"O sentimento despertado pela música instrumental é
original, não imitado, ele é totalmente diferente do sentimento refletido, da
empatia, mediante a qual o espectador, ouvinte ou leitor se coloca na posição
daquele que sofre, está triste ou alegre etc. É a 'música mesma' que é alegre,
serena ou melancólica, é ela que tem um 'temperamento próprio', que não imita o
estado de alma específico de ninguém, mas é 'a angústia mesma feito coisa',
como dirá Sartre muito tempo depois; é ela que absorve inteiramente e
transforma a mente que lhe é receptiva, colocando-a no mesmo humor, no mesmo
estado de espírito, no mesmo registro de sentimento e temperamento em que está
composta."
(SUZUKI, Márcio. "O senso do belo e a máquina do
mundo". In: A forma e o sentimento do mundo: jogo, humor e arte de viver
na filosofia do século XVIII. São Paulo: Editora 34; FAPESP, 2014. p.285)
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