sábado, 14 de maio de 2016

1912: SPD conquista maioria no Parlamento do Império Alemão


Nas eleições de 12 de janeiro de 1912, o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) torna-se pela primeira vez a maior bancada do Parlamento do Império, com 34,8% dos votos, que lhe garantiram 110 deputados.
Foi uma lenta, porém contínua história de sucesso que se concretizou em 12 de janeiro de 1912. Fundado nos anos 60 do século 19, o SPD representava, principalmente, o operariado do setor industrial. O número de seus filiados duplicara ao longo de apenas uma geração.
O governo de Otto von Bismarck, o "chanceler de ferro", tentou sem sucesso conter o crescimento do partido. Durante 12 anos, todos os jornais, associações e reuniões do SPD ficaram proibidos pela "lei contra as reivindicações da social-democracia, perigosas para a coletividade". Mas, apesar da repressão e difamação, o eleitorado dos social-democratas continuou crescendo.
Onda vermelha
O Sinzinger Zeitung, jornal ligado ao governo, advertia na época:
"Funcionários e servidores públicos alemães! A onda vermelha eleva-se cada vez mais. É preciso enfrentá-la com um muro inabalável e insuperável. O núcleo desse muro deve ser a fidelidade constante ao imperador e ao Império, ao príncipe e à pátria, que vive no coração do funcionalismo público alemão. A social-democracia quer destruir o que lhes é caro nos campos religioso, cultural e econômico. No dia 12 de janeiro e no segundo turno das eleições, cada voto conta. Votem todos, mas que nenhum funcionário ou servidor público eleja um social-democrata".
Nesse tom, o Sinzinger Zeitung tentava moblizar contra a social-democracia, na véspera da eleição. Sem sucesso, porque em 12 de janeiro de 1912 o SPD obteve seu melhor resultado eleitoral durante o Império. Com quase 35% dos votos, era disparado o partido mais forte, seguido pelo centro católico, com 16,4%, e os conservadores, com apenas 9,2%.
O sucesso eleitoral dos social-democratas deveu-se a problemas políticos internos, sobretudo à latente crise econômica.
Maioria dos votos x maioria no Parlamento
Ter o voto da maioria dos eleitores, porém, não representava automaticamente uma maioria dos assentos no Parlamento, uma vez que a legislação eleitoral do império desfavorecia o SPD. Em 1890, por exemplo, o partido obtivera a maioria dos votos, mas em função das alianças dos partidos burgueses e da desfavorável divisão dos distritos eleitorais, só conquistou 35 dos 391 mandatos.
Em 1912, porém, o SPD aliara-se ao Partido Progressista, liberal de esquerda, na luta contra a lei eleitoral discriminatória, o armamentismo e a política colonial da Prússia. Essa aliança ajudou o partido a conquistar um grande número de cadeiras no segundo turno das eleições, em 25 de janeiro. Com 110 deputados, o SPD tornou-se, pela primeira vez, a bancada majoritária no Reichstag.
Poder reduzido
No entanto, mesmo como principal bancada, seu poder de influenciar a política imperial era restrito. De acordo com a Constituição, o chanceler imperial e seus ministros só deviam explicações ao imperador, e não ao Parlamento. O Reichstag só tinha poder para aprovar ou rejeitar o orçamento.
Como, além disso, o imperador podia dissolver o Parlamento a qualquer momento, a autoconfiança dos parlamentares era mínima. Os próprios deputados não escondiam sua desconfiança na instituição, como demonstrou um integrante da ala conservadora em 1910: "O rei da Prússia e imperador da Alemanha deve estar em condições de, a qualquer momento, dizer a um comandante: pegue dez homens e feche o Reichstag!"
É o que, de fato, ocorreu uma ou outra vez. Em 1906, por exemplo, o chanceler imperial Bernhard von Bülow mandou dissolver o Parlamento porque este não lhe havia liberado novos recursos para a guerra colonial contra os hotentotes na África do Sudoeste (hoje Namíbia).
Dois anos após a vitória eleitoral de 1912, os social-democratas foram confrontados com um pedido de empréstimos para a Primeira Guerra Mundial, que, desta vez, aprovaram. Com a liberação dos recursos e a renúncia a qualquer oposição durante o conflito, o SPD tentou livrar-se da imagem de partido sem patriotismo.
"As consequências da política imperial irromperam sobre a Europa como uma tempestade. Estamos diante do fato inegável da guerra. Neste momento, cumprimos o que sempre ressaltamos: na hora do perigo, não abandonamos a pátria".

Rachel Gessat/ DW


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