O número de pessoas que vejo indignadas com o desrespeito às
mulheres, aos negros e as demais chamadas minorias vem crescendo. Isso poderia
ser uma grande notícia. Mas a quantidade destas mesmas pessoas que também desrespeitam
está aumentando. Percebo através de jornais, redes sociais e meu convívio
social. Vejo pessoas indignadas com o machismo e elas próprias não respeitam o
professor, o colega de trabalho, o colega de sala, o que está em posição social
diferente, aquele que pensa diferente etc. Ao mesmo tempo, o número de pessoas
que reafirmam seus preconceitos também aumentam. O número de pessoas que
reafirmam o machismo, por exemplo, está aumentando.
A explicação para isso está no respeito seletivo. Não dá
para escolher as pessoas que você quer respeitar. Muito menos, se você escolhe
não respeitar alguém simplesmente por essa pessoa estar fazendo seu trabalho,
como é o caso de desrespeito a professores. Isso porque quando o respeito ao
próximo vira algo arbitrário, o grupo maior vai ganhar. Se existe mais
machistas que feministas, os machistas vão ganhar. E não se pode depois alegar
injustiça, pois o respeito foi consensualmente arbitrário. Ambos os lados
aceitaram respeitar quem eles acham que deve. Aí ninguém pode determinar quem
deve ser respeitado, a não ser o grupo maior ou mais forte.
Você esperneando ou não, o mundo nem sempre segue as nossas
normas. Muito menos, se não conseguimos convencer a maioria. E escolhendo quem
vamos respeitar, não conseguiremos. Não abra mão de respeitar o próximo. Esse
caminho é mais seguro para o respeito a todos os tipos de pessoas.
Thiago Melo
Crítica Autônoma
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