vanessa fontana, direito, Juiz de Direito Márcio José Tokars | Categorias: ética, Ciência Política, Direito, Justiça | URL: http://wp.me/paM6W-1kC

sábado, 15 de julho de 2017

Assionara Souza

O negócio é deixar a vida dos ricos impraticável. Botar pimenta no escargot; fundir o motor das lanchas; misturar farinha na branca; fluido de freio na pintura nova do carro; vaiar e jogar ovo na porta da igreja. Vai ficar tão difícil ser rico que alguns vão pedir pra ser pobre.


(GRAP: Grupo Revolucionário Amelie Poulain)

Canción de una amada

1. Lo sé, amada: ahora se me cae el pelo por mi vida salvaje,
y me tumbo en las piedras. Me veis beber el aguardiente más
barato, y camino desnudo al viento.

2. Pero hubo un tiempo, amada, en que fui puro.

3. Tuve una mujer que era más fuerte que yo, como la hierba
es más fuerte que el toro: se vuelve a erguir.

4. Ella vio que yo era malo, y me amó.

5. No preguntó a dónde conducía el camino, que era su camino,
y quizás iba hacia abajo. Cuando me dio su cuerpo, dijo:
esto es todo. Y fue mi cuerpo.

6. Ahora ya no está en ningún lado, desapareció como una
nube cuando ha llovido, la abandoné y cayó, pues ése era su camino.

7. Pero de noche, a veces, cuando me veis beber, veo su cara,
pálida en el viento, fuerte y vuelta hacia mí, y me inclino ante
el viento.

 BERTOLT BRECHT

Biblioteca Digital Ciudad Seva


AS BARRICADAS DE ANNA ŚWIRSZCZYŃSKA


 Escrito por Piotr Kilanowski (tradução e nota). 


Anna Świrszczyńska (leia-se algo como Xfirchtchinska, ou Xifirchtchínska numa versão que seria mais fácil de se ler por aqui) foi uma poeta polonesa que nasceu em 1909 na cidade de Varsóvia. Também foi dramaturga e notada autora de versos para crianças. Publicou os primeiros poemas em 1930, sendo que seu livro de estreia foi publicado em 1936. A experiência da guerra, principalmente a participação no Levante de Varsóvia, em 1944, transformou sua linguagem poética. Embora tivesse recebido prêmios em concursos literários clandestinos durante a II Guerra, seu novo estilo foi caraterizado pelo rompimento com o anterior.

Sua nova forma poética era privada das ricas metáforas, das estilizações para o polonês antigo e dos elementos grotescos que marcaram seus poemas escritos antes e durante a II Guerra. Ela mesma, na introdução ao volume de Poezje wybrane (Poemas seletos) de 1973, considerava que cada poema precisava de uma forma singular para expressar seus conteúdos e que o papel do artista era continuamente criar seu próprio estilo e simultaneamente destruí-lo, para criar um estilo novo e próprio. E, de acordo com essa afirmação, podemos rastrear a história dos estilos criados e destruídos na obra de Świrszczyńska: os poemas de antes da guerra, marcados com a educação artística que recebeu em casa – seu pai foi pintor, escultor e pesquisador de folclore, –, cintilam com variadas cores do idioma, estilizações na linguagem renascentista ou barroca e uma mistura de humor e seriedade.

Mas suas duas faces poéticas mais conhecidas têm a ver com a poesia feminista e com o relato poético da experiência do Levante de Varsóvia. Por mais que sejam expressas de maneiras diferentes, são inseparavelmente relacionadas entre si. A visão da guerra e da destruição da cidade, contida no volume Eu construía a barricada (Budowałam barykadę), são um raro exemplo de poesia testemunhal feminina polonesa. Seus poemas feministas são muito marcados pela experiência do corpo e da corporalidade, cuja percepção, indubitavelmente, foi influenciada pelo trabalho de enfermeira na guerra urbana.

Embora o livro Jakiegoż to gościa mieliśmy (Mas que hóspede que nós tivemos), escrito pelo famoso poeta Czesław Miłosz (1911-2004), tentasse colocar seu nome e poesia no alto panteão poético polonês, a recepção de Świrszczyńska, por causa de sua coragem e revoluções estilísticas, até hoje enfrenta dificuldades.

Seus poemas feministas, como os dos volumes Jestem baba (Sou mulher) ou Szczęśliwa jak psi ogon (Feliz como o rabo do cachorro), que de modo inédito, inventivo e despudorado apresentam tanto a sexualidade quanto a corporalidade feminina em suas glórias e sofrimentos, até hoje são vistos com certa reserva. A apresentação do mundo da mulher, por meio de compartilhar e comunicar suas experiências tão diferentes do sempre representado mundo masculino, e sua concepção da mulher, minam a visão estereotipada. A linguagem excessivamente simplificada e, por isso, inovadora na sua capacidade de comunicar, o choque que causou ao falar de modo direto sobre suas experiências da corporalidade, sobre a guerra e sobre ser mulher ainda causam perturbação, mesmo depois de transcorridas mais de três décadas desde a sua morte, em 1984.

O volume Eu construía a barricada, cujo tema é o Levante de Varsóvia, publicado pela primeira vez em 1974, trinta anos após a revolta, além de ser um relato poético testemunhal, é também a prova de um estilo que evita monumentalismo ao falar da guerra. É comparável talvez à Pamiętnik z Powstania Warszawskiego (As memórias do Levante de Varsóvia), escrito em prosa pelo poeta Miron Białoszewski (1922-1983) e publicado em 1970. Tanto essa obra quanto a de Świrszczyńska fogem do páthos com o qual se costumava apresentar a guerra até então. Predomina nelas a visão do ser humano comum. Mesmo quando aparecem heróis, estes são diferentes dos protagonistas sobre-humanos das epopeias antigas e modernas. Pelo contrário, o que os faz heroicos é a sua humanidade. No país que cultiva lendas heroicas, muitas delas relacionadas com o martírio do Levante de Varsóvia, relatos deste tipo dificilmente ganham popularidade. No caso de Eu construía a barricada, a questão é mais problemática ainda, pois lidamos com a guerra sob a ótica de uma mulher. Observamos nesta saga vários papéis, predominantemente femininos: uma enfermeira no hospital, que morreria para poder poupar sofrimentos aos outros; uma mulher que enfrenta o pelotão de fuzilamento; um casal de irmãs aleijadas cuja motivação de se manterem vivas é cuidarem uma da outra; uma servente que carregava comadres no hospital do Levante; uma escoteira cujo último desejo envergonhado é ser enterrada não com sua farda, mas com um vestido de rendas que nunca teve oportunidade de usar na vida; e um ser humano, cuja vontade de sobreviver o faz roer um muro para se enterrar nele e viver como uma centopeia.

A poeta apresenta várias cenas, diálogos e monólogos que nos mostram a vida do cotidiano do Levante entre tiroteios, mortes, fuzilamentos e batalhas. Observamos como a guerra desfaz os relacionamentos familiares, sociais e humanos. Os sonhos, as esperanças, as decepções e a cruel realidade da cidade agonizando sob o bombardeio são apresentados diretamente, por meio de recortes, que ajudam a formar um panorama. Nos tempos da agonia de Aleppo, da guerra que devassa as cidades do Leste da Ucrânia, da ainda fresca memória de Sarajevo, a Editora Dybbuk nos brinda com este relato poético sobre a guerra urbana de 70 anos atrás, tão antigo e tão atual ao mesmo tempo, consciente de que é preciso trazer os dybbuks, os espectros do passado, de volta, na esperança de poder exorcizá-los no presente. A edição bilíngue conterá fotos do Levante e deverá ser publicada no septuagésimo terceiro aniversário do início do Levante de Varsóvia, no mês que vem.



O oficial alemão toca Chopin

O oficial alemão
caminha pela cidade morta,
tropel das botas
e eco.

Entra na casa morta,
não há porta,
passa na soleira pelos corpos
das pessoas mortas.

Chega ao piano,
bate
na tecla.

O som flui pelas janelas sem vidros
pela cidade morta.
O oficial senta.
Toca Chopin.



O soldado alemão

Hoje de noite choravas no sono,
sonhavas com teus filhos
na cidade distante.

Levantaste de manhã, farda, capacete,
metralhadora no ombro.

Foste jogar vivas no fogo
as crianças alheias.



Esperando o fuzilamento

Meu medo fica mais poderoso
a cada segundo
sou poderosa
como um segundo de medo
sou um universo de medo
sou
o universo.

Agora quando
estou no paredão
e não sei se fecho os olhos
ou se não fecho.

Agora quando
estou de pé no paredão esperando
o fuzilamento.



O sonho da escoteira

Quando já me tiverem fuzilado,
nem tudo ainda vai terminar.

Vai se aproxima
o soldado que me fuzilou,
e dirá: tão jovem,
que nem a minha filha.

E abaixará a cabeça.



O homem e a centopeia

Eu vou sobreviver.

Vou encontrar o porão mais profundo,
me trancar e não deixar ninguém entrar,
vou cavar uma toca no chão,
mastigar os tijolos com os dentes,
vou me esconder no muro, entrar no muro,
como uma centopeia.

Todos vão morrer, mas eu
vou sobreviver.



Carregava comadres

Fui servente num hospital
sem remédios e sem água.
Carregava comadres
com pus, sangue e fezes.

Amava pus, sangue e fezes,
eram vivos como a vida.
A vida ao redor
estava cada vez mais escassa.

Enquanto perecia o mundo
eu era apenas um par de mãos que entregavam
a um ferido uma comadre.

fonte :


"Dois napolitanos: Giambattista Vico (1668-1744) e Domenico de Masi estiveram presentes durante meu almoço regado a boa conversa e risos ontem, durante o FLICAMPOS, em Ponta Grossa. Ambos fazem parte da bibliografia de diversos artigos e livros que escrevi... Estes entornos dos eventos são de uma riqueza destamanha onde o tempo (piano, piano) ganha uma rapidez inusitada. Foi muito bom constatar synthonias, com o Domenico, em torno de algumas palavras fundamentais, como a palavra "Felicidade" , por exemplo. A mesa foi farta em todo sentido, novos e velhos amigos re-unidos pela leitura e pelo programa da Feira do Livro."

GK 06/05/12
"VIERNES SANTO ACOMODO LENTAMENTE LAS ESPINAS AL BORDE DE MI PLATO DE LEJOS, LA SAMARITANA APRUEBA ESTE BANQUETE CON UN CALIZ DE COMPASIÓN DOS CEDROS EN CRUZ ACOMPAÑAN MI SILENCIO. Y EL ROSTRO ESQUIVO DE CRISTO PARECE QUE SANGRA MENOS. 

Gloria Kirinus."

Canção de Outono

de Cecília Meireles

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão…

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão…


 "Separo lana con lana, algodón con algodón, lino con lino, chalina con chalina, azul con amarillo. Aparece una foto, un poema en un bolsillo, una estampa, un recado para un nombre desconocido... Un ropero en sus mudos cajones guarda miles de recuerdos. ¿Quién se atrevería a decir que el ropero no tiene corazón de madre?"

GK
"Mais poetas no Poder Legislativo do Planeta Terra para que esta lei vire decreto: "(...)Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho. " Carlos Drummond de Andrade, na obra Lição de coisas."
"Lima está llorando. Digo, en Lima está lloviendo. Llorar y llover en muchas lenguas tienen el mismo DNA. En portugués: chorar e chover. Miren como es en francés y en italiano... No hay caso, las analogías y metáforas nos bañan con poesía desde las primeras miradas y primeros milagros... Esta lluvia de Lima (algo raro aquí, amigos del Brasil) ya me invitó a tejer con el hilo de la admiración. Como era una vez..."

GK

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Lembro de uma das demissões com acordo numa empresa que trabalhei, a ideia era que eles me demitiriam (ah, obrigada, eu estava precisando mesmo!) e isso me possibilitava receber o FGTS. Mas dentro do "acordo" eu teria que devolver os 40% de multa que era dever da empresa pagar ao trabalhador. Num primeiro momento aquela foi a melhor opção. Mas é que daí eu não consegui dormir direito nos dias que se seguiram porque achei ridículo que uma empresa do tamanho daquela me obrigasse a devolver uns míseros dinheiros. Não devolvi. Era meu, porra! E o que isso significou? Vergonha diante dos colegas de trabalho. Eu era quase uma fora-da-lei. Não pisei mais lá. Não me chamaram pra freelas. Ficou muito feio na fita isso que eu tinha feito. É assim que os caras trabalham, com a ideia de que o trabalhador (dentro de um esquema desonesto_ o tal acordo, quando se poderia simplesmente liberar o funcionário e pagar os seus direitos) deve sempre agir pelo bem da empresa. Não importa se eles estejam lucrando nas tuas costas. Não importa se o chefe era um cuzão assediador que caía em cima dos professores com uma lábia de que eles deveriam produzir o máximo que pudessem dentro de uma semana num esquema de pressão fodido e sempre rondando a ideia de que se não conseguisse poderia perder cotas de correção. Não importa se a macharada entrava e saía do comando independente de haver professoras mais competentes pra assumir cargos importantes. As professoras, principalmente, eram exploradas ao má-xi-mo por uma chefia que pagava, inclusive!, de defensor das minorias, dos desvalidos, dos pobres coitados. A maioria das professoras com mestrado e doutorado e os chefes com superior incompleto pagando de celebridade intelectual esquerda, com um  olerit  que chegava quase a 30 mil pra assumir um cargo de assediador educacional. Ah, vão se foderem, né


 Assionara Souza





Meter el diablo en el infierno



En la ciudad de Cafsa, en Berbería, hubo hace tiempo un hombre riquísimo que, entre otros hijos, tenía una hijita hermosa y donosa cuyo nombre era Alibech; la cual, no siendo cristiana y oyendo a muchos cristianos que en la ciudad había alabar mucho la fe cristiana y el servicio de Dios, un día preguntó a uno de ellos en qué materia y con menos impedimentos pudiese servir a Dios. El cual le repuso que servían mejor a Dios aquellos que más huían de las cosas del mundo, como hacían quienes en las soledades de los desiertos de la Tebaida se habían retirado. La joven, que simplicísima era y de edad de unos catorce años, no por consciente deseo sino por un impulso pueril, sin decir nada a nadie, a la mañana siguiente hacia el desierto de Tebaida, ocultamente, sola, se encaminó; y con gran trabajo suyo, continuando sus deseos, después de algunos días a aquellas soledades llegó, y vista desde lejos una casita, se fue a ella, donde a un santo varón encontró en la puerta, el cual, maravillándose de verla allí, le preguntó qué es lo que andaba buscando. La cual repuso que, inspirada por Dios, estaba buscando ponerse a su servicio, y también quién le enseñara cómo se le debía servir. El honrado varón, viéndola joven y muy hermosa, temiendo que el demonio, si la retenía, lo engañara, le alabó su buena disposición y, dándole de comer algunas raíces de hierbas y frutas silvestres y dátiles, y agua a beber, le dijo:

-Hija mía, no muy lejos de aquí hay un santo varón que en lo que vas buscando es mucho mejor maestro de lo que soy yo: irás a él.

Y le enseñó el camino; y ella, llegada a él y oídas de este estas mismas palabras, yendo más adelante, llegó a la celda de un ermitaño joven, muy devota persona y bueno, cuyo nombre era Rústico, y la petición le hizo que a los otros les había hecho. El cual, por querer poner su firmeza a una fuerte prueba, no como los demás la mandó irse, o seguir más adelante, sino que la retuvo en su celda; y llegada la noche, una yacija de hojas de palmera le hizo en un lugar, y sobre ella le dijo que se acostase. Hecho esto, no tardaron nada las tentaciones en luchar contra las fuerzas de este, el cual, encontrándose muy engañado sobre ellas, sin demasiados asaltos volvió las espaldas y se entregó como vencido; y dejando a un lado los pensamientos santos y las oraciones y las disciplinas, a traerse a la memoria la juventud y la hermosura de esta comenzó, y además de esto, a pensar en qué vía y en qué modo debiese comportarse con ella, para que no se apercibiese que él, como hombre disoluto, quería llegar a aquello que deseaba de ella.

Y probando primero con ciertas preguntas que no había nunca conocido a hombre averiguó, y que tan simple era como parecía, por lo que pensó cómo, bajo especie de servir a Dios, debía traerla a su voluntad. Y primeramente con muchas palabras le mostró cuán enemigo de Nuestro Señor era el diablo, y luego le dio a entender que el servicio que más grato podía ser a Dios era meter al demonio en el infierno, adonde Nuestro Señor lo había condenado. La jovencita le preguntó cómo se hacía aquello; Rústico le dijo:

-Pronto lo sabrás, y para ello harás lo que a mí me veas hacer. Y empezó a desnudarse de los pocos vestidos que tenía, y se quedó completamente desnudo, y lo mismo hizo la muchacha; y se puso de rodillas a guisa de quien rezar quisiese y contra él la hizo ponerse a ella. Y estando así, sintiéndose Rústico más que nunca inflamado en su deseo al verla tan hermosa, sucedió la resurrección de la carne; y mirándola Alibech, y maravillándose, dijo:

-Rústico, ¿qué es esa cosa que te veo que así se te sale hacia afuera y yo no la tengo?

-Oh, hija mía -dijo Rústico-, es el diablo de que te he hablado; ya ves, me causa grandísima molestia, tanto que apenas puedo soportarlo.

Entonces dijo la joven:

-Oh, alabado sea Dios, que veo que estoy mejor que tú, que no tengo yo ese diablo.

Dijo Rústico:

-Dices bien, pero tienes otra cosa que yo no tengo, y la tienes en lugar de esto.

Dijo Alibech:

-¿El qué?

Rústico le dijo:

-Tienes el infierno, y te digo que creo que Dios te haya mandado aquí para la salvación de mi alma, porque si ese diablo me va a dar este tormento, si tú quieres tener de mí tanta piedad y sufrir que lo meta en el infierno, me darás a mí grandísimo consuelo y darás a Dios gran placer y servicio, si para ello has venido a estos lugares, como dices.

La joven, de buena fe, repuso:

-Oh, padre mío, puesto que yo tengo el infierno, sea como queréis.

Dijo entonces Rústico:

-Hija mía, bendita seas. Vamos y metámoslo, que luego me deje estar tranquilo.

Y dicho esto, llevada la joven encima de una de sus yacijas, le enseñó cómo debía ponerse para poder encarcelar a aquel maldito de Dios. La joven, que nunca había puesto en el infierno a ningún diablo, la primera vez sintió un poco de dolor, por lo que dijo a Rústico:

-Por cierto, padre mío, mala cosa debe ser este diablo, y verdaderamente enemigo de Dios, que aun en el infierno, y no en otra parte, duele cuando se mete dentro.

Dijo Rústico:

-Hija, no sucederá siempre así.

Y para hacer que aquello no sucediese, seis veces antes de que se moviesen de la yacija lo metieron allí, tanto que por aquella vez le arrancaron tan bien la soberbia de la cabeza que de buena gana se quedó tranquilo. Pero volviéndole luego muchas veces en el tiempo que siguió, y disponiéndose la joven siempre obediente a quitársela, sucedió que el juego comenzó a gustarle, y comenzó a decir a Rústico:

-Bien veo que la verdad decían aquellos sabios hombres de Cafsa, que el servir a Dios era cosa tan dulce; y en verdad no recuerdo que nunca cosa alguna hiciera yo que tanto deleite y placer me diese como es el meter al diablo en el infierno; y por ello me parece que cualquier persona que en otra cosa que en servir a Dios se ocupa es un animal.

Por la cual cosa, muchas veces iba a Rústico y le decía:

-Padre mío, yo he venido aquí para servir a Dios, y no para estar ociosa; vamos a meter el diablo en el infierno.

Haciendo lo cual, decía alguna vez:

-Rústico, no sé por qué el diablo se escapa del infierno; que si estuviera allí de tan buena gana como el infierno lo recibe y lo tiene, no se saldría nunca.

Así, tan frecuentemente invitando la joven a Rústico y consolándolo al servicio de Dios, tanto le había quitado la lana del jubón que en tales ocasiones sentía frío en que otro hubiera sudado; y por ello comenzó a decir a la joven que al diablo no había que castigarlo y meterlo en el infierno más que cuando él, por soberbia, levantase la cabeza:

-Y nosotros, por la gracia de Dios, tanto lo hemos desganado, que ruega a Dios quedarse en paz.

Y así impuso algún silencio a la joven, la cual, después de que vio que Rústico no le pedía más meter el diablo en el infierno, le dijo un día:

-Rústico, si tu diablo está castigado y ya no te molesta, a mí mi infierno no me deja tranquila; por lo que bien harás si con tu diablo me ayudas a calmar la rabia de mi infierno, como yo con mi infierno te he ayudado a quitarle la soberbia a tu diablo.

Rústico, que de raíces de hierbas y agua vivía, mal podía responder a los envites; y le dijo que muchos diablos querrían poder tranquilizar al infierno, pero que él haría lo que pudiese; y así alguna vez la satisfacía, pero era tan raramente que no era sino arrojar un haba en la boca de un león; de lo que la joven, no pareciéndole servir a Dios cuanto quería, mucho rezongaba. Pero mientras que entre el diablo de Rústico y el infierno de Alibech había, por el demasiado deseo y por el menor poder, esta cuestión, sucedió que hubo un fuego en Cafsa en el que en la propia casa ardió el padre de Alibech con cuantos hijos y demás familia tenía; por la cual cosa Alibech de todos sus bienes quedó heredera. Por lo que un joven llamado Neerbale, habiendo en magnificencias gastado todos sus haberes, oyendo que esta estaba viva, poniéndose a buscarla y encontrándola antes de que el fisco se apropiase de los bienes que habían sido del padre, como de hombre muerto sin herederos, con gran placer de Rústico y contra la voluntad de ella, la volvió a llevar a Cafsa y la tomó por mujer, y con ella de su gran patrimonio fue heredero. Pero preguntándole las mujeres que en qué servía a Dios en el desierto, no habiéndose todavía Neerbale acostado con ella, repuso que le servía metiendo al diablo en el infierno y que Neerbale había cometido un gran pecado con haberla arrancado a tal servicio. Las mujeres preguntaron:

-¿Cómo se mete al diablo en el infierno?

La joven, entre palabras y gestos, se los mostró; de lo que tanto se rieron que todavía se ríen, y dijeron:

-No estés triste, hija, no, que eso también se hace bien aquí, Neerbale bien servirá contigo a Dios Nuestro Señor en eso.

Luego, diciéndoselo una a otra por toda la ciudad, hicieron famoso el dicho de que el más agradable servicio que a Dios pudiera hacerse era meter al diablo en el infierno; el cual dicho, pasado a este lado del mar, todavía se oye. Y por ello vosotras, jóvenes damas, que necesitáis la gracia de Dios, aprended a meter al diablo en el infierno, porque ello es cosa muy grata a Dios y agradable para las partes, y mucho bien puede nacer de ello y seguirse.

FIN

 GIOVANNI BOCCACCIO

Biblioteca Digital Ciudad Seva


quinta-feira, 13 de julho de 2017

Leonardo Avritzer

Acabei de ler a sentença do juiz Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula. Tenho segurança em afirmar que a peça é um lixo jurídico completo realizado com intenções exclusivamente políticas. Na parte do triplex ele não avança um centímetro em relação à peça do ministério público. Elenca um conjunto de afirmações umas contra as outras a favor da propriedade por Lula e no fim ignora as peças contra e diz que a propriedade foi provada. Quem duvidar olhe. É direito dedutivo com descarte de provas contrárias à opinião do juízo.
Mas o pior é a parte sobre lavagem. O crime de lavagem é descrito como consequência da incapacidade do MP de provar a propriedade. Como a propriedade não ficou comprovada opta-se pela intenção de oculta-la, um raciocínio que está mais para tribunais da época do nacional socialismo do que na boa tradição do direito empírico anglo-saxão. Na sentença não há nenhuma tentativa de traçar uma relação entre atos de ofício ou da presidência ou da Petrobrás e os recursos que a princípio seriam de Lula , como a lei exige. Mas a grande pérola da sentença é a admissão pelo juiz que não houve ato de ofício. Aí ele cita algumas sentenças americanas, diga-se de passagem nenhuma da Suprema Corte nos EUA e uma decisão do STj. Claro que, como lhe convem, ele ignorou a decisão do STF sobre o assunto que diz que é necessário o ato de ofício. Transcrevo para que os incrédulos leiam com seus próprios olhos:
Diz a sentença
"866. Na jurisprudência brasileira, a questão é ainda objeto de
debates, mas os julgados mais recentes inclinam-se no sentido de que a configuração do crime de corrupção não depende da prática do ato de ofício e que não há necessidade de uma determinação precisa dele. Nesse sentido, v.g., decisão
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, da lavra do eminente Ministro Gurgel de Faria:
"O crime de corrupção passiva é formal e prescinde da efetiva prática do ato de ofício, sendo incabível a alegação de que o ato funcional deveria ser individualizado e indubitavelmente ligado à vantagem recebida, uma vez que a mercancia da função pública se dá de modo difuso, através de uma pluralidade de atos de difícil individualização." (RHC 48400 – Rel.
Min. Gurgel de Faria - 5ª Turma do STJ - un. - j. 17/03/2017)."
Assim, caminha o estado de direito no Brasil. Um juiz medíocre, com uma sentença medíocre feita com base na dedução ou em direito comparado, ignorando a jurisprudência do país.
Mas em tempo não dá para deixar de notar a mudança de atitude de Moro e da Lava Jato. Ele tenta se defender da acusação de parcialidade, ataca o juízo, não decreta a prisão preventiva, que ele deixa para a instância superior. Os dias de Moro como herói parecem estar no fim.


É um país composto por um povo infantil ou doente.

Um país em que se fecham os olhos para troca de dezenas de deputados na CCJ, distribuição de bilhões e reais em emendas parlamentares para alimentar a política de curral eleitoral e a nomeação de centenas de indicados de parlamentares para cargos comissionados com a única justificativa de garantir vitória política do presidente no parlamento;
Um país formado majoritariamente por pobres (inclusive os da classe média) que celebra a decisão de um juiz de primeira instância em condenar um ex-presidente igual a toda elite político, exceto, por ser identificado como porta-voz dos pobres;
É um país composto por um povo infantil ou doente.

Emerson Urizzi Cervi

1841: Segunda Convenção Londrina sobre Império Otomano


No dia 13 de julho de 1841, as potências europeias assinaram um acordo que proibia navios não turcos de navegar pelos estreitos de Dardanelos e de Bósforo.

                                         Türkei Istanbul (DW/S. Huseinovic)

O vice-rei do Egito, Mohammed Ali, levou em duas ocasiões o Império Otomano à beira da dissolução e as grandes potências europeias a uma grave crise internacional. Em 1832, ele anexou a Síria que, como o Egito, era uma província do Império Otomano, e logo avançou com as suas tropas até as portas de Istambul.

Somente uma intervenção da Rússia salvou o governo otomano de uma derrota completa. Em consequência, a Turquia tornou-se praticamente um protetorado da Rússia, que assegurou então aos seus navios de guerra o direito de atravessar os estreitos de Bósforo e de Dardanelos, o que era tradicionalmente proibido aos outros países.

Em 1839, voltou a ocorrer um confronto militar entre o sultão e seu vassalo infiel. E, mais uma vez, Mohammed Ali conseguiu impor-se militarmente. O diplomata prussiano Helmuth von Moltke, atuante na Turquia há vários anos, constatou na época:

"Quem acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos no Oriente não pode negar que o império turco se precipita no despenhadeiro da ruína com uma velocidade cada vez maior. Considerando as consequências imprevisíveis que um desaparecimento repentino do Império Otomano na comunidade internacional geraria, não se pode censurar a política europeia, que procura adiar o máximo possível tal catástrofe."

Faltou consenso na Europa

Enquanto Prússia, Áustria, Rússia e Inglaterra concordavam que o Império Otomano deveria ser apoiado, a França tomou o partido dos rebeldes egípcios. No segundo trimestre de 1840, as cinco potências tentaram em vão encontrar uma solução, numa conferência em Londres.

Sem apoio da França, as demais quatro potências aprovaram, em julho de 1840, a primeira Convenção Londrina, dando um ultimato para o restabelecimento do poder do sultão na Ásia Menor. Mas somente a intervenção da frota inglesa é que obrigou o vice-rei egípcio à capitulação definitiva e à retirada da Síria.
O chefe do governo francês, muito indignado com essa afronta, viu-se obrigado a ameaçar as outras potências com guerra, por pressão da opinião pública. Contudo, a ameaça era militarmente pouco realista. A França não teria condições de enfrentar sozinha as quatro outras potências no campo de batalha. O rei francês Luís Felipe 1º demitiu seu chefe de governo pouco depois e cedeu na questão.

Sem a participação da Turquia

Em julho de 1841, chegou-se então a um consenso entre todas as potências europeias na Segunda Convenção Londrina, que regulava também a questão dos estreitos marítimos:

Artigo 1º: Sua Alteza o Sultão declara de sua parte que está firmemente decidido a manter no futuro o princípio básico fixo e imutável como velha regra do seu império, por força do qual é proibida em qualquer época aos navios de guerra das potências estrangeiras o cruzamento dos estreitos marítimos de Dardanelos e do Bósforo, e enquanto o governo turco encontrar-se em paz, Sua Alteza não permitirá a entrada de nenhum navio de guerra estrangeiro nos citados estreitos marítimos. E Suas Majestades o imperador da Áustria, o imperador da Rússia, o rei dos franceses, a rainha da Grã-Bretanha e o rei da Prússia unem-se para observar esta resolução do Sultão e para preservar a conformidade com o princípio básico acima mencionado…

Com isso, foi atribuído oficialmente à Turquia o papel de guardiã dos estreitos marítimos. Porém, as duas convenções londrinas, ambas aprovadas sem a participação do governo turco, deixaram uma coisa clara: o antes poderoso Império Otomano tornara-se um fantoche nas mãos das potências europeias.

Mas também as relações de força entre as grandes potências haviam se alterado. A influência russa em Istambul foi enfraquecida pelo documento; a Turquia passou a buscar cada vez mais o apoio da Inglaterra. O bom entendimento entre britânicos e franceses ficou prejudicado, e a reputação da França sofreu arranhões, por seu comportamento durante a crise.

Autoria Rachel Gessat (am)



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Eles fazem o que Querem e os Bobos só olham


Esta frase é de minha irmã de 84 anos, que viveu as agruras da ditadura militar. Ela se referia ao que permitimos que o Senado fizesse ontem aprovando a Reforma Trabalhista e hoje o Príncipe da República de Curitiba condenando sem provas o Presidente Lula. Este Príncipe aliás, vem fazendo isto não é de hoje, nem só com Lula.
Nós os bobos, assistimos quietos, amedrontados, olhando estupefatos os resultados de uma votação que abole qualquer direito trabalhista e as decisões de um judiciário que não respeita a constituição, que faz o que quer.
Será que haverá futuro
possível para um povo que se vitimiza diante da história, que não enfrenta sua própria destruição?
Nosso passado colonial não pode explicar tudo. Somos mesmo um bando de bobos diante da história que nos relega à miséria, à fome, ao desemprego, ao trabalho duro e sem direitos.
Que assim seja para os que assim querem, eu de minha parte digo não e estou pronto pra luta. E você?
A Condenação de Lula
As Vezes é melhor ser Irado, abrir mão de toda a paciência
Ver o melhor e mais respeitado Presidente deste brasil ser condenado sem provas por um juiz de primeira instância, assim como qualquer outra pessoa, é demais para a minha noção de justiça. Acho ótimo que isto esteja acontecendo porque revela de vez a que e a quem serve a justiça no brasil. Moro não é excessão, é regra.
Com todas as provas possíveis Rocha Lores (o carregador de mala) está solto, Aécio está belo e faceiro votando contra os trabalhadores, Perrela que se auto intitulou traficante está na mesma do Aécio, o temeroso comprando votos na câmara para não ser processado, Fernando Henrique proprietário de um apartamento na Av. de Foche em Paris um dos endereços mais caros, senão o mais caro do mundo. Nada acontece para essa gente, povo de muita sorte, acima de qualquer suspeita.
Os bocós que compraram corsinha usado na abundância do Governo Lula estão comemorando a condenação. Não diria que são analfabetos políticos, nem eles nem os paneleiros, são todos fascistas, prontos para votar no bolsonaro na próxima eleição.

Não tenho pena dessa gente, quero mais é que percam seus empregos e os que continuarem trabalhando que não tenham horário para almoço e usem fralda para não serem descontados por terem ido ao banheiro; não tenho nenhuma compaixão. Ranjam os dentes, se desesperem, mas por favor não se queixem pra mim. Não moverei uma palha para defende-los, porque consentem com a injustiça quando não a praticam.

Jose Miguel Rasia
Otto Leopoldo Winck

Tem gente que comemora condenação sem provas. Tem gente que comemora perda de direitos trabalhistas. Tem gente que comemora entrega do patrimônio público. Tem gente que comemora pobre na rua. Tem gente que comemora linchamento. Tem gente que comemora estupro...

Olha, tem muita gente estúpida no mundo

Condenação de Lula acirra clima de guerra na política, dizem especialistas

12/07 às 17h01 - Atualizada em 12/07 às 17h03

Cientistas políticos comentam como fato vai afetar disputa presidencial de 2018

Jornal do Brasil

Rebeca Letieri

 “É uma condenação anunciada”, disse o cientista político Geraldo Tadeu, da IUPERJ, sobre a condenação a 9 anos e seis meses de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo juiz federal Sérgio Moro. “É a condenação do maior líder da legenda. Isso acaba, de certa forma, repercutindo e caindo de forma negativa sobre o partido. Mas é preciso aguardar, porque o Lula irá recorrer em liberdade, e ele pode partir ainda mais para o confronto”, acrescentou o cientista político Cristiano Noronha. A sentença, divulgada nesta quarta-feira (11), prevê recurso no TRF. Até julgamento em segunda instância, Lula ficará em liberdade.

Ricardo de Oliveira, cientista político da UFPR, também acredita no acirramento do confronto, e critica Moro, afirmando que a condenação pelo juiz revela a “instrumentação politiqueira da Lava Jato”: “Só vai acirrar ainda mais os ânimos e desacreditar ainda mais as instituições. Eles estão passando a mensagem de que não há mais democracia no Brasil, e isso só piora a crise que o sistema já vive, com as denúncias contra o [presidente Michel] Temer, a liberação do Aécio [Neves] e do [Rodrigo] Rocha Loures, mostrando que ainda existe uma casta privilegiada no país, que usa as instituições de maneira aparelhada”, completou.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) retornou às atividades do Senado no início do mês, após a decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a ação que havia afastado o tucano do cargo, denunciado pelos crimes de corrupção e obstrução de justiça, no âmbito das delações de executivos da JBS e que envolvem também o presidente Michel Temer.
No caso de Loures, o ministro do STF, Luiz Edson Fachin, mandou soltar o ex-deputado e ex-assessor do presidente, que havia sido preso no começo de junho, após ser flagrado em filmagem da Polícia Federal recebendo de um executivo da JBS uma mala com R$ 500 mil que, segundo os investigadores da Lava Jato, era dinheiro de propina.

Sérgio Moro condena Lula a 9 anos e seis meses de prisão
A sentença do juiz Sergio Moro é a primeira contra o petista no âmbito da Lava Jato. Na ação, Lula é acusado de ter se beneficiado de dinheiro desviado da Petrobras na compra e reforma do tríplex no Guarujá. Moro, porém, absolveu o ex-presidente no caso do armazenamento e transporte do acervo presidencial.

“Entre os crimes de corrupção e de lavagem, há concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e seis meses de reclusão, que reputo definitivas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Moro.
Se a condenação for confirmada em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal (TRF), Lula será preso e pode ficar inelegível.

O juiz acrescenta ainda “considerando que a prisão cautelar de um ex-Presidente da República não deixa de envolver certos traumas”, aguardará o julgamento pela Corte de Apelação antes de aplicar a sentença. “Assim, poderá o ex-Presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade”, disse.


Para Ricardo, a decisão de Moro em não prender o ex-presidente é uma forma de amenizar o conflito. E acrescenta: “Essa decisão do Moro sem nenhuma prova, apenas joga mais água no moinho do confronto, no qual por um lado alguns são soltos com provas, e por outro, condena Lula no caso de um triplex que nunca foi dele. É um absurdo do ponto de vista jurídico e apenas mostra um ativismo ideológico dos operadores, que deixaram de ser juízes para serem ativistas partidários”.

Em sua sentença, Moro destaca: "Em síntese e tratando a questão de maneira muito objetiva, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está sendo julgado por sua opinião política e também não se encontra em avaliação as políticas por ele adotadas durante o período de seu Governo. Também não tem qualquer relevância suas eventuais pretensões futuras de participar de novas eleições ou assumir cargos públicos."

Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição de 2018.
Geraldo explica que do ponto de vista jurídico, não significa que a candidatura de Lula esteja comprometida, por enquanto. Lembrando que só uma condenação em segunda instância vai impossibilitá-lo de concorrer à presidência em 2018.

“Por outro lado, politicamente é um fato importante porque retira do Lula e do PT o argumento de que não há condenação nenhuma. Então de alguma maneira isso empata o jogo político. Se sobre outros candidatos pesam condenações em primeira instância, a partir de agora pesa sobre o Lula também. Isso, com certeza, em um processo eleitoral, ainda que não esteja concluído em definitivo, vai pesar. E os adversários do ex-presidente vão utilizar esse argumento”, completou o especialista.

Para o cientista político, o PT vai insistir na retórica do golpe. A intenção é tirar o “caso Lula” dos escândalos de corrupção no Brasil e colocá-lo no caso de um golpe político. Cristiano faz coro a Geraldo, e reforça:

“Muito provavelmente, o PT vai ficar enfatizando a ideia de que o ex-presidente está sendo injustiçado, e que isso é parte da estratégia de tirar Lula da disputa eleitoral em 2018. Em primeiro momento, essa decisão do Moro intensifica o discurso interno do PT”, disse.

Ricardo destaca que existe um cronograma dos fatos. “Como Moro é um ativista, ele manipula as datas de acordo com o cálculo político e escolheu hoje em função desses fenômenos: o dia seguinte da votação trabalhista, e o dia da votação contra Temer no CCJ. O Moro sempre teve lado e interesse. Isso está mais do que claro agora”, finalizou.



O Deputado Paulo Abi-Ackel, do PSDB-MG, novo relator, é a cara do atual nepotismo do PSDB. Próximo de Aécio Neves, o da carreira brilhante, Paulinho é filho do Ministro da Justiça da ditadura militar, Ibrahim Abi-Ackel, eternizado na música sempre atual, "Alvorada Voraz", pelo escândalo das joias, que denunciava a corrupção naquele período. Paulo Abi-Ackel foi da Juventude do PDS e hoje, na CCJ, ainda apontaram a colaboração do pai na elaboração do relatório defendendo o golpista e criminoso Temer. O PSDB simplesmente se juntou não somente ao PMDB, mas ao DEM para recriarem o velho bloco golpista, sem vergonha e sem votos da antiga ARENA ! Se os partidos de apoio ao golpista e criminoso Temer não tivessem mudado a composição da CCJ, a situação teria perdido a votação. Revolução !

RCO

sexta-feira, 7 de julho de 2017

expressões espanholas

Hablar por los codos______________Literalmente: falar pelos cotovelos. Outra forma de dizer que alguém fala muito ____________ é no calla ni debajo del agua, que significa literalmente alguém que não se cala nem debaixo d’água. E sim, ele geralmente se refere à mim: "Cristina fala pelos cotovelos, não se cala nem debaixo d’água!".

Estar piripi____________Literalmente: estar trilili________sob o efeito do alcool

Mucha mierda_____________Literalmente: muita merda (em português: merda para você)!

Ponerse las pilas____________ quando alguém está perdido, muito devagar, não entendendo o assunto da conversa ou não entendendo uma piada. Quem não precisa de algumas baterias de vez em quando?Nota da tradução: Seria o equivalente ao nosso "se liga".

Echar una mano_____________Literalmente: dar uma mão. Echar una mano significa, como em português, ajudar alguém. Por isso, temos também uma segunda expressão dar la mano y tomar el brazo, o equivalente ao dar a mão e pegam o braço. Bom, agora você sabe o que isso significa, então não o faça.


Dejar plantado / dar plantón___________Literalmente: deixar alguém plantado / dar plantão

Fonte Babbel

1807: Assinada Paz de Tilsit, auge do reinado de Napoleão


No dia 7 de julho de 1807, o Tratado de Tilsit (em referência à cidade que ficava na Prússia) marcava o fim da Quarta Guerra de Coalizão entre a França e a Rússia e, dois dias mais tarde, entre a França e a Prússia.


Napoleão Bonaparte não imaginava que a Prússia algum dia ousasse enfrentá-lo sozinha: ele jamais poderia contar com tanta imprudência. Desde que se tornara comandante geral do exército francês, em 2 de março de 1796, sofrera uma única derrota, em agosto de 1798, ao enfrentar o almirante inglês Horatio Nelson.

Nos sete anos seguintes, as tropas napoleônicas colecionaram uma vitória após a outra e conquistaram todo o continente europeu. A derrota arrasadora imposta em Austerlitz ao exército russo-austríaco, numericamente superior, na Batalha dos Três Imperadores a 2 de dezembro de 1805, confirmara definitivamente a supremacia militar da "Grande Nation".

"Libertação" da Europa

A França pretendia "libertar" a Europa, dizia Bonaparte. Após sua coroação, em 2 de dezembro de 1804, ele restabelecera a monarquia em seu país, mas seguia propagando os ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade. Aos povos italianos, por exemplo, prometeu que viria para romper os grilhões. "O povo francês é amigo de todos os povos. Só fazemos guerra contra os tiranos que os oprimem", dizia.

Napoleão modernizou a Europa. O "Code Civile" – também denominado "Código Napoleônico" – garantiu de forma pioneira os direitos individuais. Mas os renanos e os belgas perceberam desde o início das guerras napoleônicas que os franceses não os libertavam de forma altruísta da escravidão feudal: eles também impunham pesados impostos para cobrir gastos militares, desorganizavam os exércitos locais e desvalorizavam as moedas nacionais.

O acordo de paz de Pressburg custara à Áustria enormes perdas territoriais. Apesar de cortejada pela França, a Prússia permanecera neutra durante o conflito. Após a guerra, Napoleão começou a pressioná-la diplomaticamente, exigindo o reconhecimento do Rio Reno como "fronteira natural" entre os dois reinos.

Missão suicida

O rei Frederico Guilherme 3º da Prússia deu um ultimato às tropas francesas para que se retirassem do território alemão no lado leste do Reno. Convencida da sua força, a Prússia partiu isoladamente para o confronto com o poderoso adversário, numa missão praticamente suicida.

Em represália, as tropas napoleônicas invadiram a Turíngia. As batalhas de Jena e Auerstedt foram catastróficas para o exército prussiano. Treze dias mais tarde, Napoleão tomou Berlim. Frederico Guilherme 3º fugiu para a Prússia Oriental, de onde deu continuidade à guerra, com o apoio da Rússia.

Mas os franceses derrotaram também o exército do czar na batalha de Friedland, a 14 de junho de 1807. Depois de fracassar no confronto militar, a Prússia ainda sofreu uma derrota completa no campo diplomático, entre 7 e 9 de julho de 1807.

No dia 7 de julho, o Tratado de Tilsit (em referência à cidade que ficava na Prússia, na região de Kaliningrado, hoje Rússia) marcava o fim da Quarta Guerra de Coalizão entre a França e a Rússia e, dois dias mais tarde, entre a França e a Prússia. Em consequência da série de derrotas, a Prússia foi ocupada pelas tropas francesas.

Napoleão dividiu o continente europeu em duas partes, concedendo à Rússia liberdade de ação contra a Suécia e a Turquia. Graças à intervenção do czar Alexandre 1º, a Prússia não foi riscada do mapa, mas perdeu 2,7 milhões de milhas quadradas do seu território e 5 milhões de habitantes, que passaram a integrar o reino da Vestfália, governado pelo irmão de Napoleão, Jérome Bonaparte. À França coube o recém-criado ducado de Varsóvia, em união com a Saxônia.

Com Tilsit, Napoleão chegava ao auge do seu reinado, enquanto a Prússia batia no fundo do poço, depois de 100 anos de ascensão. O governador de Berlim, conde Schulenburg-Kehnert, fixou num cartaz o código de conduta adequado à época: "O rei perdeu uma batalha. Agora, a primeira obrigação civil é manter a calma".

Coligação europeia

Mas Napoleão queria mais. O fim das guerras era imprevisível. Os acordos de paz de Campo Formio (1797), Lunéville (1801), Amiens (1802), Pressburg ou Tilsit não passavam de tréguas: a meta do imperador francês era conquistar o mundo. Mas ele fracassou às portas de Moscou, em 1812.

A Prússia aproveitou a derrota para realizar reformas políticas internas, que derrubaram o absolutismo e viabilizaram a consolidação de um moderno Estado constitucional. Junto com a Rússia, a Áustria, a Inglaterra, a Suécia e a Baviera, formou uma coligação europeia contra Napoleão.

O esgotado exército francês foi derrotado na Batalha dos Povos, nos arredores de Leipzig, em outubro de 1813. No Congresso de Viena, em 1815, a Prússia ressurgiu como grande potência e restabeleceu-se na Europa um equilíbrio de forças, ainda que frágil.

Autoria Frank Gerstenberg (gh)

Palavras-chave 07/07/1807, paz de Tilsit, Napoleão

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domingo, 2 de julho de 2017

Das Nothend



»Ich muß zu Feld, mein Töchterlein,
Und Böses dräut der Sterne Schein,
Drum schaff du mir ein Notgewand,
Du Jungfrau, mit der zarten Hand!«

»Mein Vater! willst du Schlachtgewand
Von eines Mägdleins schwacher Hand?
Noch schlug ich nie den harten Stahl,
Ich spinn und web im Frauensaal.«

»Ja, spinne, Kind, in heil’ger Nacht,
Den Faden weih der höllischen Macht!
Draus web ein Hemde, lang und weit!
Das wahret mich im blut’gen Streit.«

In heil’ger Nacht, im Vollmondschein,
Da spinnt die Maid im Saal allein.
»In der Hölle Namen!« spricht sie leis,
Die Spindel rollt in feurigem Kreis.

Dann tritt sie an den Webestuhl
Und wirft mit zager Hand die Spul;
Es rauscht und saust in wilder Hast,
Als wöben Geisterhände zu Gast.

Als nun das Heer ausritt zur Schlacht,
Da trägt der Herzog sondre Tracht:
Mit Bildern, Zeichen, schaurig, fremd,
Ein weißes, weites, wallendes Hemd.

Ihm weicht der Feind wie einem Geist:
Wer böt es ihm, wer stellt’ ihn dreist,
An dem das härteste Schwert zerschellt,
Von dem der Pfeil auf den Schützen prellt!

Ein Jüngling sprengt ihm vors Gesicht:
»Halt, Würger, halt! mich schreckst du nicht.
Nicht rettet dich die Höllenkunst,
Dein Werk ist tot, dein Zauber Dunst.«

Sie treffen sich und treffen gut,
Des Herzogs Nothemd trieft von Blut;
Sie haun und haun sich in den Sand,
Und jeder flucht des andern Hand.

Die Tochter steigt hinab ins Feld:
»Wo liegt der herzogliche Held?«
Sie find’t die todeswunden zwei,
Da hebt sie wildes Klaggeschrei.

»Bist du’s, mein Kind? Unsel’ge Maid!
Wie spannest du das falsche Kleid?
Hast du die Hölle nicht genannt?
War nicht jungfräulich deine Hand?«

»Die Hölle hab ich wohl genannt,
Doch nicht jungfräulich war die Hand,
Der dich erschlug, ist mir nicht fremd,
So spannt ich, weh! dein Totenhemd.«

A cota de malha

– Filha, eu vou para a batalha;
No céu atina a má estrela:
Quero uma cota de malha
De tuas mãos de donzela.

– Pai, estarias seguro
Pelas mãos de uma mocinha?
Não sei forjar ferro duro;
Só entendo de agulha e linha.

– À noite, oferte o tecido
Ao Inferno! E com arremate,
Eu estarei protegido
Nesse cruento combate.

Lua-cheia em noite santa,
E sozinha ela urde a trama:
– Invoco o Inferno! E se espanta:
O fuso gira e se inflama.

Quando ela retira a linha
Daquele tear terrível,
Ele torna e redemoinha
Como por mão invisível.

Tão logo a armada se arranca,
O duque salta à vanguarda:
Sob a sua heráldica branca,
A cota de malha guarda.

Dele o inimigo se afasta;
Contra ele ninguém avança.
Despedaçando toda a hasta,
Quebra seta, sabre e lança.

E um infante o atalha no ato:
– Pára, homem sanguinolento!
De nada vale teu pacto:
É desfeito o encantamento.

A refrega os incendeia.
Eis rasgada e tinta a cota…
E ambos rolam pela areia,
Amaldiçoando a derrota…

A filha invade o sangrento
Campo. – Onde, o Duque? E depois,
Reconhece com lamento
A pugna horrenda dos dois.

– Minha filha, tu forjaste
A cota como as demais?
O Inferno não invocaste,
Ou não tens mãos virginais?

– Invoquei o Inferno, mas
A mão que teceu tua malha
Pertencera a esse rapaz…
Pai, eu teci tua mortalha!
Johann Ludwig Uhland
Wagner Schadeck é poeta e tradutor.

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