Fui ver Planeta dos Macacos: A Guerra, um bom filme de
ficção científica, como há muito tempo eu não via. A intertextualidade do
enredo me chamou a atenção. Notei referências a filmes como: Guerra do Fogo e
King Kong. No plano teórico, a fundamentação está na teoria de Darwin, que
sustenta parentesco da espécie humana com os macacos. Mas, é possível também
perceber Engels, com sua obra O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em
Homem. O filme joga o tempo todo com a discussão sobre o humano e inumano.
Nisso, o trabalho aparece como mecanismo associado à evolução da espécie
humana. É justamente isso que Engels fez, aproximou darwnismo e marxismo,
mostrando o trabalho como responsável pela evolução humana. Na trama do filme,
são os macacos que trabalham como escravos (trabalho alienado/explorado). Por
isso, o trabalho não emancipa, mas mantém os primatas em sua condição original.
Há, ainda, uma discussão a respeito do antagonismo barbárie versus civilização.
Porém, a lógica é invertida, os macacos são apresentados como
"civilizados" e os humanos como "bárbaros". A humanidade
converte-se em monstruosidade violenta. Encontrei referências bíblicas também,
como ao Apocalipse: o alfa e ômega (princípio e fim) e o dilúvio do Gênesis.
Temas candentes da nossa época estão presentes: a guerra biológica e militar e
a questão do petróleo. É possível encarar o conflito entre humanos e macacos na
perspectiva da luta de classes (sem querer viajar muito). Enfim, é um filme de
narrativa densa e complexa, daqueles que faz pensar. Depois, para finalizar o
dia, fui numa palestra sobre laicidade e educação, na qual um dos
conferencistas afirmou que o ensino do criacionismo nas escolas públicas é uma
das demandas atuais mais recorrentes no que concerne ao controle ideológico do
ensino. A vida é mesmo dialética.
Rodrigo Augusto
7 de agosto · Curitiba, Paraná ·
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