domingo, 27 de agosto de 2017

Não perguntes


De onde vem? De que fonte
ou boca
ou pedra aberta?
É para ti que canta
ou simplesmente
para ninguém?

Que juventude
te morde ainda os lábios?
Que rumor de abelhas
te sobe à garganta?
Não perguntes, escuta:
é para ti que canta.



 De Eugénio de Andrade

Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo

Enredo: Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo

Eu vi (ai meu Deus eu vi)
O arco-íris clarear
O céu da minha fantasia
No brilho da Estácio a desfilar
A brisa espalha no ar
Um buquê de poesia
Na Paulicéia desvairada lá vou eu
Fazer poemas, e cantar minha emoção
Quero a arte pro meu povo
Ser feliz de novo
E flutuar nas asas da ilusão

Me dê, me dá, me dá, me dê
Onde você for eu vou com você

Lá vem o trem do caipira
Prum dia novo encontrar
Pela terra, corta o mar
Na passarela a girar
Músicos, atores, escultores
Pintores, poetas e compositores
Expoentes de um grande país
Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro
Malandro, bonito, sagaz e maneiro
Que canta e dança, pinta e borda e é feliz
E assim transformaram os conceitos sociais
E resgataram pra nossa cultura
A beleza do folclore
E a riqueza do barroco nacional

Modernismo movimento cultural
No país da Tropicália
Tudo acaba em carnaval...


(Intérprete: Dominguinhos do Estácio)
Uma vontade física de comer o universo
Toma às vezes o lugar do meu pensamento...
Uma fúria desmedida
A conquistar a posse como que absorvedora
Dos céus e das estrelas
Persegue-me como um remorso de não ter cometido um crime.

Como quem olha um mar
Olho os que partem em viagem...
Olho os comboios como quem os estranha
Grandes coisas férreas e absurdas que levam almas,
Que levam consciências da vida e de si-próprias
Para lugares verdadeiramente reais,
Para os lugares que - custa a crer - realmente existem
Não sei como, mas é no espaço e no tempo
E têm gente que tem vidas reais
Seguidas hora a hora como as nossas vidas...

Ah, por uma nova sensação física
Pela qual eu possuísse o universo inteiro
Um uno tacto que fizesse pertencer-me,
A meu ser possuidor fisicamente,
O universo com todos os seus sóis e as suas estrelas
E as vidas múltiplas das suas almas...


* Álvaro de Campos é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa.

L’ INVIBILITÉ



Je suis comme l' air
Se feché dans une ampoule
en verre transparent
je prends evaporé
Ressemblant qui n’a pas rien.


- pour Joseph Louis, Le JL Semeateur –

GERALDO VANDRÉ - VOU CAMINHANDO

Geraldo Vandré - Ladainha

Geraldo Vandré - Che

Geraldo Vandré - Réquiem para Matraga

Geraldo Vandré canta "Aroeira" - 1967

Alegria, Alegria - Caetano Veloso

Chico Buarque - Construção

Chico Buarque - "As Caravanas" (Vídeo Oficial)

sábado, 26 de agosto de 2017

 Nação, Estado e imperialismo europeu - A desconfiança sobre o conceito de nação e a tendência europeísta, ambas disseminadas em diversos setores da sociedade italiana, são produto de nossa história recente e não tão recente. O imperialismo italiano, entre os anos 1880 e os anos 1940, fez da Nação, na forma ideológica extremista do nacionalismo, o substrato da sua política expansionista. O Estado liberal e o Estado fascista, sem qualquer solução de continuidade entre eles, geraram uma série de guerras, das primeiras expedições coloniais em Eritréia, Somália e Líbia, à Primeira Guerra Mundial, às guerras na Etiópia e na Espanha e, finalmente, à participação desastrosa na Segunda Guerra Mundial.

DOMENICO MORO

Instituto Grabois
Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.


"Pablo Neruda"

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, .............
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
"Mário Quintana"


"Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido!"

Rubem Alves
Marx e Engels foram homens de Partido. Sempre o valorizaram como instrumento privilegiado na luta pela conquista do socialismo e nunca se prenderam, dogmaticamente, a uma forma rígida de organização. Esta deveria servir à política transformadora e não o contrário. Tinham a consciência de que as formas poderiam variar de país para país, tendo em vista as particularidades nacionais e da luta de classes. Contudo, acreditavam que este partido socialista deveria ter como princípios norteadores: ser um partido da classe operária e, ao mesmo tempo, de vanguarda desta mesma classe; um partido de ruptura com o capitalismo; um partido internacionalista; e, por fim, ser uma organização regida por normas centralistas que fossem profundamente democráticas.

AUGUSTO BUONICORE

fonte : Fundação Grabois

A censura aos professores da educação básica



Há um mantra no debate educacional do Brasil de que toda a sociedade deve participar dessa discussão. Clamam por todo tipo de opinião para superarmos os problemas da educação. Vou defender neste texto que esse tipo de ideia é o grande obstáculo para as soluções necessárias, pois acaba por eliminar do debate o principal ator: o professor da educação básica.

A variedade de instituições, órgãos e profissionais que participam do debate para a melhoria da educação brasileira é única no mundo. Participam o Banco Mundial, Unicef, ONGs, empresas, empreendedores, pastores, padres, socialites, banqueiros, professores universitários etc. Muita gente querendo dar seu pitaco. É neste “grande debate” que o professor secundarista perde a vez, já que ele é muito desvalorizado por toda a sociedade, não só pelos políticos. Essa desvalorização pode ser vista na ausência dos professores secundaristas na mídia. Peço ao leitor para tentar lembrar ou pesquisar algum colunista de jornal ou revista de grande circulação que seja professor de escola pública. Eu não conheço. Alguém lembra se algum professor da educação básica já ocupou o centro do programa Roda Viva, da TV Cultura? Nunca vi sequer participarem da bancada. Em reportagens sobre educação, dificilmente um professor da educação básica é ouvido para dar opinião e apresentar propostas. Na imensa maioria das vezes, só é ouvido para relatar violências e coisas do tipo. A apresentação de propostas só é concedida para membros de ONGs, celebridades, professores universitários, políticos, psicólogos e os ditos especialistas.

O resultado dessa espécie de censura é o desconhecimento das demandas necessárias para resolver os problemas da educação básica. Isso porque quem dita as ações educacionais não sabe nada ou quase nada do que acontece na escola e em suas salas de aula. Desconhecem, por exemplo, que a escola pública brasileira é administrada para diminuir ao máximo o trabalho de pedagogos, diretores e funcionários de secretarias de educação. E a melhor maneira de se fazer isso é jogar todas as responsabilidades para o professor. Se o aluno tira nota ruim, é mais fácil culpar o professor do que conversar com o aluno e seus pais. Imagine se os pedagogos tivessem de conversar com mais de 50% dos alunos e pais sobre notas ruins. Haja reuniões! É bem mais fácil o professor dar provas mais fáceis. Se o aluno comete indisciplinas em sala de aula, é mais fácil pressionar o professor para suportar o comportamento do aluno do que tentar discipliná-lo. Pois o diretor vai ter de marcar reunião com os pais do aluno, que podem ser muito desrespeitosos. Isso dá trabalho. Como dá trabalho também suspender alunos com indisciplinas graves. Dizem que a secretaria pode “pegar no pé”. Em todas essas situações, o ensino é deixado de lado para dar lugar a outros interesses. Aí, podem contratar os melhores professores do mundo que não darão jeito. Podem comprar tablets, diminuir as disciplinas, implantar métodos de ensino revolucionários que não vai adiantar.

É preciso que o professor secundarista seja o condutor maior da educação básica brasileira. O autor da aula é o professor. Ele é o quem mais tem contato com o aluno no tratamento do conteúdo apresentado. Assim, é ele que tem mais propriedade para apontar as dificuldades de aprendizado dos alunos e propor as medidas adequadas para garantir o aprendizado do conteúdo. Mas o que se vê são outros profissionais e cidadãos ditando as ações educacionais. E, na maior parte das vezes, falam sobre o que não sabem (conteúdo) e sobre o que não veem (atividades dos alunos).

Antes de mais nada, é preciso permitir que o professor exija que o estudante estude. Se o professor não pode cobrar leitura, exercícios e disciplina, não consegue expor conteúdos e orientar os alunos. Nessa situação, o professor não exerce sua função e o estudante não exerce a dele. Vejam que nem sua função básica a educação brasileira consegue executar. A sociedade quer colocar banco de couro em carro sem chassi. E termina por conseguir duas coisas: permitir todo tipo de maus-tratos para com o professor dentro da escola, com professores sendo sistematicamente desrespeitados e agredidos verbalmente pelos alunos, como também cotidianamente assediados moralmente por pedagogos e diretores; e deformar o intelecto e a moral dos alunos. Os alunos saem da escola analfabetos funcionais e marginais das regras e leis da sociedade.

 THIAGO MELO, professor de Filosofia da rede estadual de ensino  [28/01/2015] [22h07]

Gazeta do Povo 15 de Agosto de 2017


domingo, 20 de agosto de 2017

"Beber é uma coisa emotiva. É um ato que cria uma quebra na mesmice da rotina. Tira você do seu corpo e da sua mente e te joga contra a parede. Sinto que beber é como uma forma de suicídio em que você pode voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar, e nascer outra vez. Acho que eu vivi umas dez ou quinze mil vidas até agora."

Bukowski

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Aleluia é parente de João Doria ! Como a classe dominante brasileira é formada por grandes estruturas de parentescos políticos do atraso ! O jovem vereador de Salvador, Bahia, Alexandre Aleluia (DEM) tenta impedir a entrega do título de “Doutor Honoris Causa” ao Ex-Presidente Lula, criador e fundador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, com apoio de setores reacionários na justiça. O vereador Alexandre Aleluia (DEM) é filho do deputado federal José Carlos Aleluia (DEM), neto do coronel Nivaldo José da Costa e quinto neto de José da Costa Doria, sim, parentes do mesmo clã Costa Doria do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), descendentes do senhoriato colonial escravista nordestino. O Recôncavo Baiano era um lugar somente para engenhos escravistas agroexportadores e uma universidade, modernidade, ciência, tecnologia e cultura, sempre despertam o antagonismo de setores reacionários de direita, da velha classe dominante colonial, com mentalidade ainda colonizada e autoritária.

RCO

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Já conheço os passos dessa estrada             
sei que não vai dar em nada                       
seus segredos sei de cór                              
já conheço as pedras do caminho               
e sei também que ali sozinho                      
eu vou ficar, tanto pior
o que é que eu posso contra o encanto
desse amor que eu nego tanto
evito tanto
e que no entanto
volta sempre a enfeitiçar
com seus mesmos tristes velhos fatos
que num álbum de retrato
eu teimo em colecionar
Lá vou eu de novo como um tolo
procurar o desconsolo
que cansei de conhecer
novos dias tristes, noites claras
versos, cartas, minha cara
ainda volto a lhe escrever
pra lhe dizer que isso é pecado
eu trago o peito tão marcado
de lembranças do passado
e você sabe a razão
vou colecionar mais um soneto
outro retrato em branco e preto
a maltratar meu coração.

Juan Zapato | febrero 9, 2012 at 3:57 pm | Etiquetas: Bossa Nova, MPB, Paul Sonnenberg en el Blog de Juan Zapato, Poesía de Brasil, Tom Jobim & Chico Buarque en el Blog de Juan Zapato | Categorías: Acuarelas, América Latina, Blogroll, Bossa Nova, Chico Buarque, Música, Música latinoamericana, Paul Sonnenberg, Poetry, Tom Jobim | URL: http://wp.me/p5c8l-D7


mi abuelo lo único que hacía era afeitarse y temblar
frente al televisor.

mi padre todas las mañanas se perdía en el campo,
transformado en un punto tridimensional de la nieve.

regresaba con una sonrisa mística en su rostro y nadie
sabía por qué.

en verano también esa misma sonrisa y frutillas
en sus manos, en primavera frambuesas.

la sonrisa de mi padre traía frutos maravillosos.

mi abuelo temblaba cada día más, su cabeza recaía
como mandolina y se erguía como un piano.

un día mi padre regresó con manzanas

mi abuelo dio con la clave del silencio.



Natalia Litvinova  Poema del libro “Esteparia” Ediciones del Dock, 2010, Argentina.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

1949: Primeiras eleições parlamentares na Alemanha


INSTANTÂNEOS: NAZIFASCISMO E 2ª GUERRA MUNDIAL

1933: Brecht foge da Alemanha
1933: Repressão ao Partido Comunista da Alemanha
1933: Aprovação da Lei Plenipotenciária
1933: UFA demitia funcionários judeus
1933: Grande queima de livros pelos nazistas
1933: DVP e DNVP se dissolvem
1933: Hitler controlava a imprensa falada
1933: Alemanha deixa a Liga das Nações
1934: Hitler manda executar Ernst Röhm
1934: Nazistas assassinam ditador da Áustria
1934: Regime nazista começou a intervir na Justiça
1935: Nazistas cassam cidadania alemã de escritores e oposicionistas
1936: Abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim
1936: Constituição do Eixo Berlim-Roma
1936: Thomas Mann é expatriado
1938: O pogrom da "Noite dos Cristais"
1939: Assinado o Pacto de Não-Agressão
1939: Eslováquia torna-se independente
1939: Alemanha invade a Polônia
1939: Programa nazista de extermínio
1939: Soviéticos invadem a Polônia
1939: Primeiro atentado contra Hitler
1940: Alemanha inicia ofensiva ocidental
1940: França e Alemanha acertaram cessar-fogo na 2ª Guerra
1940: Estreia do filme "O judeu Süss"
1940: Crianças alemãs refugiam-se dos bombardeios
1941: Selada aliança entre Londres e Moscou
1941: EUA decidem construir a bomba atômica
1941: Aberto o campo de concentração de Theresienstadt
1942: Começa a Conferência de Wannsee, que consolidou o Holocausto
1942: Genocídio dos judeus poloneses
1942: Judeus proibidos de ter animais domésticos
1942: Ofensiva dos Aliados em El Alamein
1942: Anne Frank inicia seu diário
1942: Tropas nazistas conquistavam Tobruk, na Líbia
1942: Resistência antinazista "Rosa Branca" distribui panfletos
1942: Pedagogo Janusz Korczak é deportado para Treblinka
1942: Fracassa primeiro desembarque na Normandia
1942: Tropas alemãs invadem o sul da França
1943: Goebbels declara guerra total


No dia 14 de agosto de 1949, foram realizadas na então recém-criada República Federal da Alemanha as primeiras eleições parlamentares.

"Amanhã, todos os eleitores devem comparecer às urnas e votar para o primeiro Parlamento federal. Quem não votar agora, obviamente não vai ter direito de reclamar depois." Na noite de 13 de agosto de 1949, um sábado, Wilhelm Kaisen, presidente da Assembléia de Bremen, convocava pelo rádio para a primeira eleição realizada na República Federal da Alemanha.

O país acabara de se constituir. Em consequência do agravamento das tensões entre as três potências ocidentais e a União Soviética, que ocupavam a Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, as assembléias das zonas de ocupação ocidentais haviam convocado um Conselho Parlamentar. Este redigira a Constituição e aprovara uma lei que regulamentava as eleições parlamentares.

A campanha eleitoral na Alemanha ainda coberta de escombros foi modesta, sem os marqueteiros de hoje, com muita improvisação e o empenho pessoal dos candidatos em seus distritos eleitorais.

Domínio de dois partidos

A União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD), até hoje os maiores partidos da Alemanha, já dominavam o cenário político.

A CDU tinha fortes representantes: Konrad Adenauer, que presidira o Conselho Parlamentar e concorria ao cargo de chanceler federal, e Ludwig Erhard, pai da reforma monetária e da economia de livre mercado. Ambos defendiam a integração da República Federal da Alemanha no mundo ocidental e o fortalecimento da economia de mercado. O candidato da social-democracia era Kurt Schumacher.

Governo de coalizão

O índice de comparecimento às urnas no domingo 14 de agosto foi alto: 78,5%. Os dois principais partidos quase empataram: a CDU obteve 31% e o SPD, 29,2% dos votos. Ao todo, conseguiram ingressar no Bundestag representantes de oito partidos políticos e três candidatos independentes, que se elegeram diretamente em seus distritos eleitorais.

A CDU formou uma coalizão com o Partido Liberal (FDP) e o então Partido Alemão (DP) e, numa sessão realizada em 15 de setembro, o Bundestag elegeu Konrad Adenauer o primeiro chanceler federal com maioria de apenas um voto.

Adenauer e seu ministro da Economia, Ludwig Erhard, foram responsáveis pelo "milagre econômico" que caracterizou os primeiros anos de existência da República Federal da Alemanha, mas também pela estagnação político-social do país. O SPD precisou amargar o papel de partido da oposição até 1967, quando formou uma ampla coalizão com a CDU.


Autoria Hermann J. Maesse (lk)

sábado, 12 de agosto de 2017



Fui ver Planeta dos Macacos: A Guerra, um bom filme de ficção científica, como há muito tempo eu não via. A intertextualidade do enredo me chamou a atenção. Notei referências a filmes como: Guerra do Fogo e King Kong. No plano teórico, a fundamentação está na teoria de Darwin, que sustenta parentesco da espécie humana com os macacos. Mas, é possível também perceber Engels, com sua obra O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. O filme joga o tempo todo com a discussão sobre o humano e inumano. Nisso, o trabalho aparece como mecanismo associado à evolução da espécie humana. É justamente isso que Engels fez, aproximou darwnismo e marxismo, mostrando o trabalho como responsável pela evolução humana. Na trama do filme, são os macacos que trabalham como escravos (trabalho alienado/explorado). Por isso, o trabalho não emancipa, mas mantém os primatas em sua condição original. Há, ainda, uma discussão a respeito do antagonismo barbárie versus civilização. Porém, a lógica é invertida, os macacos são apresentados como "civilizados" e os humanos como "bárbaros". A humanidade converte-se em monstruosidade violenta. Encontrei referências bíblicas também, como ao Apocalipse: o alfa e ômega (princípio e fim) e o dilúvio do Gênesis. Temas candentes da nossa época estão presentes: a guerra biológica e militar e a questão do petróleo. É possível encarar o conflito entre humanos e macacos na perspectiva da luta de classes (sem querer viajar muito). Enfim, é um filme de narrativa densa e complexa, daqueles que faz pensar. Depois, para finalizar o dia, fui numa palestra sobre laicidade e educação, na qual um dos conferencistas afirmou que o ensino do criacionismo nas escolas públicas é uma das demandas atuais mais recorrentes no que concerne ao controle ideológico do ensino. A vida é mesmo dialética.

Rodrigo Augusto
7 de agosto  · Curitiba, Paraná ·
Sou sujeito fêmea! E o Chico Buarque patrulhado pela direita como petralha, comunista, bolivariano, boquinha da Rouanet e agora pela esquerda como machista, old school, datado, babão, etc. Ai você vai lá ouvir a música, linda, suave, "cantiga" de ninar para adultos e só lembro de Nelson Rodrigues (outro que vai cair em desgraça rs) falando dos "idiotas da objetividade". O mundo sem metáforas, o mundo da "denotação" e do "literal", o mundo sem "simbólico" é insuportável.
O cara diz que "larga mulher e filhos" e alguém já lê como: um cafajestão que vai abandonar as crianças à mingua e deixar de pagar pensão e dar atenção?!!! Mais um macho abandonador de cria (uma realidade por todo o Brasil, minas largadas pra criar filho sozinho, ok, real), mas tenho dificuldade de enxergar nas letras e músicas de Chico, um mulherófilo old school, todo derramado, quase uma caricatura do "homem sensível", essa subjetividade abandonante.
O cara diz assim "Na nossa casa/Serás rainha Serás cruel, talvez/Vais fazer manha/Me aperrear/E eu, sempre mais feliz". Ai vem lá um "Que mané rainha"? hahaha. Sou sujeito fêmea independente. Sai pra lá machão romântico, preciso de você pra nada, etc. Em um mundo em que os machinhos descolados não dão bom dia para a mina com quem transaram na noite anterior, e se escondem e fogem dos afetos, o Chico é um manifesto Bin Laden de maturidade masculina : ) Está ali, dizendo que aceita praticamente tudo o que a moça pedir, entregue no humilde lirismo.E por ai vai. Enfim. Música, cinema, texto, cantigas são "obras abertas". Não é o estatuto contra a violência doméstica ou qualquer outro mecanismo de lei de proteção das mulheres que tem que ser cumprido na sua literalidade.
A parte boa é saber que Chico Buarque cumpre com esse debate todo uma "função", como Freixo e como muitos outros homens cumprirão. Vão pagar o pedágio do machismo, do patriarcalismo, real e violento, que temos sim que combater e denunciar cotidianamente e que pode sim se esconder até nos seus lindos olhos verdes : ) Um "lugar" (foi ele, mas podia ser qualquer outro) no importante debate dos feminismos, um momento pedagógico que desnaturaliza tudo. Todo momento inaugural de algo é furioso e desestabilizador, dogmático também e as vezes redutor.
Acho fantástica essa consciência das mulheres e da sociedade brasileira do sujeito fêmea, dos feminismos todos. Chico fez e faz a crônica de outros mundos e subjetividades, complexas, adultas, não "objetivas". Eu odiaria viver em um mundo sem metáforas! #cantiga #chicobuarque #feminismos


Ivana Bentes
A partir de segunda-feira Temer anunciará o congelamento de todos os salários de professores universitários por tempo indeterminado e limitará os novos salários a um teto de R$ 5.000,00 para os novos professores, também por tempo indeterminado (isso valerá igualmente para o resto do setor público). Ainda, será apresentada uma PEC para cobrança de mensalidades nas Universidades Públicas, que tem potencial de aprovação desse congresso que está aí. Então, aqueles professores universitários que votaram no Aécio Neves, que apoiaram o GOLPE DE 2016 e foram para as ruas cornetar a Dilma e que bateram panelas, analfabetos políticos diga-se de passagem, também comerão o pão que o diabo do Temer amassará. Isso será institucionalizado!
Embora sejam professores, estes que votaram no Aécio e apoiaram o GOLPE
nunca se interessaram pela história política das Universidades Públicas, tampouco se importaram se o LULA e Dilma abriram novas universidades, pois eles queriam mesmo é mamar na teta do setor público. Agora é que eles entenderão o que eu dizia para muitos deles e também para seus pares naqueles tempos em que eu os alertava e eles me chamavam de louco!"

Por Vander Neves.

Cuando niño, buscaba yo fantasmas


Cuando niño, buscaba yo fantasmas
en calladas estancias, cuevas, ruinas
y bosques estrellados; mis temerosos pasos
ansiaban conversar con los difuntos.
Invocaba esos nombres que la superstición
inculca. En vano fue esa búsqueda.
Mientras meditaba el sentido
de la vida, a la hora en que el viento corteja
cuanto vive y fecunda
nuevas aves y plantas,
de pronto sobre mí cayó tu sombra.
Mi garganta exhaló un grito de éxtasis.

 PERCY BYSSHE SHELLEY


Biblioteca Digital Ciudad Seva

domingo, 6 de agosto de 2017

nossa triste condição de Estado bandido, comandado por bandidos e para bandidos

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...

Depois dessa votação na Câmara protegendo temer et caterva só posso lembrar da nossa triste condição de Estado bandido, comandado por bandidos e para bandidos, o que não é lamentavelmente novidade. Vem a memória esses versos sempre atuais de Castro Alves.


Fonte : RCO

Significado nas artes visuais

"Nove dias antes de sua morte, Emmanuel Kant recebeu a visita de seu médico. Velho, doente e quase cego, levantou-se da cadeira e ficou em pé, tremendo de fraqueza e murmurando palavras ininteligíveis. Finalmente, seu fiel acompanhante compreendeu que ele não se sentaria antes que sua visita o fizesse. Este assim fez e só então Kant deixou-se levar para sua cadeira e, depois de recobrar um pouco as forças disse: 'Das Gefül für Humanität, hat mich noch nicht verlassen'. Os dois homens comoveram-se até as lágrimas. Pois, embora a palavra 'Humanität' apresentasse, no século XVIII, um significado quase igual a polidez ou civilidade, tinha, para Kant, uma significação muito mais profunda, que as circunstâncias do momento serviram para enfatizar: a trágica e orgulhosa consciência no homem de princípios por ele mesmo aprovados e auto-impostos, contrastando com sua total sujeição à doença, à decadência, e a tudo o que implica o termo 'mortalidade'."

(PANOFSKY, Erwin. "Significado nas artes visuais". tr. Maria Clara F. Kneese e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2014. p. 19-20)
O modo default de funcionamento do Estado sob a direção da classe dominante brasileira arcaica, especificamente a paulista, com Temer, a FIEP e mais o centrão do "café com leite" porque os golpistas só sobreviveram com os votos de Minas Gerais, do PSDB, das áreas rurais e das regiões agrícolas do país, tudo para seguirem no modo de reprodução e aprofundamento das desigualdades sociais internas (desde a escravidão) e a subalternidade entreguista internacional (desde o colonialismo). O fator que ainda não entrou em cena é a juventude, os jovens com menos de 30 anos e que tiveram os melhores 13 anos da história do Brasil com Lula, Dilma e o PT, quando a imensa maioria desses jovens melhorou de vida em relação aos pais, desde a diminuição da fome e pobreza, o aumento da renda, educação, políticas públicas e políticas sociais. Esta juventude foi engabelada, enganada e manipulada nas jornadas de junho de 2013, queimando a sua entrada precoce na política e ajudando a eleger o pior Congresso desde a República Velha com Eduardo Cunha e escória semelhante de votantes em Temer. Porém, a qualquer momento podem despertar nas novas contradições, tal como foram os jovens as principais forças em qualquer momento de progresso no Brasil, como em 1889, em 1930, nos Governos de Vargas, Jango, Brizola, na redemocratização de 1982 e depois com Lula e Dilma. O status quo desse governo bandido de Temer sofre uma contestação, uma pressão subterrânea crescente e lembremos que uma avalanche, um terremoto, um maremoto, um grande incêndio sempre começam com uma aparente e ilusória calma, quando as energias subterrâneas já estão a se acumularem, a se posicionarem bem antes de serem ativas e visíveis. Vai rolar, é questão de tempo !

RCO

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Notícias da semana nas universidades apontam para o fim de bolsas do CNPQ, o fim de vários recursos, o arrocho salarial, o fim da gratuidade no ensino, cortes generalizados em várias áreas até setembro, ameaças contra a liberdade de pensamento no universo dos sem razões contra os que tomam partidos nas grandes causas humanas, sociais e políticas. A universidade é um espaço de reprodução mesmo e boa parte dos professores são de origens sociais conservadoras e de pensamento raso de direita. Um pequeno grupo circulando nos sindicatos do ANDES é formado por ex-petistas rancorosos, trotsquistas, ultra-esquerdistas e afins, que até poderiam significar um bom grupo crítico se não tivessem passado os últimos 13 anos juntos e em coro aos professores preconceituosos de direita, os fascistas enrustidos do voto-nulo, os neoliberais e mesmo monarquistas, todos juntos, contra Dilma, Lula e o PT, mesmo com todos avanços em duras condições nos governos do PT. Essa turma do ANDES e CONLUTAS ficou 13 anos despolitizando e desinformando os professores da base. Dividiram a CUT e foram para a completa inexpressão. CONLUTAS fracassou e pequenos partidos de extrema esquerda não elegem ninguém fora de guetos sectários. O governo anterior do PT, mesmo com contradições, conseguiu avanços na expansão das bolsas acadêmicas na pós, a expansão de universidades, ifets, que garantiram tantos concursos, vagas e empregos para muitos, a criação da categoria docente de associado com aumento real nos salários, a progressão ate titular sem a perda da aposentadoria, tudo significou avanços. Agora o impacto do golpe será pesado para todos os Dilma-Haters sentirem as misérias do golpismo ignoradas antes por tantos. Não foi por falta de aviso que as universidade chegarão ao fundo do poço com os inimigos da educação de direita do governo golpista.

RCO