Tira-me a luz dos olhos: continuarei a ver-te
Tapa-me os ouvidos, continuarei a ouvir-te
E embora sem pés caminharei para ti
E já sem boca poderei ainda convocar-te.
Arranca-me os braços: continuarei abraçando-te
Com o meu coração como com a mão
Arranca-me o coração: ficará o cérebro
E se o cérebro me incendiares também por fim
Hei-de então levar-te no meu sangue.
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“Gosta de rosas? Parece-me agora que todas as rosas do mundo
florescem para ti e graças a ti – e que apenas uma generosa renúncia tua
permite à Primavera mantê-las e fingir que são delas”
-Rilke a Lou Andreas Salomé, Correspondência.
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