Chegará o momento
em que, eufórico,
você se saudará ao chegar
a sua própria porta, ao seu próprio espelho
e cada um sorrirá à saudação do outro
e dirá, sente aqui. Coma.
Você amará de novo o estranho que você era.
Dê vinho. Dê pão. Devolva seu coração
para si mesmo, pro estranho que o amou
toda a sua vida, que você ignorou
por um outro, que o conhece de cor.
Tire as cartas de amor da prateleira,
as fotografias, as anotações desesperadas,
descasque do espelho a sua própria imagem.
Sente-se. Banqueteie-se de sua vida.
[Derek
Walcott, 1930-2017/ trad. Rodrigo Madeira]
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