(Lupe Gómez / trad. Pedro Serra)
A pornografia é a cara cortada das mulheres. É um campo
livre, onde todos corremos buscando palavras, paz e sexo. É o título do meu
primeiro livro, onde escrevo, protesto e rebento. É abrir o baú guardado da
infância e da inocência. É roubar à religião a sua parte falsa. É ir pelo
monte, buscando corpos que te amem. É rasgar as cuecas. Sermos putas que
sangram muito e de forma muito profunda na noite. Quando amam. Quando lhes
escapa o coração da caixa dos sonhos mortos. Pornografia é cuspir na cara
violada de um homem. Os homens não entendem este falar nosso e feminino, ou
lutam por entender. Eu creio nas fotos do sexo. Como creio na sinceridade da
poesia. Palavras brutais carregadas de beleza. Creio que o ser humano nasceu
para vencer o medo através do amor e do sexo. Que a história não deixou falar
as mulheres e agora deixamos de calar. Tiramos as saias e os sapatos que nos
doíam e vamos como vacas pela vida, com os olhos abertos, animais, selvagens e
por fim livres, abertas, faladoras, liberadas.
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