O crepitar da resina no bosque dos abetos. O arquejo do
milho abafado no porão do navio. O murmúrio dos anfíbios na época da posta.
Bagas e mel, açafrão brilhante e pérolas. A colisão estrepitosa das galáxias. O
assovio do trem atravessando os laranjais. O adejo do ventilador na casa de
Wilsnackerstraβe. O rumor do tempo na caixa do relógio. O derramar do vinho no
cálice consagrado: a tigela cheia de espuma, o espelho e a navalha. Os guinchos
dos coelhos nas gaiolas do jardim.
Os mergulhos dos pelicanos nas águas doces. A viagem calada
do pólen pelo mar do ar. O chamariz agudo do passarinheiro. O ranger de umas
pás despedaçadas. O latido do cão quando vislumbra a presa. A viração que infla
as velas. O ricochete e o eco das contas ao se espalhar pelo chão. Cartografias
do som, matéria de harmonias ocultas, musgo do fonema, câmara do silêncio.
Joan Navarro, “Magrana | Romã”. Tradução para o português:
Veronika Paulics. (No prelo, Selo Demônio Negro).
http://zunai.com.br/…/1771547…/torre-de-babel-4-joan-navarro
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