domingo, 2 de setembro de 2018

O apoio de jovens à Bolsonaro


Walmir Braga Júnior_________________O apoio de tantos jovens a Bolsonaro é um fenômeno sinistro e misterioso. Penso que é uma hipótese interessante considerar que parte significativa desse jovem eleitorado é formada por quem vivenciou e vivencia mais intimamente os deslocamentos na balança do poder que ocorreram dos anos 2000 pra cá. Flagrados desse ângulo, os jovens eleitores de Bolsonaro coincidem amplamente com a chamada “geração canguru”. Não por acaso esta é formada majoritariamente por homens (60,2%), que tendem a ser mais escolarizados do que os da mesma faixa etária que moram sozinhos, e vivem sobretudo no sudeste (dados da Síntese dos Indicadores Sociais – 2016 – do IBGE). Jovens pessoas que pertencem a certas frações da classe média, e cresceram testemunhando a mudança nas relações de força entre gerações e também na sua mesma geração. Entre gerações porque, devido à inflação dos diplomas, tiveram que continuar morando com a família. Isso frustrou desejos gestados desde a infância e os fez experimentar o aumento do poder dos pais sobre eles, sendo obrigados a prolongar os estudos não por escolha, mas sim necessidade. Na mesma geração porque também foram os mais atingidos pela quebra do quase monopólio que a classe média exercia sobre o capital cultural, sendo os mais envolvidos – e sempre os mais vulneráveis – nas disputas com um outro jovem segmento. Embora pertença à mesma geração, esse segundo é seu diametral oposto, forma uma base importante de apoio as esquerdas, e se constituiu no entrelugar formado entre a classe trabalhadora e a classe média. Uma jovem geração marcada pela mescla entre as duas classes, acumulando o capital cultural recentemente acessado e um dos poucos capitais que a socialização na classe trabalhadora oportuniza: a capacidade de se esforçar árdua e obstinadamente (o que nas disputas contra todo um segmento criado a leite com pera tem lá suas vantagens). São esses recursos contra os diplomas e as redes de parentesco e amizade (ora mais amplas e diversificadas, ora menos) do primeiro segmento que, por sua vez, tem suas frustrações e angústias canalizadas no ódio orquestrado pela extrema direita contra o PT, os direitos humanos, a soberania popular, a cidadania, a constituição cidadã e a justiça social. (Ódio também alimentado por dealers, mídia e judiciário, por tudo o que fizeram assumidamente ou não nos últimos anos, e pela falta de visão de longo prazo e responsabilidade desses atores). A eleição do presidente é um episódio e não o fim de um conflito significativo para se entender o Brasil atual.

Paulo Cintra____________ Acho também Walmir Braga Júnior, que está geração ascendeu a uma classe social sem uma consciência da luta de classes, da real emancipação, apenas de olho nos bens de consumo. Além do fascínio e poder que exerce o porte de armas para os adolescentes das classes populares... apresentado pelo Bolsonaro.


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