quarta-feira, 25 de dezembro de 2019


Mais um ano que deixei uma enxurrada de preconceitos (qualquer ideia que recebemos sem a devida análise). E foi com gosto! Agora é se preparar para os novos preconceitos que virão e aqueles de que não me dei conta ainda. E isso não é nada fácil. Não é fácil detectar e também não é fácil superar dependendo do nível de preconceitos das pessoas com quem você convive. Se não quiser ser escravo de ideias falsas, estude. Não há outro jeito.

Thiago Melo

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A educação é a área mais atacada pelo governo Bolsonaro e isto é um sinal de grande vigor e força de resistência da educação


A educação é a área mais atacada pelo governo Bolsonaro e isto é um sinal de grande vigor e força de resistência da educação. Ainda bem porque a educação é orgulhosamente a área que mais incomoda, desmascara, desafia e crítica o bolsonarismo. Nenhuma nação se constrói ou progride sem seus professores e sem educação de qualidade. Sem professores a violência aumenta, a desigualdade cresce e o roubo campeia. O bolsonarismo só conseguiu recrutar e comover nesta área alguns tipos-patetas, que antigamente seriam classificados como a sobra do mobral, o rebotalho e lunáticos, que nunca seriam aceitos em um ambiente universitário moderno de pesquisa, de ciência, tecnologia e ensino. Não existe maior contradição e repulsão do que entre as modernas humanidades e sua alta cultura com as baixarias do bolsonarismo. Daí reside o grande recalque, rancor e frustração de terem o aparente poder pelas fake news sem nunca terem o mínimo respeito e aceitação da intelligentsia nacional, o que dói muito nas hostes bolsonaristas ao serem declarados completamente ignaros e parvos pelos que realmente estudaram e pelos que têm os títulos acadêmicos, pelos que são verdadeiramente professores e pesquisadores profissionais !


RCO

[Reencontrando sua alma] Será mesmo preconceito imaginar que a filosofia é para uma elite?



 [Reencontrando sua alma] Será mesmo preconceito imaginar que a filosofia é para uma elite?




         
            No artigo “A filosofia e as pessoas comuns”1 Gonçalo Armijos Palácios2, um defensor da filosofia acessível aos “mortais comuns”, discorre sobre o fato de ser a atividade filosófica uma atividade como todas as outras, para as quais podemos ter ou não talento. Palácios explica, com clareza coerente com as ideias que defende, que o que os filósofos fazem não é muito diferente do que o que todos nós fazemos quando precisamos “sair de uma enrascada pensando por nós mesmos”. Que assim como nem todos podem ser bons pintores ou cientistas, nem todos podem ser bons filósofos. E que ter habilidade para filosofar não insere o filósofo numa categoria especial de ser humano, pois a filosofia nada tem de “esdrúxulo, diferente ou místico”. Afirma que “o filosofar está mais próximo das pessoas comuns do que elas imaginam” e aponta como uma das causas dessa distância imaginada o preconceito. Por fim, esclarece a diferença entre ser um historiador da filosofia e ser um filósofo, a mesma que há entre ser um historiador da arte e um artista, ou entre ser um historiador das ciências e um cientista.
            Embora o texto de Palácios seja esclarecedor, sua afirmação de que “um problema que afasta as pessoas do ato de filosofar, certamente, é seguir acriticamente os muitos preconceitos que há sobre a filosofia” me incomodou um pouco. Essa afirmação, da forma como foi feita, parece jogar sobre o leitor comum toda a responsabilidade pelo tal “preconceito”.
             Ao terminar a leitura do texto, me ficou a pergunta: será mesmo? Será essa ideia que as pessoas têm de ser a filosofia atividade para “alguns escolhidos” puro preconceito?
            Vieram-me então à mente algumas situações vividas no curso de filosofia.
            Lembrei-me de que, em certo momento, no primeiro ano, numa aula de Introdução à Filosofia, questionei meu professor sobre a forma como alguns filósofos escrevem. Estávamos estudando um texto de Alain Badiou3 e a leitura era complicada a  ponto do professor nos dizer que, com certeza, não conseguiríamos compreender tudo, mas apreenderíamos algo, e isso já era importante.
            No meu questionamento já havia uma teoria própria, fruto do meu primeiro contato com os textos filosóficos. Eu achava que muitos filósofos faziam questão de escrever de forma complicada justamente para uma manutenção da filosofia como coisa de uma elite privilegiada, o que, talvez, fizesse com que se sentissem mais importantes do que as pessoas “comuns”. Meu professor não concordou inteiramente comigo, embora não discordasse de todo. Mas, disse que talvez os textos fossem difíceis porque a vida era difícil. Naquele instante, me curvei à autoridade do mestre. Talvez fosse realmente necessário recorrer a uma linguagem sofisticada para falar em profundidade sobre as questões complicadas da vida. Hoje já não sei se continuo pensando assim. A impressão que tenho é de que, se nossa intenção for realmente atingir as pessoas em geral, sempre será possível falar de forma simples, seja lá sobre o que for.
            Ainda no primeiro ano nossa turma foi convidada a assistir a uma palestra da área de filosofia da ciência. Não me recordo agora o nome do palestrante, bem como não me recordo de absolutamente nada do que ele disse. E por quê? Porque ele usou uma linguagem praticamente ininteligível. Estudantes de filosofia não tinham obrigação de entender em profundidade uma teoria científica, mas creio que para a maioria dos que estavam ali tenha sido quase impossível compreendê-la mesmo superficialmente, porque o palestrante foi incapaz de se comunicar de forma minimamente compreensível. Acabei me conformando em apreender o que fosse possível, assim como o meu professor sugerira ao lermos Badiou. Mas, saí da palestra com a nítida impressão de que se o palestrante tivesse um mínimo de interesse em transmitir algo, ele teria conseguido.
            Já no segundo ano uma situação vivida na aula de ética me impressionou seriamente. Durante o estudo do livro Elementos de Filosofia Moral, de James Rachels4, iniciou-se uma discussão sobre homossexualidade, que acabou nos levando a um caso em evidência na imprensa naquele momento. O caso do cartunista Laerte5, que, vestido de mulher, fora flagrado usando um banheiro feminino. Nossa professora propôs nos dividirmos em grupos, cada qual defendendo uma posição diferente. Um grupo defenderia o direito de Laerte usar o banheiro feminino, o outro lhe negaria esse direito e um terceiro grupo se colocaria como relativista moral, defendendo que ambas as posições estavam certas, de acordo com seu próprio ponto de vista. A discussão que se seguiu foi absolutamente infrutífera no sentido de resolver um problema prático. O grupo que defendia o direito de Laerte usar o banheiro feminino apoiava sua defesa no direito à homossexualidade e no respeito às diferenças. O meu grupo defendia que Laerte não deveria usar o banheiro feminino, porque, embora se vestisse como mulher, e dissesse “se sentir mulher”, isso não fazia dele uma mulher, uma vez que tinha um corpo masculino e se relacionava sexualmente com mulheres. Embora o meu grupo concordasse com todos os argumentos a favor da liberdade na questão da sexualidade, o que desejávamos era que o outro grupo compreendesse que preferências sexuais não estavam em jogo ali. Não estávamos falando sobre a vida sexual de Laerte, mas sobre o uso de um banheiro público cujo espaço físico é projetado de forma diferente para homens ou mulheres. Quando tentei defender a ideia de que, para o senso comum, homem é aquele que tem pênis e mulher é aquela que tem vagina, isso caiu como absurdo. Porque, para filósofos, a sexualidade é algo que se constrói ao longo da vida e ter um pênis ou uma vagina é absolutamente irrelevante. Estávamos numa discussão filosófica e não podíamos colocar as coisas em termos tão simples. A discussão precisava manter um nível filosófico. Devíamos usar argumentos lógicos para derrubar a tese do outro grupo. No entanto, o banheiro público é usado pelas pessoas em geral. E na porta dos banheiros públicos há indicações de “ele” ou “ela”, não há nada do tipo: “se você se sente homem entre aqui” ou “se você se sente mulher entre aqui”.
            Enfim, nós, que defendíamos que Laerte deveria usar o banheiro masculino, fomos praticamente tachados de homofóbicos, o que não era, absolutamente, o caso. Estávamos vendo a situação de um ponto de vista prático, mas a filosofia parecia ignorar haver uma vida em sociedade, onde algumas regras são estabelecidas com o simples intuito de facilitar as coisas. Saí daquela aula me sentindo incompreendida e frustrada. Me ficou uma sensação de que filósofos não conseguem enxergar o que é simples. Pensei, naquele momento, que talvez filósofos não fossem, realmente, pessoas “comuns”. E me prometi me policiar para, estando dentro da filosofia, me esforçar para não me distanciar exageradamente da realidade e não perder o senso prático que a vida exige de nós o tempo todo.      
            Na verdade, não há como negar que o estudante de filosofia já chega à academia se sentindo um pouco “diferente” e, ouso dizer, desejando sê-lo. Vivemos num mundo em que se atribui maior valor à atividade intelectual do que à braçal e isso pode dar ao estudante de filosofia essa ilusão de ser alguém especial. Daí não é muito difícil concluir que, mesmo sem ter total consciência disso, seus movimentos se darão justamente no sentido de ser diferente, sem que se façam maiores esforços para que as próprias ideias, já mais buriladas e sofisticadas, sejam transmitidas de forma a serem compreendidas por todos. Ser incompreendido por ser difícil pode ser, para alguns filósofos, envaidecedor.
            E é justamente nesse desinteresse de alguns por ser acessível a todos que a filosofia sai prejudicada. Porque, se não formos acessíveis a todos, que mudanças poderemos promover no mundo?
            Um documentário sobre Simone de Beauvoir6 (Arquivo N)7 fala de uma carta que uma leitora agradecida lhe escreveu. No trecho reproduzido abaixo percebe-se bem a importância de Simone ter usado uma linguagem acessível:

Querida companheira e, ouso dizer, amiga. O seu livro ‘O Segundo Sexo’ me encantou. Eu li e reli muitas vezes e dei de presente a muitas pessoas e ainda darei a muitas outras. Sou uma operária que nem terminou os estudos. A senhora fez um bom trabalho. Me permito te mandar um beijo.


                            Todos, filósofos e não filósofos, sabemos e sentimos na pele as mudanças que Simone de Beauvoir promoveu no mundo todo.
            Imagino que o fato das “pessoas comuns” enxergarem a filosofia como algo distante delas não signifique exatamente que estejam seguindo acriticamente os preconceitos que já existem. Talvez signifique que a própria filosofia se faz hermética a ponto de desestimular o leitor comum a ir mais a fundo. E ela mesma cria essa mistificação, que depois atribui a preconceito das “pessoas comuns”.
            Afinal, o que são “pessoas comuns”? Somos todos pessoas comuns e todos temos na filosofia uma esperança de encontrar respostas para algumas questões que nos incomodam. Nós, hoje, não somos muito diferentes dos filósofos da antiguidade, que se perguntavam o que provocava os trovões. Nossas questões são outras, mas nosso desejo é o mesmo: através da razão, nos ver livres das superstições e crenças que emperram nossas vidas. E quando alguém tem alguma resposta libertadora, o que de melhor pode fazer é seguir o exemplo de Beauvoir, e ser acessível. Ela não teria provocado as mudanças que provocou se tivesse feito questão de ser difícil. E nenhum de nós conseguirá provocar mudança alguma falando a uma minoria de iniciados.
            O leitor quer respostas e se vai em busca delas através da filosofia, sem uma prévia orientação, muitas vezes se frustra ao se deparar com textos cuja leitura, de tão difícil, é quase impossível. É assim que não simplesmente adere a preconceitos já existentes, de forma acrítica, mas elabora seu próprio pós-conceito. Que se espalhará por aí, alimentando essa crença de que a filosofia é para seres humanos especiais, desestimulando o interesse das pessoas em geral e, infelizmente, contrariando esse bonito esforço de Palácios para desmistificar a filosofia.


1 – Disponível em Acessado em 29/07/2012
2 - Gonçalo Armijos Palácios é doutor em filosofia pela Indiana University, professor da Universidade Federal de Goiás e autor do livro De como fazer filosofia sem ser grego, estar morto ou ser gênio (Editora da UFG).
3 - Alain Badiou nasceu em 1937 na cidade marroquina de Rabat. Autor de vasta e qualificada produção intelectual, é tido como um dos principais filósofos franceses da atualidade.
4 – James Rachels (Georgia, 1941 – 2003) foi um filósofo americano especializado em ética. Seus trabalhos são conhecidos por sua acessibilidade.
5 - Laerte Coutinho (São Paulo, 1951) é um dos principais quadrinistas do Brasil. Nos últimos anos, passou a chamar a atenção pelo abandono de seus personagens e pela prática do crossdressing.
6 - Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, (Paris, 1908 – 1986), foi escritora, filósofa existencialista e feminista francesa.
7 - Disponível em acessado em 29/07/2012

Ana Lucia Sorrentino

Link para a postagem original:  http://gazzetadachapadadiamantina.blogspot.com.br/2012/07/sera-mesmo-preconceito-imaginar-que.html


Postado por Ana Lucia Sorrentino no Reencontrando sua alma em 7/31/2012 


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


O Rio de Janeiro é central como formador e revelador de tendências na política nacional. As pesquisas do Datafolha de hoje revelam o forte derretimento eleitoral do prefeito Crivella, com 72% de rejeição. A rejeição ascendente do governador Witzel e de Bolsonaro, com reprovação ainda maior que no país, acompanham o cenário de subida das impopularidades e baixas capacidades destes puxarem votos. O voto carioca sempre foi a antecipação do voto nacional. Lula continua sendo um maior puxador de votos local, um líder mais importante eleitoralmente no RJ do que Bolsonaro, Witzel e as lideranças políticas evangélicas. A geringonça da extrema direita no RJ foi desmascarada e não é nem um pouco santa, nem salvadora e nem mitológica ! A eleição do RJ será um embate entre uma frente de esquerda (liderada por Freixo) e uma direita não-bolsonarista ? (Paes). O que as pesquisas revelam é a força do PT e do lulismo como atores decisivos para 2020 no campo da esquerda. As políticas de genocídio das polícias não resolveram o problema da violência, só pioraram a situação e do ponto de vista econômico a crise, o desemprego e o arrocho salarial cobrarão suas faturas políticas em 2020.
RCO


Morei em Londres em 1987-1988 porque meu pai foi adido aeronáutico da FAB no Reino Unido. Tive passaporte diplomático, aproveitei para ser espião brasileiro, no bom sentido e cursar meu Master of Science. A casa era em Holland Park, um bairro com muitas residências do corpo diplomático, bairro upper/upper middle class local. Um pouco adiante estava Hammersmith e Shepherd's Bush, outros bairros com significativa diferença social, bairros de classe média para baixo. Os ingleses da classe trabalhadora têm muitas dificuldades com moradias apertadas e padrões de vida modestos. Interessante observar os resultados eleitorais de hoje, mesmo com a derrota dos Trabalhistas, o Labour consegue vencer em quase todos distritos da Grande Londres, fora o pequeno coração da City, Westminster, Chelsea, Kensington (onde fica Holland Park). O mapa dos resultados revela a grande votação dos conservadores no interior do país. Os conservadores de lá são progressistas no Brasil porque respeitam a saúde (NHS), a educação e os investimentos públicos e estatais. A ilusão do Brexit, pensam que tudo melhorará com a saída da União Europeia e Britain Rules - again, doce ilusão vendida pela grande mídia porque uma profunda crise social e econômica pode decorrer do Brexit, o que veremos no capitalismo britânico, que ainda quer viver de suas glórias coloniais e imperialistas do passado. A Escócia parece querer despertar novamente. As diferenças de classe social são muito fortes na Inglaterra, eles reconhecem o "status quo" das pessoas pelo sotaque, bairro, aparências e a monarquia revela a síntese entre a burguesia e a aristocracia, ainda que tenham certa distribuição de renda a desigualdade social vem aumentando e aumentará muito mais por lá com este resultado, além da xenofobia e do racismo.

RCO

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019


O bolsonarismo equivale a uma tropa de ocupação estrangeira, basta ver a entrega e submissão de nossos patrimônios e riquezas aos interesses econômicos, diplomáticos, culturais, militares, policiais e geopolíticos de conhecidos grupos internacionais contra a maioria do povo brasileiro. Em uma sociologia de longa duração já estivemos nesta situação várias vezes e sempre emergimos muito maiores, depois de vencermos os inimigos de cada conjuntura, inimigos de nossa gente, língua, religião de nossos antepassados e de nossos valores políticos nacionais. Somos uma nação gigantesca em construção, sempre solidária e receptiva na absorção de novos imigrantes ao longo do tempo. Muitas de nossas linhagens sofreram a ocupação estrangeira do califado islâmico, das dinastias mouras dos almorávidas e almoádas, as ameaças e invasões castelhanas, as Guerras da Restauração com a dinastia de 1640, o ciclo de ocupação estrangeira holandesa da WIC em 1624, 1630-1654, a formação do Brasil, o processo incompleto da Independência Nacional, a incompleta cidadania para as camadas populares negras e mestiças, vítimas da escravização e destribalização fundadoras da nossa sociedade e demografia. Temos uma agenda nacional engasgada há muito tempo e agora novamente uma situação de dominação, que passará, acredito que será breve pela mediocridade, imbecilidade e rapina do atual desgoverno e principalmente porque também sabemos resistir e lutar por meses, anos, décadas e séculos se preciso, como sempre fizemos para sermos quem nós somos no nosso tamanho.
Rco


A mentira e a manipulação são práticas políticas estruturais e centrais nas carreiras de Moro e de Bolsonaro. Mais uma gravíssima ocorrência exposta na crise do PSL, o partido político oficialista, que não resistiu a um ano no poder golpista ! Em 28 de junho Bolsonaro declarou, em viagem no Japão, ter acesso a dados das investigações da Polícia Federal sobre os laranjas do PSL: "Conversei com o Sérgio Moro, rapidamente, sobre isso, que a prioridade nossa aqui é outra, ele mandou a cópia do que foi investigado pela Polícia Federal para mim". Gravíssima irregularidade em todos os sentidos ! Eram investigações paralelas, um inquérito secreto, uma polícia política trabalhando somente para Moro e Bolsonaro ? Depois Moro negou, como sempre nega suas constantes irregularidades e interceptações ilegítimas de dentro dos aparelhos institucionais. Somente agora a CGU também declarou não ter nenhuma documentação sobre o que Bolsonaro atribuiu a Moro. O que verificamos neste desgoverno são crimes de responsabilidade cometidos cotidianamente e sistematicamente como práticas de governo, sempre na mais completa impunidade e inimputabilidade: as rachadinhas, as fake news, as conexões com milicianos, os cheques do Queiroz, o gabinete do ódio, o escritório do crime, as denúncias envolvendo Marielle e muitas outras mentiras na pérfida e corrupta trajetória destes elementos.
Rco


A prática de levar votações polêmicas para a Ópera de Arame é mais um golpe legislativo, que se torna rotina e ritual autoritário em Curitiba. Ópera bufa e satírica de tiranetes de província e de aldeia assustados com os movimentos sociais e populares. O legislativo é a casa da democracia e os golpistas o precisam amordaçar e violentar. A destruição do serviço público e dos direitos dos servidores é mais um golpe na ideia de ascensão e mobilidade social de toda uma geração. O que assistimos é a lógica da reprodução social familiar em que poucas famílias permanecerão nas suas castas de privilégios com riquezas e outras nas suas castas de carências e pobrezas. Observem que boa parte dos chefes do executivo e do legislativo formam e procedem de famílias políticas organizadas por formas de nepotismo. A nepocracia não precisa de instituições públicas de qualidade em nenhuma dimensão. Para eles não interessa a ideia de um funcionário público ou professor de carreira de qualidade, com autonomia, com direitos e altivez profissional crítica. Só interessa o comissionado ou o puxa-saco vendido, só querem funcionários nomeados politicamente e professores subservientes e vendidos por prestações mínimas, para os elogiarem e aplaudirem em troca de seus cargos miseráveis, enquanto a sociedade como um todo se deteriora, a violência piora e a concentração de renda aumenta. A retirada dos direitos previdênciários e trabalhistas só interessa à turma da privada poder acumular muito mais às custas das multidões precarizadas e imbecilizadas.
Rco


Bolsonaro é um covarde e não se defende do ataque comercial de Trump pelo twitter. Esta é uma conhecida característica da direita, a de ficar o tempo todo se rebaixando aos interesses estrangeiros e não ganhar nada, nem economicamente e muito menos geopoliticamente. Trump está completamente desesperado com a perda da pequena maioria dele nos estados agrícolas (corn belt) e nos estados enferrujados (rust belt) , as últimas reservas de votos dele em uma possível reeleição, mesmo perdendo feio no voto popular. Todos sabem que a indústria de aço e alumínio estadunidense não é mais competitiva sem tarifas protecionistas. Também a agricultura brasileira, mesmo sem grande infraestrutura, é muito mais competitiva e produtiva do que a dos EUA. O Brasil tem território, clima e água em abundância. Além do mais as novas fronteiras agrícolas sendo desmatadas e a pressão sobre as reservas indígenas oferecem potencial para as vantagens comerciais brasileiras com a demanda da Ásia e China, o que piora a desregulação climática mundial e destrói ainda mais o que resta de natureza.
Rco

Regras mais básicas para tentar refutar um argumento:



1. mostre que uma das premissas (justificativa) usadas pelo interlocutor é falsa.
2. Mostre que a conclusão não tem a ver com as premissas.

Caso não faça isso, já tá fugindo do assunto.
Thiago Melo



Lendo sobre Napoleão, o que chama a atenção, além de sua ousadia e da potência de sua mente, é o seu carisma. Até seus inimigos e adversários se deixavam fascinar por ele. Ao escapar da Ilha de Elba, em fevereiro de 1815, ela aporta com 1100 homens em Golfe-Juan, no sul da França. Dois dias depois, o 5º Regimento é enviado para capturá-lo. Os dois grupos se veem frente a frente, com suas baionetas apontadas. Napoleão manda seus soldados abaixarem as suas e se aproxima sozinho da tropa adversária. Diante deles, abre o casaco e profere: "Soldados, aqui estou eu! Se quiserem, matem o vosso imperador!" Os soldados hesitam, baixam suas armas e depois de alguns segundos ouve-se: "Vive L'Empereur!" (Viva o Imperador!)". Então, desfazem suas fileiras e circundam aquele general de apenas 1,58m de altura, querendo tocá-lo, em extrema alegria.

OlW

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Los bomberos



Mario Benedetti


Olegario no solo fue un as del presentimiento, sino que además siempre estuvo muy orgulloso de su poder. A veces se quedaba absorto por un instante, y luego decía: “Mañana va a llover”. Y llovía. Otras veces se rascaba la nuca y anunciaba: “El martes saldrá el 57 a la cabeza”. Y el martes salía el 57 a la cabeza. Entre sus amigos gozaba de una admiración sin límites.

Algunos de ellos recuerdan el más famoso de sus aciertos. Caminaban con él frente a la Universidad, cuando de pronto el aire matutino fue atravesado por el sonido y la furia de los bomberos. Olegario sonrió de modo casi imperceptible, y dijo: “Es posible que mi casa se esté quemando”.
Llamaron un taxi y encargaron al chofer que siguiera de cerca a los bomberos. Estos tomaron por Rivera, y Olegario dijo: “Es casi seguro que mi casa se esté quemando”. Los amigos guardaron un respetuoso y afable silencio; tanto lo admiraban.

Los bomberos siguieron por Pereyra y la nerviosidad llegó a su colmo. Cuando doblaron por la calle en que vivía Olegario, los amigos se pusieron tiesos de expectativa. Por fin, frente mismo a la llameante casa de Olegario, el carro de bomberos se detuvo y los hombres comenzaron rápida y serenamente los preparativos de rigor. De vez en cuando, desde las ventanas de la planta alta, alguna astilla volaba por los aires.

Con toda parsimonia, Olegario bajó del taxi. Se acomodó el nudo de la corbata, y luego, con un aire de humilde vencedor, se aprestó a recibir las felicitaciones y los abrazos de sus buenos amigos.

FIN

Los sueños de los niños inventando países



niños-surrealistas


«Cuando paso frente de un local donde
exponen pinturas de niños, sigo de largo».
Batlle Planas

Porque el niño conserva todos los libres bríos
de la invención, baraja sus monstruos increíbles
y sus enloquecidos ángeles.
La bárbara inocencia sin prejuicios de la primera pureza
y el espléndido caos, el delirio de la razón, la fantasía.

El niño es el primer surrealista.

Y crece y es hombre, y sigue viviendo más no sabe
y quien lo lleva adentro así lo ignora.
A veces, de manera sutil, eso supongo,
en cada acto adulto la infancia nos vigila
-una voz, un suceso rotundo, familiar, una lámpara,
una paloma herida con mensaje-.

Todo hombre en el final minuto de su invierno
piensa en algo lejano cuando muere.
Y la muerte es el último país que el niño inventa.

Raúl González Tuñón©. Antología poética.
Buenos Aires: Losada, 1992


Fonte : Juan Zapato

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Noche amarga


Al final ya término de llover, solo quedan los charcos producidos, por esta molesta lluvia

Se ha hecho de noche cerrada, hace frio y más que frio esta humedad que se cala en los huesos y por mucho que te abrigues, sigues sintiendo esta temperatura helada

Las calles están solitarias, no se ve a nadie, ni un solo coche, solo la neblina que atenúa las luces que hay en la ciudad,

No sé por dónde podré pasar, ya que todo está encharcado, quizás dando un salto llegue hasta la parte sin agua, probaré. Menos mal, superé el charco, pero ¿qué veo en el portal enfrente mío? Una sombra que se asemeja a una persona, seguro que lo es, ya que veo la chispa del cigarrillo que está fumando, sigo mi camino y sin querer me vuelvo y veo que la persona que estaba en el dintel del portal ha salido y parece que viene hacia mí

Deberé acelerar el paso, no me gusta nada andar por estas calles, en cualquier momento puede salir algún desaprensivo que me robe o ataque, ya que este mundo está lleno de sujetos muy raros que solo aparecen cuando las condiciones les son favorables como ahora, nunca a nocheamargapleno sol siempre buscando la oscuridad para cometer cualquier delito, ya que saben que en esta situación llevan una ventaja importante

Oigo como unos pasos detrás mío, acelero el paso, pero las pisadas también aumentan su ritmo, no quiero correr pero no me gusta nada, el frio que antes sentía ahora recorre mi espina dorsal, noto que está cada vez más cerca, me pararé y le plantaré cara, aunque ya tengo mis años, aún conservo mucha de mi potencia, no me acobardará si solo es una persona

El dueño de las pisadas esta frente a mí, es un sujeto con aspecto poco recomendable, mas bien no es de fiar, va con vestimenta muy ajada y su cabellera se junta con una poblada barba, huele a alcohol, tiende su mano mugrienta hacia mí con algo oscuro en ella, no vislumbro qué es, temo lo peor.

No me dice nada está parado frente a mí y yo le pregunto:

-¿Qué quiere? ¿Por qué me sigue? No llevo nada de valor.

- Lo que quiero es…

- Lo que sea, no se lo voy dar, déjeme en paz o gritaré.

- No lo haga, no ganará nada, estamos solos.

- Pues dígame qué quiere de una vez.

- Devolverle su cartera, que se le cayó cuando saltó el charco.

Me quedó un sentimiento de vergüenza, quiero recompensarlo, pero ya no está se ha marchado.

Magi Balsells© Catalã