sábado, 6 de abril de 2019


Em uma sociedade moderna a ciência e a universidade possuem importante papel social ao fazerem a triagem entre verdade e mentira. No campo das ciências sociais e das humanidades as críticas das definições, formas e conteúdos são igualmente decisivos. 31 de março de 1964 foi golpe de uma parte reacionária da sociedade contra a democracia. O nazismo é de direita e sempre foi. Temer foi um dos chefes do golpe de 2016 contra a presidenta eleita Dilma e foi preso porque é culpado. Aécio Neves nunca foi preso porque apresenta capitais sociais e políticos familiares elitizados, já Lula se tornou um preso político e sem nenhuma evidência documental de crime comprovada porque é o chefe da oposição popular ao mesmo golpe. O sistema judicial e policial, o sistema socialmente real e existente no Brasil, é derivado das antigas Ordenações Filipinas, baseado em diferenças significativas entre "nobres", "peões" e "escravizados", "raça, cor e gênero", de modo que podemos entender como um helicóptero com quase meia tonelada de cocaína terá um tratamento diferenciado do jovem, negro, trabalhador de baixa renda e baixa escolaridade, morador de favelas da periferia. O papel da universidade e das ciências sociais, o papel das suas plurais comunidades científicas, é o debate sobre a verdade social e política, um intenso campo de lutas sociais e políticas. Quem reconhece a verdade e denuncia a mentira sobre a existência de golpes, de nazismos de esquerda, de terra plana, os antievolucionistas, as modernas fake news, velhas ideologias de extrema-direita, é a triagem e autoridade crítica da universidade. Não é o político, o militar, o religioso, o jurista, o jornalista, o astrólogo, o senso comum, quem definirá a verdade científica das teses, mas as bancas de professores doutores, profissionais de décadas de estudos, leituras, debates e ciência. Daí entendemos as rasas tentativas de ataques da direita ideológica anticientífica contra a universidade, contra os seus currículos, contra seus professores e cientistas, por parte de tipos analfabetos, sem diplomas, sem certificação de qualidade universitária, sem doutorado e sem critérios de excelência acadêmica, critérios para enfrentarem o duro combate cotidiano pela construção dialética, em constante mudança e transformação, das verdades sociais e políticas em metamorfose...

Ricardo Costa de Oliveira

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