No dia 28 de julho de 1794, o revolucionário francês
Maximilien de Robespierre foi guilhotinado, após boatos de endurecimento da Lei
do Terror. Sua morte marcou o começo da última fase da Revolução Francesa.
Paris Place de la
Concorde (picture-alliance/dpa/M. Tödt)
"Os reis, aristocratas e tiranos, independentemente da
nação a que pertençam, são escravos que se revoltam contra o soberano da Terra,
isto é, a humanidade, e contra o legislador do universo, a natureza",
declarou em 24 de abril de 1793 Robespierre, uma das figuras mais importantes
da Revolução Francesa.
O jovem advogado Maximilien François Marie Isidore de
Robespierre (1758-1794) pretendia mudar o destino da França. Desde o início de
sua carreira política, destacou-se pela firmeza e pela forma radical de
defender suas ideias. Influenciado por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele
pleiteava um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em
bases democráticas. "O indivíduo é nada; a coletividade é tudo",
afirmava, lembrando o famoso Contrato Social de Rousseau.
Político "incorruptível"
Robespierre ajudou a fundar e foi líder do Partido Jacobino
na Convenção Nacional (parlamento francês de 1792 a 1795). Seus discursos
captavam o espírito da França revolucionária. "É natural que o bom senso
avance lentamente. O governo viciado encontra nos preconceitos, nos costumes e
na educação dos povos um poderoso apoio. O despotismo corrompe o espírito
humano a ponto de ser adorado e, à primeira vista, torna a liberdade suspeita e
terrível", afirmara no discurso Contra a Guerra.
Os ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e
fraternidade – compunham seu slogan predileto. Robespierre tornou-se famoso
como político sério e "incorruptível". Seu objetivo era eliminar oa
privilégios e instituições do Antigo Regime. Ele propagou ideias
revolucionárias para a época, como o sufrágio universal, eleições diretas,
educação gratuita e obrigatória, e imposto progressivo segundo a renda.
"Os habitantes de todos os países são irmãos; os
diferentes povos devem se apoiar mutuamente como cidadãos de um Estado. Quem
oprime uma nação declara-se inimigo de todas as nações. Quem faz guerra contra
um povo, para impedir o progresso da liberdade e sufocar os direitos humanos,
deve ser perseguido por todos os povos. Não apenas como inimigo comum, mas como
assassino rebelde e bandido."
A lei da guilhotina
Proclamada a república, em 1792, Robespierre mostrou sua
nova face. Não hesitou muito para selar o destino do rei, aprisionado por
revolucionários. Luís 16 foi julgado, condenado e, a 21 de janeiro de 1793,
decapitado na guilhotina. Robespierre justificava o reinado do terror, o qual
"nada mais é do que a justiça rápida, violenta e inexorável. É, portanto,
uma expressão da virtude".
A pretexto de defender a revolução, os jacobinos instalaram
um regime de terror na França em 1793-1794. Sob o comando de Robespierre, a
Constituição foi suspensa e foram criados o Comitê de Salvação Pública e o
Tribunal Revolucionário. Esses órgãos descambaram depois para a conspiração e
execução na guilhotina de membros do próprio partido jacobino, como
Georges-Jacques Danton (1759-1794), confundindo inimigos e aliados.
A guilhotina funcionava sem parar. Com a ameaça de morte
pairando sobre todos, deputados moderados da Convenção Nacional tramaram a
prisão de Robespierre e seus colaboradores mais próximos. Em 28 de julho de
1794, deram aos ilustres prisioneiros o mesmo destino que estes haviam dado ao
rei Luís 16: a guilhotina.
De um despotismo para outro
Robespierre havia assumido poderes ditatoriais. Calcula-se
que o terror jacobino causou dezenas de milhares de vítimas, entre elas o
químico Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794). Em apenas 49 dias, mandou-se
executar 1.400 pessoas. No final, o terror engoliu os terroristas. Um ano após
a morte de Robespierre, a França obteve um novo governo, comandado por cinco
"diretores".
O chamado Diretório representou o fim da supremacia e do
terror dos jacobinos. Em 1795, a Convenção promulgou uma nova Constituição,
que, segundo seu relator, Boissy d'Anglas, centrou-se em "garantir a
propriedade do rico, a existência do pobre, o usufruto do industrial e a
segurança de todos".
De 1795 a 1799, o poder foi organizado sob a forma de uma
república colegiada de notáveis, tendo o Diretório como poder executivo. Nesse
período, a França mergulhou numa nova crise econômica e social, agravada por
ameaças externas. Para manter seus privilégios políticos, a burguesia entregou
o poder a Napoleão Bonaparte, que o exerceu com o mesmo absolutismo que havia
sido derrubado pela Revolução Francesa.
Autoria Catrin Möderler (gh)
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