Louise Nazareno: Solange Machado "travo minha pequena
batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente"... "Mesmo que Dom Pedro I tivesse
concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é
o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do
título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do
próprio, mas também a tudo o que veio depois? O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto
imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas
enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. "
Jan Ricetti Já fui chamado de seu Dotô por pessoas mais
velhas que eu no interior de Minas Gerais, eles nem sabiam se eu era médico ou
advogado, talvez, só pelo fato de eu falar com outro sotaque ou ser da
universidade. Eu acredito que isso não iria acontecer se essas pessoas tivessem
estudado até o ensino médio, ou além. Esses títulos soam doloridos quando se
tem noção de que a diferenciação entre pessoas "mais importantes que
eles" ocorre devido a baixa escolaridade desse nosso povo brasileiro.Outra coisa dolorida é conhecer pessoas que mal
tem diploma insistirem em serem chamados de doutor, enquanto doutores com
doutorado e pós-doutorado são tratados por "você" e não ficam nenhum
pouco magoados por isso. Isso revela muito do ranço colonial no nosso povo.
Louise Nazareno: Jan Ricetti , suas considerações são bem
pertinentes! Creio que o tratamento de distinção só precisa ser proferido se
isso valha alguma coisa na área a que ele se refere, no caso, a academia.
Odiaria que me chamassem de doutora, quando eu (espero) terminar o doutorado,
no meu trabalho na burocracia, não tem nada a ver!
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