"Quando eu recito ou quando eu escrevo uma palavra, um
mundo poluído explode comigo e logo os estilhaços desse corpo arrebentado,
retalhado em lascas de corte e fogo e morte (como napalm), espalham
imprevisíveis significados ao redor de mim. [...] uma palavra é mais que uma
palavra, além de uma cilada. Agora não se fala nada e tudo é transparente em
cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla os pássaros de sempre
cantam apenas uma espécie de caos no interior tenebroso da semântica. [...]
Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema."
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de paupéria".
(Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte). São Paulo: Max
Limonad, 1984, p. 98.
http://www.elfikurten.com.br/2013/08/torquato-neto-o-anjo-torto.html
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