quinta-feira, 18 de julho de 2013

A MISSA DO MORRO DOS PRAZERES


Waly Salomão

Sursum corda.
Ao alto os corações.
Subir,
com toda alegoria em cima,
subir,
subir a parada
que a lua cheia é a hóstia consagrada na vala negra aberta,
subir,
que o foguetório anuncia a chegada do carregamento,
subir,
querubim errante transformista,
subir,
o incensório da esquadrilha da fumaça-mãe,
subir,
como se inalasse a neve do Monte Fuji,
subir,
o visgo da jaca já gruda na pele,
subir,
salvam pipocos da chefia do movimento,
subir,
soou a hora da elevação,
subir que o morro é batizado
com a graça de Morro dos Prazeres
- topograficamente situado no Rio de Janeiro.
Subir o morro
que a missa católica do asfalto
- sem os paramentos e as jaculatórias do latim da infância -
pouco difere de reunião de condomínio,

sacrifício sem entusiasmós.

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