terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
De maneira geral, homens héteros têm poucas amigas héteros
solteiras. Isso tem razões históricas devido ao tratamento inferior e
desrespeitoso que os homens prestavam e prestam às mulheres. Entre outras
coisas, isso causou o seguinte comportamento nas mulheres héteros: você
impressiona ou é pretendido para casamento, ou você não serve pra nenhum outro
tipo de relação mais íntima. Já os "príncipes" têm mais amigas que os
demais. Comparado com que fizemos e fazemos com as mulheres, isso não é nada. É
quase um "bem feito!" para boa parte dos homens. Mas superar tal
comportamento é mais um auxílio em direção a igualdade de gênero.
Thiago Melo
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Duas verdades da política que convém relembrar nos dias
atuais: governo ruim não é necessariamente governo instável e vice-versa;
governo ultra-conservador não é necessariamente anti-democrático até prova em
contrário.Reconhecer essas verdades básicas é fundamental para traçar uma
estratégia oposicionista adequada. Às vezes a democracia tem de sofrer um
choque de realidade para apreender algumas lições. Keep calm and study
political science...
Sérgio Braga
"O desemprego está aumentando. O poder aquisitivo dos
salários, diminuindo - hoje o valor médio pago na indústria é menor do que o da
China. Milhões de pessoas voltaram a ficar abaixo da linha de pobreza.
Isso não é um retrato do fracasso do governo golpista. É o
indício de que ele está conseguindo fazer o que se propôs: fragilizar a classe
trabalhadora.
O passo seguinte é a abolição das leis trabalhistas, que é o
que significa a famosa 'prevalência do negociado sobre o legislado'.
Trabalhadores fragilizados, cercados por um exército de reserva crescente,
serão compelidos a trocar direitos por emprego, na "livre negociação"
entre Golias e Davi. Lembrando: Davi só ganha na história bíblica. Fora dela,
pode apostar em Golias, que é barbada.
Para completar, a 'reforma do ensino médio' institucionaliza
o apartheid educacional no Brasil e retira dos trabalhadores até mesmo a
esperança da mobilidade social individual."
Luis Felipe Miguel
MAS DE UNA..
Cuando estamos en el señor verano del amor, es cómo estar en
el desierto del corazón.
Por eso hay que estar siempre en las primaveras universales
del Romanticismo para que no haya resequedad en las felicidades del amor y las
del corazón.
.
Un verano árido sin abono es cómo no tener sentimientos en
el alma.
Unos dirán, pero yo ando sólo y mi verano no es triste sino
desolado.
Un verano triste y desolado, pero tienes aguas que te llegan
al alma de vez en cuando a darle vida al corazón.
Y él corazón es un laberinto que sabe acumular para regar
por dentro más de una felicidad.
Maxmiliano Rios Duran
"Raduan Nassar realmente merece todas as glórias. Autor
de apenas três ou quatro livros excelentes, ganhou todos os prêmios literários
e só abre a boca quando tem algo de relevante a dizer. Esse seu estilo conciso
e sem afetação talvez seja uma de suas maiores qualidades, além da simplicidade
e completa ausência de sabujice aos poderes constituídos. Um exemplo a ser seguido
nesses tempos nada exemplares. Em vez de cultuar beleguins e
"ôtoridades" de poucas letras, a juventude deveria se mirar no
exemplo desse grande escritor, e conhecer melhor sua obra e sua vida. Depois
ainda dizem que no Brasil não existem pessoas dignas em quem devemos nos
inspirar..." (Sérgio Braga)
A institucionalidade do elitismo burocrático desnaturalizador da classe trabalhadora
Sérgio Braga______Um sociólogo norte-americano dos anos 50
já deu o diagnóstico: com o deslocamento geográfico de um segmento da classe
média intelectualizada para os "campi" universitários, um setor
importante da esquerda, que varia de numero segundo a institucionalização do
aparelho burocrático-universitário de país para país, separou sua experiência
de vida quotidiana da grande massa da classe trabalhadora. Daí que surjam
tantas palavras de ordem e arroubos radicais dos quais a massa sequer toma
conhecimento. A pergunta que se coloca é: as redes sociais agravaram esse
fenômeno, insulando ainda mais os "liberals" do restante da população
comum, ou serviram para "reconectar" as camadas médias liberais com o
duro e sofrido cotidiano do cidadão comum? Talvez esteja aí a fonte do famoso
"mal-estar" com a democracia monitorada que tantos ideólogos
sentem...
Mariana R Espinosa__________ Interessante. Acho que a
universidade federal com seus ritos, formas e status não deixa ser aquelas
pessoas que vem de classe social menos privilegiadas. Mas de uma vez presenciei
e vivenciei represarias por expressar pautas o comportamentos de classe
trabalhadora. Um detalhe que sempre reparo é que aqui não cumprimentam os
funcionários de limpeza o aqueles que estão na porta. De modo que, existe a
possibilidade de que as instituições tenham certo padrão tendem a obrigar o
coagir a quem deseje permanecer nela, um comportamento que pode ser contrário a
sua própria classe.
O Monitor Legislativo
Sérgio Braga____________O Monitor Legislativo. Pergunta
inocente: se o parlamento não tem importância no sistema político brasileiro,
como dizem muitos politólogos, por que a Odebrecht e outras empresas gastavam
tanto dinheiro com os políticos como mostram os relatórios das delações? Algum
entendido aí pode explicar? Ou os executivos da Odebrecht não entendem
patavinas de neoinstitucionalismo?
Edilson Montrose _________Pertinente. Mas acho que também
seria o caso de aferirmos o quanto de sucesso teve a Odebrecht et.al. no lobby
junto ao Legislativo: quantas leis, ou outras proposições legislativas,
conseguiram emplacar; tais leis emplacaram porque tinha apoio do Executivo? Ou
emplacaram mesmo contra o desejo deste?
Sérgio Braga____________ Edilson Montrose. A meu ver essa
tese da ausência de relevância do parlamento é uma das grandes falácias que
circulam por ai, e só se explica pela adesão de boa parte de nossos
intelectuais ao populismo explícito. Essa contagem de leis tem pouca relevância
e serve apenas para fazer levantamentos quantitativos preliminares. O
importante são "pequenas" alterações nos textos dos projetos durante
sua tramitação, como pode ser verificado pela leitura das delações. É aí que
ocorre o lobby e onde o parlamento pode impor sua vontade ao executivo, mesmo
com o poder de veto deste. Não se esqueça que a gloriosa Petrobrás, no formato
em que a conhecemos, surgiu de uma pequena emenda ao texto do PL que a criou, e
que não contemplava o monopólio da exploração. Uma pequena alteração legal,
muitas vezes imperceptível para o leigo, pode gerar diferenças colossais na
elaboração das políticas públicas ao longo do tempo. Aprendi isso com o saudoso
Goffredo Telles, mas as delações deixam isso muito claro.
Sérgio Braga ____________Dos 20 países com maior IDH e onde
os trabalhadores tem maior qualidade de vida, 19 são parlamentaristas, onde
partidos social-democratas possuem grandes bancadas ou maioria no parlamento.
Isso parece ser um mero detalhe para a maioria de nossos pensadores e
bolivarianos de esquerda e de direita....
Edilson Montrose__________ 1- Fecho com o parlamentarismo,
também me parece melhor, dá uma feição mais programática aos partidos. E isso,
para um espectro de esquerda, a qual me reivindico, considero deveras
importante. O Décio Saes tem um bom texto defendendo o parlamentarismo. 2 -
Quanto a importância somente relativa do Congresso Nacional, que é a tese dos
neo-institucionalistas, me parece que ela deriva menos de pendores populistas,
mas sim, de aferições robustas dos poderes de agenda do Executivo, bem como das
taxas de dominância e sucesso. As teses dos brasilianistas (Ames, Maniwaring)
me parecem ser um modo de encaixar a configuração do modelo institucional
brasileiro na teoria eleitoral deles, mas não me parece que dá certo. Eu tive
aula com o Limongi, obviamente que sou mais influenciado pelas teses deles e
outros neo-institucionalistas. Mas tô ligado que você e outros tem críticas
qualificadas. Vamos debater, é capaz de me convencer....hahahaha
Sérgio Braga____________ Edilson Montrose Sim, Edilson
Montrose. Eu conheço o debate. Mas há autores que criticam os Limongi por
várias vias, além do Ames e Mainwaring: taxa de atropelamento; importâncias das
emendas na tramitação dos projetos; ausência de aprovação da agenda declarada
do executivo etc.. Lula, por exemplo, durante sua primeira campanha eleitoral
disse que iria fazer quatro reformas: a) política; b) tributária; c)
trabalhista etc. etc. Para visualizar melhor o propalado "poder de
agenda" do Executivo, você pode tentar encontrar 10 propostas do PT que
foram ou não implementadas durante os 14 anos que o partido esteve no governo:
http://www1.folha.uol.com.br/.../candidatos-lula-programa... É um ótimo
passatempo para noites insones.
Edilson Montrose _____________Sérgio, óbvio que você conhece
o estado das artes do debate. Sua tese inclusive fala disso (a qual iniciei a
leitura ano passado, não terminei de ler, mas prometo fazê-lo). Mas fique
registrado: vamos cerrar fileiras em defesa do parlamentarismo.
Sérgio Braga________________ Edilson Montrose Sim, Edilson
Montrose. Mas eu deixei de fora muita coisa na tese, que não me satisfez.
Espero ter tempo de reescreve-la algum dia. Sobre o parlamentarismo, a melhor
defesa que conheço adaptada ao contexto brasileiro é a feita por Ives Gandra e
pelo Dr. Franco Montoro: https://www.youtube.com/watch?v=yOmCtyOmdHQ
Edilson Montrose____________ Ives Gandra???? Amanhã eu
assisto, do contrário terei pesadelos. Em tempo: Montoro foi bom. Desde que
nasci, 79, com certeza foi o melhor governador que SP teve no período.
Sérgio Braga ________________Edilson Montrose O Ives Gandra
é Opus Dei, mas a defesa que ele faz do parlamentarismo é bastante
interessante.
sábado, 25 de fevereiro de 2017
Rei Leopold II: O Holocausto oculto no Congo
Quando se fala em atrocidade, um nome, inevitavelmente, vem
à cabeça: Hitler! Mas, agora, outro nome se juntará à galeria dos monstros da
história da humanidade: o do rei Leopoldo II, da Bélgica. E isso graças ao
escritor polonês, naturalizado britânico, Adam Hochschild, que no livro “O
Fantasma do Rei Leopoldo”, relata uma das maiores chacinas já cometidas em nome
do poder, a mando do rei belga, quando colonizou o Congo (atual Zaire), no
continente africano. As piores atrocidades aconteceram entre 1890 e 1910, tudo
isso sem que o rei colocasse os pés na África e com o aval dos líderes
mundiais, que fizeram “vista grossa”, enquanto milhares de congoleses sucumbiam
ante a tirania do “filantrópico e humanitário” rei, que aos olhos do mundo
“apenas libertava aquele povo medieval de uma ignorância crônica, levando até
eles as benesses da civilização”.
Congo Belga, como ficou conhecido na época, foi uma das
grandes fontes de riqueza para a minúscula Bélgica, que se enriqueceu com a
venda de marfins. Outra fonte de riqueza foi a extração da borracha,
responsável pelo desaparecimento de muitas espécies de árvores nativas daquela
região.
Mas foi em outro aspecto que a tirania do rei Leopoldo mais
se acentuou: na instituição do trabalho escravo. A ordem era lucrar muito com
pouco investimento, e isso, logicamente, significava não se preocupar com a
folha de pagamento. Muitos oficiais belgas foram enviados ao Congo, após
previamente estudarem um “Manual”, onde se ensinavam as “técnicas” de como
subjugar o povo. No dizer do próprio autor, “poucas vezes a história nos oferece
uma chance como essa de ver instruções detalhadas de como executar um regime de
terror”. São muitas as atrocidades, impossíveis de serem descritas, uma delas
são as mãos cortadas. Mas, para quem pensava que no ranking dos monstros da
humanidade, Hitler fosse imbatível, uma novidade: o pódio é também ocupado pelo
rei Leopoldo II, da Bélgica, que traz em seu currículo 8 milhões de africanos
dizimados, contra 6 milhões de judeus mortos, inseridos no histórico do
austríaco.
O poeta norte-americano Vachel Lindsay traduziu bem a
impressão deixada por Leopoldo, após sua morte:
“Ouçam como grita o fantasma de Leopoldo/A queimar no
inferno por suas hostes sem mãos./Escutem como riem e berram os demônios/Lá no
inferno, a lhe cortar fora as mãos”.
FONTE: FDR
/ King Leopold's Ghost: A Story of Greed, Terror, and Heroism in Colonial
Africa, Adam Hochschild, Mariner Books, 1999
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Receita para destruir um país
O filósofo Vladimir Safatle tem uma receita infalível para
destruir o Brasil. Segundo ele, há três formas de chegar a esse resultado: a
guerra, as catástrofes naturais, e “a mais segura e certa de todas, é
entregando seu país para economistas liberais amigos de operadores do sistema
financeiro”.
Vale a pena ler o artigo. Não apenas porque é um artigo
muito bom, mas também porque quem o escreve é um filósofo que não tem medo de
falar sobre a economia. Seu exemplo deveria ser seguido por outros cientistas
sociais como sociólogos e cientistas políticos, e, mais amplamente, pelos
cidadãos letrados. A política macroeconômica hoje é uma coisa muito séria,
muito importante, para, em uma democracia, ser deixada por conta dos
economistas.
Não é preciso temer a matematiqueira que os economistas
ortodoxos usam. Se entenderem que a economia é uma das ciências sociais, e se
usarem o método histórico, os cidadãos e, em particular, os cientistas sociais
não ficarão nas mãos dos economistas que trabalham para o sistema financeiro.
Luiz Caerlos Bresser Vieira
A teoria se confirma, mas sombriamente
Um cientista se alegra quando desenvolve uma teoria que
implica uma predição e esta se confirma na prática. Em 2008 eu propus a
tendência fundamental da macroeconomia desenvolvimentista que venho
desenvolvendo desde 2001 – a tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da
taxa de câmbio. Isto significa que a taxa de câmbio se deprecia fortemente nas
crises, mas logo volta a se apreciar, o país passa a ter deficits em
conta-corrente, e alguns anos depois, devido ao contínuo aumento das dívidas
das empresas e do país, uma nova crise financeira se desencadeia, e a taxa de
câmbio novamente se deprecia.
Em 2008 a taxa de câmbio, que se depreciara fortemente na
crise financeira de 2002, já voltara a se apreciar e desde o ano anterior
estava sobreapreciada ao mesmo tempo em que o deficit em conta corrente do país
já voltara a ser grande, dada a forte correlação entre este e a taxa de câmbio.
Nos anos seguintes a tendência se confirmou, e a taxa real de câmbio, a preços
do final de 2015, flutuou em torno de R$ 2,80, quando a taxa de câmbio, que
torna competitivas as boas empresas industriais do país, era de R$ 3,80 por
dólar. Assim, a previsão se confirmou, como também se confirmou sua
consequência: as empresas, tornadas assim sem competitividade, deixaram de
investir, houve uma nova e brutal onda de desindustrialização, as empresas se
endividaram, e, no segundo semestre de 2014, o país entrou em crise financeira,
e a taxa de câmbio voltou a se depreciar. Ela chegou a R$ 4,40, mas logo voltou
se a apreciar, e hoje, a preços de hoje, quando a taxa de câmbio competitiva ou
de equilíbrio industrial é de cerca de R$ 4,00 por dólar, ela caiu
(apreciou-se) para R$ 3,00 por dólar.
Novamente a teoria se confirmou na prática. Mas não estou
alegre. O que se confirmou foi uma previsão sombria. Quando a taxa de câmbio
não é apenas volátil, mas tende a permanecer apreciada por vários anos – algo
que apenas a macroeconômico novo-desenvolvimentista afirma – o país fica
condenado a exportar apenas commodities e permanecer semiestagnado, como está
desde 1990, crescendo em média, por pessoa, 1% ao ano. Hoje o Valor publica
ampla reportagem onde as empresas industriais afirmam que essa taxa de câmbio
inviabiliza a indústria – é mais que isto, inviabiliza o Brasil.
Por que a taxa de câmbio tende a se sobreapreciar nos países
em desenvolvimento? No plano econômico, porque muitos deles sofrem a doença
holandesa, porque suas taxas de juros tendem a ser elevadas, atraindo capitais,
porque seus governos acreditam equivocadamente que o pode crescer com “poupança
externa”, ou seja, com deficit em conta corrente financiado por investimentos
diretos e empréstimos, e finalmente, porque usam o câmbio como âncora para
controlar a inflação; no plano cultural, porque os brasileiros revelam uma alta
preferência pelo consumo imediato, que é incompatível com uma taxa de câmbio
competitiva ou de equilíbrio industrial, e, segundo, porque deixaram de ser
nacionalistas, e passaram a acreditar nas recomendações e pressões dos países
ricos.
Keynes afirmou que a economia é uma ciência triste, sombria.
Tinha razão. Mas ele mostrou que através de uma boa política macroeconômica –
fiscal e monetária – seria possível superar suas previsões sombrias. Os
economistas novo-desenvolvimentistas concordam, mas acrescentam: é preciso
também uma política cambial – algo que o Brasil não tem desde 1990, quando se
submeteu ao capitalismo financeiro-rentista do Oeste, suas elites se tornaram
liberal-dependentes, e semiestagnação se tornou o novo normal .
Luiz Carlos Bresser Pereira
"É preciso ler 'Minha luta', de Hitler", diz sociólogo
Leilão fracassado de exemplares autografados traz à tona na
Alemanha debate sobre proibição do panfleto-biografia do ditador nazista. DW
entrevista especialista sobre a suposta fascinação de um texto pouco conhecido.
Minha luta (Mein
Kampf) de Adolf Hitler é o livro tabu por definição. Banido na Alemanha desde o
fim da Segunda Guerra Mundial, no último dia de 2015 ele cai em domínio público
na Europa. Assim, estaria aberto o caminho para sua reedição, comentada ou não.
No entanto, órgãos governamentais querem manter a proibição,
alegando tratar-se de um panfleto de incitação racista. Apenas recentemente o
Instituto de História Contemporânea (IfZ, na sigla em alemão) conseguiu impor
definitivamente sua intenção de lançar uma edição histórico-crítica.
O misto de panfleto e autobiografia que o futuro ditador
nazista lançou em dois volumes, em 1925 e 1926, voltou agora às manchetes.
Juntamente com outros itens hitleristas, uma casa de leilões de Los Angeles
anunciava para esta quinta-feira (26/03) a venda online de dois volumes da
primeira edição, assinados por Hitler e presenteados a um dos primeiros
seguidores de seu Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores.
A casa de leilões classificava o lance inicial de 35 mil
dólares como "um pouco cauteloso", considerando-se que um comprador
pagou 64.850 dólares por um conjunto semelhante em 2014. No entanto, a
transação não se concretizou, pois a "pechincha" não encontrou nenhum
comprador.
A Deutsche Welle entrevistou o sociólogo Horst Pöttker,
ex-docente de jornalismo da Universidade de Dortmund e professor emérito da
Universidade de Hamburgo. Para o projeto Zeitungszeugen 1933-1945, de
reprodução de matérias jornalísticas da era nazista, ele comentou trechos de
Mein Kampf, mas sua publicação, planejada para janeiro de 2012, foi sustada.
DW: Uma edição autografada do Minha luta foi leiloada em Los
Angeles, com lance inicial de 35 mil dólares. O que o senhor acha de leilões
desse tipo?
Horst Pöttker: Isso é um comércio de relíquias obsceno. Sou
totalmente contra, mas também sei, claro, que no contexto da livre economia é
impossível proibir algo assim.
O que aparentemente se pode proibir é a publicação na
Alemanha do panfleto agitador de Hitler. A partir de 1º de janeiro de 2016,
caem os seus direitos autorais. Ainda assim, em meados do ano passado, as
secretarias estaduais de Justiça alemãs decidiram seguir interditando a
divulgação do livro. O que o senhor pensa dessa decisão?
É preciso tomar cuidado com a palavra "proibir".
Não é proibido ler esse livro: pode-se vê-lo em bibliotecas. Tampouco existe
uma lei penal proibindo sua reedição. Mas há direitos autorais, e eles ficam no
nome do autor da obra por 70 anos [após sua morte].
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, os Aliados
transferiram os direitos de Mein Kampf da Editora Eher para o estado da
Baviera. Dentro de uns nove meses, o livro entra em domínio público. Se os
secretários de Justiça deliberaram proibir a reedição em alemão e na Alemanha,
eles precisam fazer uma lei que proíba a difusão. Até agora, não vi isso acontecer.
Os secretários da Justiça dizem que o crime de incitação
popular basta para impedir uma publicação. O senhor concorda que o livro contém
incitação?
Não concordo, pois, na minha opinião, esse livro é um
documento histórico. Não é um texto político atual. Podem-se declarar
anticonstitucionais textos redigidos após a entrada em vigor da Constituição: o
que foi feito antes são documentos históricos.
De resto, não considero inteiramente procedente o termo
"panfleto de incitação popular", pois, em parte, ele não é tão
incitador assim. Conhecer esse livro é útil para entender por que tanta gente
seguiu o nazismo nos anos 1930 e também 1920.
O então presidente Theodor Heuss já dizia na década de 50
que se devia publicá-lo, para que os alemães soubessem como os nazistas
pensavam e de que crimes eram capazes.
Qual é o conteúdo de Minha luta?
A argumentação que permeia o livro é a ideologia racial. Em
primeira linha, trata-se da luta entre as "raças" germânica e
judaica. A "raça judia" é, para Hitler, o principal inimigo, que cabe
combater e exterminar, em nome da autopreservação.
Portanto, já em 1925, quando ele foi lançado, se podia saber
que os nazistas planejavam exterminar a "raça judia". Até o fim da
guerra, foram impressos 13 milhões de exemplares. O argumento de muitos
alemães, depois de 1945, de que as pessoas não sabiam de nada, é, assim,
improcedente.
O Instituto de História Contemporânea de Munique trabalha há
anos numa edição comentada, que, depois de muito vaivém, possivelmente vai sair
no início de 2016. Não seria esta a solução certa, impedir edições não
comentadas, mas permitir as comentadas?
Não precisamos de uma edição histórico-crítica – muito menos
de uma que custa tanta verba pública –, porque não temos necessidade de saber o
que o autor Adolf Hitler queria dizer exatamente. "Histórico-crítico"
também significa, afinal, compreender diferentes camadas do desenvolvimento do
texto. Será que filologia textual é realmente importante, aqui? Na minha
opinião, é importante um público amplo finalmente ficar conhecendo o conteúdo
desse livro e desenvolver uma avaliação realista, criticamente fundamentada.
O senhor mesmo trabalhou há alguns anos num comentário de
Mein Kampf para o projeto Zeitungszeugen, antes que ele fosse sustado pela
secretaria de Finanças da Baviera. Qual era a intenção do Zeitungszeugen, ao
publicar o panfleto do ditador e genocida?
Deutschland Presse Zeitungszeugen Hitlers Mein
Kampf am Zeitungskiosk
Anúncio de "Zeitungszeugen": "Em breve: o
livro que ninguém deve ler. Leia-o"
Nós havíamos planejado três brochuras com excertos de Minha
luta, comentados por mim. Minha meta era esclarecer a respeito desse livro e
responder à pergunta: por que tantos alemães o compraram e leram. E por que
seguiram o que constava dele. Eu queria examinar os argumentos aparentemente
atraentes de Hitler, buscando sua pertinência, e mostrar, justamente, que eles
não são pertinentes, por só serem plausíveis no contexto de uma ideologia
brutalmente racista.
Eu temo que, no momento em que esse livro seja lançado, ele
adquira uma certa atratividade, por todos estarem munidos da falsa noção de que
se trata exclusivamente de um panfleto grosseiro, onde o mal se anuncia
imediatamente, por toda parte. Não se devia tê-lo mantido tabu por tanto tempo.
Eu queria combater isso com a publicação dos trechos e das explicações.
Em outros países, a difusão de Mein Kampf não é, em
absoluto, problemática – veja-se o leilão de uma edição autografada nos Estados
Unidos. Por que os alemães têm tantos problemas com o livro de Hitler?
Impedir que esse livro seja lido por muitos na Alemanha,
fazendo justamente uso do direito autoral, é um absurdo. Isso quase lança a
tese de que os alemães são mais seduzíveis do que outras nações. Eu, realmente,
torço para que os nossos políticos não sejam dessa opinião, mas sim que – 70
anos após o fim desse terrível regime – confiem que os alemães possuem
maturidade suficiente.
Pode-se comprar o livro por todo o mundo em traduções; com
as tecnologias digitais é até bem fácil ter acesso a elas. Não percebo o que se
pretende com a planejada proibição. Quem vem da [extrema] direita, consegue o
livro, de qualquer jeito.
Autoria Sarah Judith Hoffmann (av)
Link permanente http://dw.com/p/1EyiP
1920: Nacional-socialistas criam tropa de segurança
A tropa de segurança do NSDAP (Partido Nacional Socialista
Alemão dos Trabalhadores) foi criada no dia 12 de novembro de 1920,
transformando-se mais tarde na SA (Seção de Assalto) da organização.
Seção de assalto, suporte do terror nazista
Gritando palavras de ordem, uniformizados e usando coturnos
pesados, os integrantes da tropa de segurança do NSDAP (Partido Nacional
Socialista Alemão dos Trabalhadores, o partido nazista) marchavam pelas ruas das
cidades alemãs. Na sua maioria, eram recrutados entre os jovens desempregados,
para os quais a nova República de Weimar não tinha mais qualquer sentido.
A Alemanha tinha sido derrotada na Primeira Guerra Mundial.
O desemprego era catastrófico. Quinhentos quatrilhões de marcos estavam em
circulação, mas as pessoas não tinham dinheiro suficiente no bolso – nem mesmo
para comprar manteiga para o pão.
A situação era propícia para um demagogo como Adolf Hitler,
que pôde facilmente incutir nos jovens inseguros e insatisfeitos a sua
ideologia, da mesma forma como os convencia a vestir as camisas marrons, que
tinham sido o uniforme das tropas imperiais alemãs na África oriental. A tropa
de segurança do NSDAP foi criada no dia 12 de novembro de 1920, transformando-se
mais tarde na SA (Seção de Assalto) da organização.
"Camaradas, agora vamos juntar até a última força. O
coração tremendo, o peito erguido, o punho cerrado, o sangue fervendo. O ódio e
a raiva nos movem. Nós temos de vencer. O inimigo tem de ser derrotado. Nós nos
mantemos coesos: homem por homem", ditava o juramento de lealdade dessa
tropa armada de combate, segurança e propaganda.
Assembleias em cervejarias
O berço da posterior organização de massa nazista foi
Munique. O partido de Adolf Hitler começou a promover assembleias cada vez mais
concorridas nas cervejarias da cidade. E, como os outros partidos, necessitava
de uma tropa de segurança para fazer frente aos que perturbavam as reuniões.
Desde o seu início, a SA foi um dos suportes do terror nazista. Tumultos,
agitações de caráter antissemita, badernas na rua e em espaços fechados, lutas
contra comunistas e social-democratas e até homicídios eram as armas da
organização.
Conluios entre membros da SA e criminosos eram fatos
corriqueiros. Em 1930, um líder da organização, Horst Wessel, frequentador
assíduo da zona de prostituição de Berlim, foi assassinado a tiros durante uma
briga. A SA aproveitou a situação, transformando-o em mártir: "Vamos
vingar a morte do nosso Horst Wessel e de todos os que eles tiraram de nossas
linhas de combate. Que seu espírito nos guie, para que possamos conseguir
aquilo pelo qual eles deram suas vidas."
Em 30 de janeiro de 1933, o dia em que o idoso presidente
Paul von Hindenburg passou o poder para as mãos de Adolf Hitler, 300 mil homens
usavam as camisas marrons da SA. Daí em diante, o número de membros da
organização cresceu vertiginosamente. Mais de quatro milhões de pessoas
passaram, com o tempo, a fazer parte da maior organização de massa do Terceiro
Reich.
Último líder ativo na política até 1961
Seu tempo de glória, no entanto, já havia passado. Depois
que o novo regime se estabeleceu, as camisas marrons tornaram-se uma pedra no
caminho dos governantes nazistas. Hitler queria demonstrar seriedade e tentava
aproximar-se dos conservadores.
Nesse contexto, não era adequada uma tropa de assalto, que
dizia palavras de ordem do tipo: "Mesmo que o inimigo ainda reaja de forma
feroz e busque ajuda até do diabo; mesmo que ele se contorça como uma cobra,
cuspindo veneno. Nós não nos deixamos enganar: a tempestade começa, o dia
amanhece. Milhões de homens, que querem vencer ou morrer, apresentam-se armados
para entrar em ação."
Em 1934, Hitler mandou executar o líder da organização,
Ernst Röhm. A partir de então, a SA passou a exercer apenas um papel secundário
no sistema nazista. Seu último líder, Wilhelm Schepmann, escapou de uma
condenação pela Justiça alemã do pós-guerra. Como muitos outros colaboradores
menores do regime nazista, ele acabou trabalhando, discretamente, para o governo
de Konrad Adenauer, o primeiro eleito democraticamente na Alemanha do
pós-guerra.
Talvez Schepmann acreditasse que tinha razão. Pois, afinal,
tinha obrigado seus correligionários a jurar: "Então vai chegar de novo o
dia da liberdade, em que um novo povo ressurgirá. Canções alemãs ecoarão e as
terras alemãs serão libertadas." Ele atuou como político regional do
partido BHE, que representava os alemães expulsos da Europa oriental, e só se
retirou da política no ano de 1961, quando as críticas a seu passado se
tornaram públicas e veementes.
Autoria Gerda Gericke (sv)
Link permanente http://dw.com/p/1MXq
1920: Lançado o programa do partido de Hitler
Em 24 de fevereiro de 1920, o Partido Alemão dos
Trabalhadores apresentava um programa nacionalista, antissemita e
anticapitalista. No mesmo dia, tornou-se Partido Nacional-Socialista Alemão dos
Trabalhadores (NSDAP).
Cartão de filiação no
partido de Hitler
"Essa risível pequena criação, com seus poucos
filiados, me pareceu ter a vantagem de ainda não ter se solidificado numa
'organização'. Aqui ainda se podia trabalhar, e, quanto menor o movimento
fosse, tanto mais ele estaria apto para ser conduzido à forma certa. Aqui o
conteúdo, o objetivo e o meio ainda podiam ser determinados." Palavras de
Adolf Hitler em seu livro Mein Kampf (Minha luta).
A "risível pequena criação" mencionada era o
Partido Alemão dos Trabalhadores (DAP), no qual Hitler ingressou em setembro de
1919. Como narra o historiador Eberhard Jäckel, de Stuttgart: "Era
realmente um grupo muito pequeno e insignificante de Munique. Chamava-se então
Partido Alemão dos Trabalhadores. Hitler entrou em contato com ele apenas
alguns meses depois da fundação".
Adolf Hitler fazia parte de um comando militar que passou a
controlar Munique após o breve período de regime socialista ali instaurado por
Kurt Eisner, assassinado em fevereiro de 1919. Nesse mesmo ano, Hitler
filiou-se ao pequeno partido, fundado pelo ferroviário Anton Drexler e o jornalista
Karl Harrer. Não demorou para que assumisse a chefia do departamento de
propaganda da agremiação. Sua influência sobre o partido foi tão grande, que
escreveu de próprio punho o programa de 25 pontos, apresentado em 1920.
Reivindicações populistas
O programa exigia, em primeiro lugar, a unificação de todos
os alemães numa Grande Alemanha. Exigia a aquisição de colônias e o
cancelamento do Tratado de Versalhes, que selara a derrota alemã na Primeira
Guerra Mundial. Além disso, só teria o direito de ser cidadão alemão quem
tivesse "sangue alemão". Os não alemães não teriam acesso aos órgãos
públicos e estariam sujeitos a leis especiais.
As diretrizes socialistas do programa concentravam-se na
estatização das empresas e na exigência de participação nos lucros de grandes
firmas. No aspecto da política interna, citava apenas palavras de ordem, sem
oferecer estratégias definidas. Pregava, por exemplo, o combate "à mentira
política" ou "melhorias na saúde da população".
Em suma, um apanhado de reivindicações populistas,
apresentadas na época diante de 2 mil pessoas, na famosa cervejaria Hofbräuhaus
de Munique. Hitler aproveitou para mudar o nome da facção para Partido
Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (Nazionalsozialistische Deutsche
Arbeiterpartei – NSDAP). Da abreviatura "Nazi", pela qual passou a
ser identificado, vem o termo "nazista".
O pequeno grupo nazista começou a arregimentar elementos das
mais variadas tendências e classes sociais. O próprio partido se via como
"movimento", que representava os anseios da população. Um movimento
em que Hitler foi tomando as rédeas, até assumir a presidência, em 1921.
Dois anos depois, fracassou na tentativa de golpe que ficou
conhecida como "o putsch da cervejaria de Munique", para derrubar a
República de Weimar. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, mas só
cumpriu nove meses.
Resolveu então chegar ao poder através de eleições, e
começou a reorganizar seu pequeno partido. Na grave crise econômica de 1929, a
classe média e os industriais, temerosos do avanço do comunismo, viram a
salvação nos nazistas. Em 1930, o partido foi o segundo mais votado no país,
com 6,5 milhões de votos.
Heinz Dylong (rw)
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O grupo majoritário de políticos em Brasília que tenta fugir
da cadeia promoveu, em 2015, o impeachment de Dilma. Temer pensou que a obra
fosse ele.
O grupo majoritário de políticos em Brasília que tenta fugir
da cadeia promoveu, em 2016, a manutenção ou retorno de políticos denunciados a
cargos de primeira escalão do governo. Temer pensou que o governo fosse dele.
O grupo majoritário de políticos em Brasília que tenta fugir
da cadeia articulou as eleições da presidência da Câmara e do Senado. Temer
pensou que era a ação da força política dele.
O grupo majoritário de políticos em Brasília que tenta fugir
da cadeia sustentou a nomeação do novo ministro do STF. Temer pensou que a
indicação fosse dele.
Agora, de tanto pensar que manda, Temer resolveu indicar um
ministro da justiça sem ouvir o grupo majoritário de políticos de Brasília que
tenta fugir da cadeia. Parece que Temer vai pular miudinho nos próximos dias de
folia.
A solução que ele já apresentou foi criar mais um ministério
para atender a demanda dos parlamentares descontentes com Serraglio. Nada
coerente com o discurso de moralidade do governo e de oposição à política de
troca de ministérios por apoios. Mas, isso, Temer nunca achou que tivesse mesmo.
Emerson Urizzi Cervi
Oyfn Pripetchik
(written by
Mark Warshavsky)
אױפֿן פּריפּעטשיק
Oyfn
pripetchik brent a fayerl,
un in shtub
is heys.
Un der rebe
lernt kleyne kinderlakh
dem
alef-beyz.
Zet zhe
kinderlakh,
gedenkt zhe, tayere, vos ir lernt do.
Zogt zhe
nokh a mol un take nokh a mol:
"Komets-alef:
o!"
Lernt
kinderlakh, lernt mit freyd,
lernt dem
alef-beyz.
Gliklekh is
der Yid, wos kent die toyre
un dos
alef-beyz.
ENGLISH
TRANSLATION:
At the
fireplace
(Yiddish
Translation)
At the
fireplace a little fire burns
And in the
room it's warm.
And the
Rabbi teaches little children
the
aleph-bet
See you
children-dear,
remember
dear, what you're learning
here.
Say once
again, and then once again,
"Komets-alef:
o!"
Children,
learn with happiness,
learn the
aleph-bet.
Lucky is
the jew who knows the Torah.
and the
aleph-bet.
Note: At
the end of the video are TWO POLISH JEWS paintings. "'Samuel Goldenburg
and Schmuyle' were two Polish Jews and were originally the subjects of two
separate paintings by Victor Hartman. Mussorgorsky combined the essence of the
two paintings into one movement, perhaps to emphasize a rich man/poor man
contrast. Samuel Goldenburg, probably large, well dressed and rich, is
represented by the first tune in the movement. Schmuyle on the other hand is
represented by a piercing, troubled-sounding melody, making him 'appear' to be
thin and poor." MUSSOGORSKY : PICTURES AT
Mark
Warshavsky
Mark
Markovich Warshavsky -- folk poet, was born in Zhitomir ca. 1845*, died in Kiev
in 1907. He graduated from the Kiev University and practiced law in Kiev. In
spare time Warshavsky liked to compose and sing Yiddish songs. He wrote lyrics
and music for these songs simultaneously. Assuming that his songs have no
artistic value, Warshavsky did not record them. Later, following Sholom
Aleychem's advice, Warshavsky published his first 25-song collection
"Judische Volkslieder" with Sholom Aleychem's enthusiastic preface.
Music to these songs was published shortly thereafter. Warshavsky's book was a
great success, many of his songs became very popular and were regarded as folk
songs (for example, "Der Alef-Beis", "A Brif fun Amerike",
"Der Zeide mit der Babe"). Warshavsky's songs ingenuously and
emotionally embody the motifs of Jewish folk poetry, whose spirit the author
grasped so precisely. Warshavsky's work is inseparably linked with the life of
his people, with all their sufferings and joys. People's tears ("Tsum
badekens der Kale"), and sadness ("A Yidish Lid fun Ruminien"),
pogroms ("Peisach"), poverty ("Neben Klaisel"), and
immigration ("A Brif fun Amerike", "Di shif") find a
response in Warshavsky's songs. But these sad motifs are alleviated by the
presence of special spiritual courage. Jewish hero of Warshavsky's songs is an
optimist. Suffering could not restrain their deep believe in better future,
suppress theirs joyous sense of life: "Suffer and sing". Warshavsky's
songs are warmed by touching love to the "Yidishe Gas" (Jewish
Street) with its simple way of life. Stuffy cheder, where Jewish children study
AlefBeis, Jewish wedding rituals ("Tsum badekens"), family
anniversaries ("Der Zeide mit der Babe") - all
this
cherished and familiar to the author. The language of the songs is simple and
open-hearted. It is an authentic dialect spoken in Volyn. The metre of the
verses is not always sustained, form is quite diverse, poem's structure and
rhyme is folk and gentle. Melodies are graceful, intimate and in full harmony
with the text. Sincere melody of the "A Brif fun Amerike" makes
especially strong expression. Many Warshavsky's poems remain unpublished.
* in 1840,
1845, or 1848 according to different sources.
Adopted
from the article by Noah Prilutsky (1882-1944), Yiddish linguist and
folklorist, in Evreiskaia entsiklopediia. S.-Peterburg: Obshchestvo Dlia
Nauchnykh Evreiskikh Izdanii, Brokhaus-Efron, 1906-13. Translated into the
English by Shura Vaisma""
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Cântico negro
José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos
doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis
Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra,
ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores
da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo,
ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a
mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de
Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que
viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o
espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de
todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da
sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.
Moçambique
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Muitas vezes, vejo estudantes com talento e potencial
travarem na hora de escrever. Não estou falando da procrastinação inicial. A
pessoa já desligou o Netflix, já desistiu de organizar as canetas pela enésima
vez, já largou desse facebook, está pronta para trabalhar, mas tem um bloqueio
quando vê a tela em branco. Passa horas em frente a ela e, no final, não
batucou nenhuma tecla. Ou faz com que o trabalho funcione como forma de sempre
adiar este momento.
Não sei até que ponto dar “bons conselhos” ajuda a superar a
situação – sempre que vejo a expressão, lembro da frase de La Rochefoucauld,
“os velhos dão bons conselhos porque não conseguem mais dar maus exemplos”.
Mas, de qualquer maneira, alinhavei meia dúzia dicas que podem ser úteis:
1. Pare de ler. Colocar uma pilha de textos na sua frente e
pensar “antes tenho que ler isso” é a melhor maneira de nunca escrever. Cada
texto lido aponta para novos textos, num processo que nunca acaba. É necessário
dimensionar o mergulho na literatura existente, de acordo com o tempo para
realização do trabalho, estabelecendo prioridades e lembrando sempre que o
objetivo não é uma erudição vazia (saber “tudo” o que se escreveu sobre
determinado assunto), mas construir um argumento consistente. Aqui e ali, a
própria escrita vai eventualmente exigir uma leitura adicional (a palavra
crucial da frase é “eventualmente”).
2. Prepare um roteiro. O tempo que se gasta preparando um
“esqueleto” do texto a ser escrito é amplamente recuperado depois. Um roteiro
da construção do argumento solidifica a organização das ideias e dá direção à
escrita, já que sabemos para onde estamos indo. Quem tende a ser muito prolixo
ou se perder em caminho laterais pode, junto ao roteiro, indicar quantos
parágrafos ou quantas laudas vai dedicar a cada item.
3. Atropele os detalhes. Uma armadilha frequente é parar de
escrever para pesquisar uma informação secundária. Pode ser bacana saber qual é
a proporção de mulheres na câmara baixa do parlamento de Ruanda, em que data a
cidade da Paraíba mudou o nome para João Pessoa ou o nome do meio do agente
Ethan Hunt, mas isso é realmente crucial para o desenvolvimento do seu
argumento? Se não é, deixe marcado, prossiga e pesquise depois. (Em tempo: as
respostas são 63,8%, 4 de setembro de 1930 e Matthew. Eu parei aqui para
pesquisar...)
4. Abandone o perfeccionismo. Convém aceitar logo de cara
que seu texto não vai ficar perfeito. Se eu só vou escrever se estiver
perfeito, já estou assumindo que nunca vou escrever nada. A exigência de
perfeição leva à paralisia. Em geral, enquanto estamos escrevendo, temos alguns
momentos em que achamos que somos geniais e outros, mais frequentes, em que
tudo parece imprestável. Normalmente o resultado está em algum ponto entre os
dois extremos. A palavra escrita é menos maleável, mais definitiva do que a
fala, por isso nos expõe mais. São os ossos do ofício e o único consolo é
pensar que estamos bem acompanhados: não há nenhum autor que se livre da
imperfeição.
5. Seja claro. A escrita é uma forma de comunicação; nela, a
clareza é ainda mais necessária do que na expressão oral, uma vez que o
receptor não pode interromper e pedir esclarecimentos. Infelizmente, o ambiente
acadêmico muitas vezes estimula o discurso empolado, que parece profundo quando
é apenas obscuro e confuso. A obscuridade impede o debate de ideias, porque
impede o acesso às ideias que deveriam ser debatidas. (Um grande cientista
político, James Scott, escreveu certa vez: “Sou acusado com frequência de estar
errado, mas raras vezes de ser incompreensível”.) Na verdade, esse conselho tem
pouco a ver com ficar travado na hora de escrever, mas é tão importante que tem
que ser repetido sempre que possível.
6. Escreva. O melhor caminho para superar o bloqueio é
escrever: da forma que passar pela cabeça, mesmo que depois tenha que ser
refeito de cabo a rabo. Sente na frente do computador e comece a escrever,
imediatamente. Não precisa de “inspiração”, não precisa de nenhum estado de
espírito especial: é um trabalho. Uma alternativa é estabelecer metas diárias e
se obrigar a cumpri-las (metas realistas; não adiante dizer que vai produzir a
Crítica da razão pura no final de semana). Escrever, mesmo que de forma
insatisfatória, rompe com a mistificação sobre o ato da escrita que gera o
bloqueio.
Luis Felipe Miguel
domingo, 12 de fevereiro de 2017
O que o início de 2017 mais uma vez comprova é que o Brasil
é incompatível com um governo de direita. O caos, a crise e a ingovernabilidade
na perda de salários, direitos e o aumento da corrupção também revelam que não
existe golpe de direita contra governo de direita. O General Newton Cruz não
conseguiria o golpe contra o General Figueiredo e as Diretas Já. O General
Sílvio Frota não conseguiria o golpe contra o General Geisel e a Abertura. Hoje
a extrema direita é sócia e integrante do desgoverno do temer. Bolsonaro e
outros extremistas elegeram diretamente esse bando golpista no poder. Um golpe
de direita só existe contra governos de esquerda, tipo Jango, Allende e outros.
As forças empresariais, jurídicas e políticas de direita, que apoiariam outro
golpe de direita já estão no poder e se afundando juntas. O PSDB golpista
cresceu nos ministérios, hoje com 5 e está fundido com Temer. O PSDB é para o
PMDB golpista o que o PMDB foi para o PT ganhador das eleições, um bando de
traíras querendo mais poder, com chantagens nos bastidores. Um golpe de extrema
direita contra os golpistas significaria o imediato nocaute e colapso de toda
direita, o que Newton Cruz ficou com medo no desastre do Governo de Figueiredo,
em 1984, quando a ditadura se desmoronava em todas as frentes. Temer já
fracassou miseravelmente, total insegurança jurídica e política, total
desagregação político-moral e se conseguir ser um Sarney no quinto ano, ou um
Figueiredo piorado, será muita sorte para o bloco golpista, caso não sejam
expulsos do poder pelo povo via movimentos sociais e por movimentos
redemocratizadores vindos de dentro do Estado, como a Revolução dos Cravos, de
1974.
Ricardo Costa de Oliveira
De todas as medidas perversas e reacionárias de Greca na
prefeitura, uma das mais socialmente regressivas foi a eliminação da passagem
de ônibus domingueira, com o aumento de 2,50 para 4,25. Outra verdadeira
política de expulsão dos trabalhadores e pobres do centro e dos bairros com
mais equipamentos coletivos urbanos, lazer, diversões e cultura. Os excluídos,
principalmente os negros, os mais jovens e as mulheres, que utilizavam a
domingueira, devem ficar estagnados e isolados nas periferias abandonadas e
desassistidas pelo capital, pelos governos e pela prefeitura. A violência
aumenta na falta de políticas públicas para essa juventude oprimida.
Ricardo Costa de Oliveira
Só para leitores
"Eu tomo um remédio para controlar a pressão.
Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.
Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o
'preção.'
Tô sofrendo de 'preção' alto.
O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico, já
que a consulta era salgada demais.
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico.
Sério!
Não sei mais o que é real.
Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no
banco.
Não tem mais um Real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as
coisas:
Sabe aquele carro? Esquece!
Aquela viagem? Esquece!
Tudo o que o presidente prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao
meu time:
- nas últimas.
Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala
perdida...
Entra por um ouvido e sai pelo outro.
Faz diferença...
'A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a
República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo'
'Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não
tem remédio'."
(LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO)
1945: Conferência de Ialta sela ordem do pós-Guerra na Europa
Quando a vitória já parecia certa, os Aliados se reuniram de
4 a 11 de fevereiro de 1945 na Crimeia. Aceitação de imposições de Stalin selou
fronteiras da futura Cortina de Ferro.
Konferenz von Jalta
1945 (gemeinfrei)
Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram as fronteiras
pós-guerra
Os três grandes líderes reuniram-se de 4 a 11 de fevereiro
de 1945 em Ialta, na Crimeia, após mais de cinco anos de guerra e milhões de
mortos. Praticamente já ocupada, a Alemanha não estava mais em condições de
resistir por muitas semanas. A Itália estava rendida, mas o Japão ainda
resistia no Oceano Pacífico.
Embora a Segunda Guerra Mundial ainda não estivesse
oficialmente encerrada, Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston
Churchill, considerando-se vencedores sobre os nazistas e fascistas, iniciaram
a discussão sobre a ordem internacional no pós-Guerra.
A Conferência de Ialta, às margens do Mar Negro, foi uma das
três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no
pós-Guerra (além da de Teerã, em 1943, e a de Potsdam, em meados de 1945).
Mesmo que a divisão do mundo não estivesse nos planos das lideranças aliadas
neste momento, a Guerra Fria acabou sendo uma das consequências do encontro.
Para o historiador Jost Dülffer, da Universidade de Colônia,
Ialta tinha boas chances de estipular uma nova ordem de paz no pós-Guerra:
"Foi aprovada uma declaração sobre a Europa libertada e discutiram-se
várias questões, cuja solução era apenas parcial. Por fim, eles tiveram que se
curvar aos fatos: os russos estavam às margens do rio Oder, no Leste, e os
norte-americanos na fronteira oeste da Alemanha".
Polônia, o tema mais controverso
Com relação à Organização das Nações Unidas, que estava por
ser criada, decidiu-se a composição de um conselho de segurança com direito de
veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas resolveram exigir a
"capitulação incondicional" e decidiram dividir o país em três zonas
de ocupação.
Os detalhes seriam resolvidos por uma comissão constituída
para este fim. Por pressão dos soviéticos, a única decisão tomada foi em
relação a reparações e o desmonte de instalações industriais.
A capital polonesa, Varsóvia, estava em ruínas em 1945
A Polônia foi o tema mais controverso da conferência na
Crimeia, em fevereiro de 1945. Temendo o avanço soviético na Europa Central, o
premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente norte-americano, Franklin
D. Roosevelt, planejavam para Varsóvia um governo com legitimação democrática,
escolhido através de eleições livres. Enquanto Stalin ressaltava o poder
democrático do governo por ele constituído na Polônia, os britânicos
salientavam a legitimidade do governo polonês no exílio, estabelecido em
Londres.
Churchill e
Roosevelt cederam a Stalin
As duas frentes optaram por uma solução consensual: o
governo constituído pelos soviéticos foi ampliado em alguns membros apontados
pelos aliados. A partir de junho de 1945, entretanto, o governo polonês passou
a ser dominado por membros pró-soviéticos.
Stalin ainda conseguiu impor o deslocamento da fronteira
soviética para o oeste. Afinal, o aliados ocidentais precisavam do apoio de
Moscou contra os japoneses no Oceano Pacífico. A fronteira leste da Alemanha ao
longo dos rios Oder e Neisse foi sugestão do secretário-geral do partido
comunista soviético. A nova linha divisória viria a delimitar o que mais tarde
ficou conhecido como Cortina de Ferro, dividindo o mundo durante quase 50 anos
de Guerra Fria.
Em 1946, o próprio Churchill reconheceria: "De Sczecin,
no Mar Báltico, até Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro
pelo continente. Por trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central
e do Leste Europeu. Todas as cidades e suas populações estão sob influência
soviética. Os acertos feitos em Ialta foram vantajosos demais para os
soviéticos.
Mas estas decisões foram tomadas numa época em que ainda não
se sabia que a guerra não duraria nem até o fim de 1945, num momento em que
achávamos que o conflito com o Japão persistiria pelo menos 18 meses após o
final da guerra com a Alemanha".
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1943: "Três Grandes" reúnem-se em Teerã
Churchill e Roosevelt encontram-se com Stalin em 28 de
novembro, no Irã. É combinada uma coordenação dos ataques soviéticos à Alemanha
nazista com o iminente desembarque dos aliados na Normandia.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o
presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, já haviam se encontrado
no Cairo para falar sobre a Segunda Guerra Mundial e fazer planos para o futuro
da Europa, da Turquia e do Extremo Oriente.
Antes de tentarem em vão a adesão da Turquia à aliança
ocidental contra a Alemanha nazista e de nomearem Dwight D. Eisenhower como
comandante supremo da iminente invasão da Normandia, os dois deixaram a cidade
às margens do Nilo e viajaram para Teerã. Lá, em 28 de novembro de 1943, eles haviam
marcado um encontro de três dias com o presidente da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), Josef Stalin.
Novo papel para URSS no pós-guerra
Churchill foi ao encontro do líder comunista com
desconfiança, mas Roosevelt estava convencido de que eles teriam de se arranjar
de alguma maneira com a URSS e que esse país teria um papel importante na
Europa e no mundo do pós-guerra. E isso deveria ocorrer no contexto de uma nova
organização mundial, ambicionada por Roosevelt e muitos americanos, e destinada
a assumir as tarefas da comunidade internacional fracassada. Sem os soviéticos,
tal organização seria ineficaz.
Norte-americanos e britânicos já estavam tentando há tempos
deter as invasões alemãs. Roosevelt tinha consciência de que um futuro pacífico
depois da guerra dependeria decisivamente das relações com a URSS.
Para Washington e Londres, esse futuro já estava traçado na
mensagem de Roosevelt ao Congresso em 1941, na qual ele se referiu
especialmente a quatro liberdades: de opinião, de religião, do medo e da
miséria. As duas potências ocidentais declararam essas liberdades como metas de
guerra em seu acordo conhecido como Carta do Atlântico, e acrescentaram o
direito à autodeterminação e a rejeição de conquistas territoriais por meio de
guerras.
Do ponto de vista de Roosevelt, o que fosse acertado entre
os dois aliados atlânticos deveria servir de base para um tratado com a URSS e
a China, pois só as quatro nações juntas poderiam assumir a responsabilidade de
preservar a paz no mundo.
Stalin esconde seus planos
Numa retrospectiva histórica, constata-se que essa era uma
visão fantástica, idealista. Churchill e Roosevelt encontraram em Teerã um
Stalin cordial. O chefe do Kremlin não tinha abandonado sua ideia de vitória do
comunismo, mas sabia que seu país precisava do apoio do Ocidente. A União
Soviética tinha de suportar o maior fardo da guerra, e para Stalin estava claro
que isso afetaria também seu sonho de expansão do comunismo.
Em Teerã, combinou-se, em primeiro lugar, que Moscou deveria
coordenar seus ataques contra a Alemanha com o iminente desembarque planejado
pelos aliados ocidentais na Normandia. Mas Stalin também pôde fazer algumas
exigências, indicando o que se confirmaria depois no decorrer da Guerra: ele
reivindicou a Prússia Oriental e as fronteiras que foram asseguradas à União
Soviética nos acordos com Berlim e Helsinque, em 1939 e 1940.
A ideia de uma organização não foi detalhada em Teerã. Nem
houve acordo sobre o futuro da Polônia e, no que se referia ao Irã, a
declaração conclusiva do encontro dos "Três Grandes" dizia que o
país, parcialmente ocupado, receberia sua independência de volta depois da
Grande Guerra.
Há muito, Stalin vinha fazendo planos para a divisão da
Europa e a ampliação das fronteiras da URSS. Entretanto, ele não revelou seus
planos militares aos parceiros ocidentais. O líder soviético mostrou-se, ao
mesmo tempo, muito insatisfeito com o projeto de transformar a Alemanha e uma
série de outros Estados da Europa Central e do Leste Europeu em nações
agrícolas. Stalin viu no plano uma tentativa do Ocidente de frear a expansão
soviética e, em vez disso, defendeu uma balcanização do Leste Europeu e um
enfraquecimento da França e da Itália.
Data 28.11.2016
Autoria Peter Philipp (ef)
fonte : deutsche welle
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1941: Selada aliança entre Londres e Moscou
Quando as tropas alemãs invadiram a União Soviética, em 22
de junho de 1941, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill declarou que
não estava surpreso com o rumo dos acontecimentos: ele próprio já tinha
advertido Stalin e outros sobre essa possibilidade.
Winston Churchill: "Hoje, às quatro horas da manhã,
Hitler atacou e invadiu a Rússia. Isso não foi nenhuma surpresa para mim, pois
eu já tinha advertido Stalin de maneira explícita e clara sobre o que
ocorreria. Eu o adverti do mesmo modo como já advertira outros antes. Hitler é
um monstro maligno, insaciável na sua sede de sangue e de pilhagem. É por isso
que esse filho sanguinário da sarjeta está mandando agora seus exércitos
blindados a uma nova missão de carnificina, de saque e de destruição".
Abandonando a política britânica anterior de apaziguamento,
o primeiro-ministro ressaltou publicamente sua intenção de "destruir
Hitler e todos os vestígios do regime nazista". Nada mais consequente,
portanto, que a assinatura do tratado de aliança soviético-britânico, no dia 12
de julho de 1941, com o compromisso de apoio recíproco contra a Alemanha de
Hitler.
Modificações territoriais só com aprovação dos povos
O tratado representou também uma mudança na estrutura das
alianças internacionais. Isso desagradou sobretudo aos Estados Unidos, que viam
ameaçada a futura ordem global de paz sob liderança sua e do Reino Unido, como
era almejada pelo presidente americano Franklin D. Roosevelt.
O chefe de Estado americano convidou Churchill para um
encontro secreto, sem a participação soviética, em alto-mar, diante da costa
canadense de Terranova – desprezando de forma demonstrativa a ameaça à
navegação marítima por parte dos submarinos alemães.
Após quatro dias de negociações, os dois estadistas
divulgaram em 14 de agosto uma declaração final sobre os princípios "para
um futuro melhor do mundo", conforme afirmava textualmente a chamada Carta
Atlântica.
No auge dos triunfos bélicos da Alemanha nazista na Europa,
o documento exigia que se abrisse mão de modificações territoriais sem a
aprovação voluntária dos povos afetados, defendia o direito de autodeterminação
dos povos, principalmente na escolha dos seus regimes governamentais e
propagava a igualdade de direitos no acesso ao comércio mundial e às
matérias-primas.
Até que fosse constituído um sistema duradouro de segurança,
Roosevelt e Churchill pronunciaram-se conjuntamente pela "eliminação
definitiva da tirania nazista". Eles consideraram necessário o
desarmamento de todos os países agressores que representassem uma ameaça para
os seus vizinhos.
Marco para entrada dos EUA na guerra
A Carta Atlântica, que era composta de oito pontos, foi
inicialmente apenas uma declaração de intenções sobre as metas conjuntas de
guerra e paz – sem um compromisso assegurado pelo direito internacional. Ela
também não levava em conta os interesses especiais da União Soviética, que só a
assinou com ressalvas, em setembro de 1941.
Permaneceu em aberto, além disso, a criação de uma
organização internacional de segurança. Em face de fortes correntes partidárias
de um isolamento americano, Roosevelt considerava impossível impor tal conceito
dentro dos Estados Unidos, que formalmente ainda continuavam sendo neutros.
Apesar disso, a declaração final do encontro entre Roosevelt
e Churchill representou um decisivo marco político-moral para a entrada dos EUA
na guerra. Depois que o Japão atacou a base americana de Pearl Harbor, no
Oceano Pacífico, Roosevelt pôde requerer ao Congresso que declarasse
oficialmente o estado de guerra contra o Japão: "Solicito ao Congresso uma
declaração de que, desde o ataque infundado e covarde do Japão a 7 de dezembro
de 1941, os EUA encontram-se em estado de guerra com o Império Japonês".
Durante a guerra, só no papel
Como resposta, seguiu-se no dia 11 de dezembro a declaração
teuto-italiana de guerra contra os Estados Unidos, que entraram assim
definitivamente na Segunda Guerra Mundial, lutando contra as potências do Eixo.
Pouco depois, a 1º de janeiro de 1942, uma aliança bélica de 26 países,
constituída por iniciativa americana, aderiu aos princípios da Carta Atlântica,
que se tornou assim uma parte importante da propaganda de guerra dos Aliados.
A sua realização prática, contudo, foi deixada
propositadamente de lado, a fim de não estorvar os esforços militares conjuntos.
Até março de 1945, outros 21 países aderiram a essa chamada Declaração das
Nações Unidas.
Após demorados acertos sobre uma ordem internacional de paz,
a Carta Atlântica foi incluída finalmente no catálogo das metas e princípios da
Carta das Nações Unidas, de 26 de junho de 1945. Por isto, pode-se afirmar com
razão que o seu conceito e a sua organização de um sistema coletivo de
segurança originou-se, no fundo, da coalizão internacional contra as potências
do Eixo.
Autoria Matthias Schmitz (am)
Fonte : deutsche welle
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A las estrellas
Pedro Calderón de la Barca
Esos rasgos de luz, esas centellas
que cobran con amagos superiores
alimentos del sol en resplandores,
aquello viven, si se duelen dellas.
Flores
nocturnas son; aunque tan bellas,
efímeras padecen sus ardores;
pues si un día es el siglo de las flores,
una noche es la edad de las estrellas.
De esa, pues, primavera fugitiva,
ya nuestro mal, ya nuestro bien se infiere;
registro es nuestro, o muera el sol o viva.
¿Qué duración habrá que el hombre espere,
o qué mudanza habrá que no reciba
de astro que cada noche nace y muere.
CALDERÓN DE LA BARCA
Biblioteca Digital Ciudad Seva
O MEDO DE SER LIVRE PROVOCA O ORGULHO EM SER ESCRAVO
"O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas.
Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por
gaiolas. As gaiolas são o lugar onde onde as certezas moram." Os Irmãos
Karamazov, Dostoiévski.
Há no homem um desejo imenso pela liberdade, mas um medo
ainda maior de vivê-la. Algo parecido disse Dostoiévski, ou talvez eu esteja
dizendo algo parecido com o dito pelo escritor russo. No entanto, como seres
significantes que somos, analisamos as coisas sempre a partir de uma
determinada perspectiva e, assim, passamos a atribuir-lhes valor. Dessa
maneira, até conceitos completamente opostos, como liberdade e escravidão,
podem se confundir ou de acordo com o prisma de quem analisa, tornarem-se
expressões sinônimas, como acontece no mundo distópico de George Orwell, 1984,
em que um dos lemas do partido – “Escravidão é Liberdade” – é repetido à
exaustão.
Não à toa, as boas distopias têm como grande valor predizer
o futuro. E em todas elas – 1984, Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451, Laranja
Mecânica – há um ponto em comum: a liberdade dos indivíduos é tolhida e,
consequentemente, convertida em escravidão. No entanto, através de mecanismos
sócio-políticos a escravidão é ressignificada como liberdade, de modo que mesmo
tendo a sua liberdade cerceada, os indivíduos entendem gozarem plenamente
desta.
Nas histórias supracitadas, embora a maior parte da
população esteja acomodada e aceite com enorme facilidade absurdos, existem
indivíduos que se permitem compreender as suas reais situações e ousam lutar
contra a ordem estabelecida. Esse processo é, todavia, extremamente doloroso,
uma vez que é muito mais fácil se acomodar a enfrentar a realidade e todas as
consequências dolorosas que enfrentamos invariavelmente quando decidimos sair
da caverna, para lembrar Platão.
Posto isso, há de se considerar que ser verdadeiramente
livre requer a responsabilidade de encarar o mundo sem fantasias, ou seja, tal
como ele é. Dessa forma, existe no homem grande suscetibilidade a aceitar o
irreal como real, a fantasia como verdade, a Matrix como o mundo real. Sim,
Matrix é um grande exemplo do medo que possuímos de encarar a realidade. No
personagem de Cypher (Joe Pantoliano) encontramos o maior expoente desse
comodismo, já que sendo a realidade um mundo destruído, um caos constante, é
muito melhor viver na Matrix, onde ele “pode ser o que quiser”, ainda que não
passe de uma grande mentira.
Em outras palavras, Cypher representa a ideia de que sendo a
realidade algo tão assustador, a ignorância é uma benção, pois sendo ignorante,
pode-se comprar mentiras como verdades facilmente, bem como, aceitar a Matrix
como realidade e a escravidão como liberdade.
As realidades apresentadas no mundo das artes (ficções, que
ironia), refletem a nossa própria realidade, em que, assim como Cypher, temos
preferido viver vidas fantasiosas, cercadas de superficialidade e aparências,
determinadas pelo hedonismo da sociedade de consumo e, consequentemente, o
nosso egoísmo ganancioso buscando galopantemente realizar todos os desejos que
impedem de acordarmos de um sonho ridículo.
Apesar de tudo isso, pode-se considerar que de fato é melhor
ser um escravo feliz do que um ser livre, triste, inconformado e amedrontado.
No entanto, a problemática ganha corpo na medida em que se entende que há
coisas que só podem ser feitas sendo o sujeito livre, uma vez que a gaiola é
sempre limitadora, sobretudo, aos desejos mais intrínsecos e, portanto, mais
latentes e verdadeiros no ser. Assim, por mais que a escravidão seja ressignificada,
fantasiada e “transformada” em liberdade, sempre haverá pontos em que o
indivíduo sentirá necessidade de alçar voos mais altos, os quais, obviamente,
não poderão ser realizados, haja vista a limitação das gaiolas, o que implica a
insatisfação, ainda que tardia, da condição escrava em que o indivíduo se
encontra.
Sendo assim, constatamos que “O medo de ser livre provoca o
orgulho em ser escravo”, posto que para gozar a liberdade é preciso coragem
para se arriscar no terreno das incertezas e da luta. E, assim, temos preferido
permanecer na caverna, orgulhosos das nossas sombras, já que lembrando outra
vez Dostoiévski – “As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”. Entretanto,
como disse, mais hora, menos hora, nos enxergamos e percebemos que o que nos
circunda é falso, de tal maneira que desejamos sair, correr, voar, ser livres.
O grande problema nisso é que quando se acostuma a viver em
uma gaiola, quando se é livre perde-se a capacidade de voar, pois as correntes
que nos prendem são criadas pelas nossas mentes, de forma que mesmo fora da
caverna, continuamos prisioneiros de uma mente que se acostumou a ser covarde e
preferiu acreditar na contradição de que ser escravo era o maior ato de
liberdade.
ERICK MORAIS
Um menestrel caminhando pelas ruas solitárias da vida.
fonte : © obvious:
http://obviousmag.org/genialmente_louco/2017/o-medo-de-ser-livre-provoca-o-orgulho-em-ser-escravo.html#ixzz4YUIlPGzg
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
“Pode-se medir nosso
grau de barbárie ou civilização por como percebemos e acolhemos os outros, os
diferentes. Os bárbaros são os que consideram que os outros, porque não se
parecem com eles, pertencem a uma humanidade inferior e merecem ser tratados
com desprezo ou condescendência", Tzvetan Todorov 2008.
NENHUM DIREITO A MENOS! MAIS EDUCAÇÃO, MENOS GOLPE!
A partir de hoje, cada jovem estudante do ensino médio
brasileiro terá acesso a apenas um quinto do conhecimento a quem tem direito
garantido em lei; a partir de hoje esses jovens e suas escolas viverão a farsa
do ensino em tempo integral, que atenderá a menos de 4% da matrícula e com a
manutenção das condições precárias em que se encontram suas escolas. Os jovens
das escolas públicas, a partir de hoje, estarão em condições ainda mais
desiguais de conseguir uma vaga no ensino superior; e viverão também a farsa da
formação técnica e profissional, que se dará de forma aligeirada e dissociada
da formação científica básica. A partir de hoje, os professores e professoras
do ensino médio terão que dar aulas em ainda mais escolas, para completar a
carga horária devido ao parcelamento do currículo em cinco itinerários
formativos. Em contrapartida, a partir de hoje, assistiremos ao regozijo do
setor privado com a oferta de cursos técnicos, precários, mas bem remunerados.
E com a oferta de cursos a distância que vão substituir parte da formação
presencial. A partir de hoje veremos o vale-tudo na formação de professores com
a habilitação para docência por “notório saber”, e, com isso, cada vez mais o
enfraquecimento da carreira docente. Enterra-se, na data de hoje, qualquer
possibilidade de uma educação escolar pública para a juventude brasileira,
sobretudo para aquela mais empobrecida e periférica, que já sofre com o descaso
da sociedade e do Estado. Nada a comemorar, nesta data de 08 de fevereiro de
2017, em que o Senado Federal vota a Medida Provisória 746/PLV 34/16, a reforma
do ensino médio proposta pelo governo Temer, que desfere assim um duro golpe na
educação brasileira, golpe atestado pelo parecer do Procurador Geral da
República em ação direta de inconstitucionalidade, que sustenta que a medida
provisória não atende aos pressupostos de urgência e relevância, como exige a
Constituição Federal.
Monica Ribeiro
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