Após anos de proibição, em 1890 o imperador Guilherme 2º
liberou a atividade sindical. Em 17 de novembro daquele ano, líderes operários
aprovaram a criação de uma união sindical, fundada dois anos mais tarde.
No ano de 1878, o chanceler Otto von Bismarck promulgou as
chamadas leis antissocialistas, após dois atentados contra o imperador
Guilherme 1º e por temer uma revolução. Embora a validade dessa "lei
contra os perigosos propósitos da socialdemocracia" tenha sido em
princípio limitada a dois anos, sua vigência acabou por ser prorrogada diversas
vezes.
Nesse período, foram proibidas também todas as atividades
sindicais no país. Quem não podia ou não queria atuar ilegalmente, estava
fadado ao exílio. Este foi o caso de Adolph Johannes von Elm, um exemplo típico
de sindicalista social-democrata alemão do século 19. Ele emigrou para os
Estados Unidos, onde viveu por 12 anos.
Fim da ilegalidade
Em 1890, a situação política na Alemanha mudou radicalmente
em poucos meses. O novo imperador, Guilherme 2º, não estava mais disposto a
tolerar um chanceler que pretendesse dar curso a sua própria política e
promulgou, contra a vontade de Bismarck, leis de proteção ao trabalhador nos
chamados Decretos de Fevereiro. Pouco depois, a 20 de março de 1890, quando a
vigência das leis antissocialistas não foi mais prorrogada, Bismarck renunciou
ao cargo.
Com a queda dessas leis, ficou relegado ao passado o tempo
de ilegalidade dos sindicatos e das perseguições aos líderes operários. Mesmo
assim, a discriminação social era grande em relação aos sindicalistas e
social-democratas. Ainda no início do século 20, eles eram considerados na
Alemanha "cidadãos sem amor à pátria". Apesar de sua atitude, o
imperador não tinha qualquer simpatia pelo movimento trabalhista, o que ficava
claro em seus pronunciamentos.
Em 1891, Guilherme 2º discursou aos recrutas de um regimento
de guarda em Potsdam: "Há para vocês apenas um inimigo, e este é meu
inimigo. Considerando as manobras socialistas em curso, pode acontecer que eu
venha a ordenar que vocês atirem em seus parentes, irmãos ou pais. Que Deus não
permita que isso aconteça, mas se for o caso vocês têm que obedecer sem
reclamar".
Congresso de sindicalistas
O ano de 1890 foi o ano da arrancada da social-democracia e
do sindicalismo na Alemanha. Pela primeira vez na história, sindicalistas
puderam trabalhar livremente e sem medo de perseguições. Como vários outros,
também Adolph Johannes von Elm voltou do exílio e retomou suas atividades
políticas, tendo participado do primeiro congresso de sindicatos livres,
realizado em novembro daquele ano na Alemanha.
Nos anos da ilegalidade, eram pequenas representações locais
que lutavam pelos direitos dos trabalhadores. Essas associações de torneiros,
marceneiros e pedreiros, entre outros, enviaram seus representantes para o
primeiro congresso de sindicalistas, que aconteceu em Berlim. Também o
movimento das mulheres trabalhadoras esteve presente ao encontro, através de
sua representante Emma Ihrer, da cidade de Velten.
O principal ponto de discórdia girava em torno da estrutura
da futura união sindical. Questionava-se se o melhor seria continuar
trabalhando em pequenas associações locais de profissionais, ou se a melhor
alternativa seria unir-se em uma grande organização central. No dia 17 de
novembro, quando o congresso chegou a uma resolução final, os defensores da
união haviam prevalecido.
A resolução definia: "Considerando que a organização
local não corresponde mais às relações de produção e que a situação econômica
de emergência dos trabalhadores requer a concentração de todas as forças, a
conferência declara que a forma de organização centralizada apresenta-se no
momento como a correta. A conferência aconselha por isso todas as associações
locais a unirem-se à organização central em questão".
No entanto, a disputa entre centralistas e defensores das
estruturas descentralizadas não foi com isso encerrada. Dé cadas se passaram
até que fosse aceita a posição de que exatamente uma associação de
trabalhadores necessita de uma união nacional forte e unida.
Para finalizar o encontro, foi formada uma comissão, que
passou a ser responsável pela organização do próximo congresso: "A
conferência elege uma comissão de sete membros que deverá elaborar as premissas
do próximo congresso, definir seu local e data, bem como convocar os
trabalhadores para dele participarem".
Entre esses sete membros, estava o representante dos
trabalhadores em fábricas de cigarros, Adolph Johannes von Elm, e o presidente
da Associação Nacional de Torneiros, Carl Legien, que se tornaria dois anos
mais tarde presidente da primeira união sindical alemã.
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