Lembro de uma das demissões com acordo numa empresa que
trabalhei, a ideia era que eles me demitiriam (ah, obrigada, eu estava
precisando mesmo!) e isso me possibilitava receber o FGTS. Mas dentro do
"acordo" eu teria que devolver os 40% de multa que era dever da
empresa pagar ao trabalhador. Num primeiro momento aquela foi a melhor opção.
Mas é que daí eu não consegui dormir direito nos dias que se seguiram porque
achei ridículo que uma empresa do tamanho daquela me obrigasse a devolver uns
míseros dinheiros. Não devolvi. Era meu, porra! E o que isso significou?
Vergonha diante dos colegas de trabalho. Eu era quase uma fora-da-lei. Não
pisei mais lá. Não me chamaram pra freelas. Ficou muito feio na fita isso que
eu tinha feito. É assim que os caras trabalham, com a ideia de que o
trabalhador (dentro de um esquema desonesto_ o tal acordo, quando se poderia
simplesmente liberar o funcionário e pagar os seus direitos) deve sempre agir
pelo bem da empresa. Não importa se eles estejam lucrando nas tuas costas. Não
importa se o chefe era um cuzão assediador que caía em cima dos professores com
uma lábia de que eles deveriam produzir o máximo que pudessem dentro de uma
semana num esquema de pressão fodido e sempre rondando a ideia de que se não
conseguisse poderia perder cotas de correção. Não importa se a macharada
entrava e saía do comando independente de haver professoras mais competentes
pra assumir cargos importantes. As professoras, principalmente, eram exploradas
ao má-xi-mo por uma chefia que pagava, inclusive!, de defensor das minorias,
dos desvalidos, dos pobres coitados. A maioria das professoras com mestrado e
doutorado e os chefes com superior incompleto pagando de celebridade
intelectual esquerda, com um olerit que chegava quase a 30 mil pra assumir um
cargo de assediador educacional. Ah, vão se foderem, né
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