sábado, 12 de dezembro de 2015

RESUMO DA REUNIÃO

Ontem, dia 10 de dezembro, foi realizada uma reunião do Comitê Distrital do PCdoB, na região central de São Paulo, para a discussão da conjuntura nacional. Conforme o camarada Nivaldo Santana, vivemos numa situação internacional adversa, com a grave recessão iniciada nos Estados Unidos em 2007, que posteriormente atingiu a Europa e a América Latina. Nesse contexto de crise econômica, que se traduz no crescimento dos índices de inflação e desemprego (apenas no Brasil, foram cortadas 500 mil vagas na construção civil, fato verificado também em outros setores de nossa economia), ocorre também o desgaste dos governos progressistas, que causou a derrota da esquerda na Argentina, na Venezuela e a escalada golpista no Brasil.

O risco de golpe de estado em nosso país é fortalecido pela hegemonia da direita no Congresso Nacional, no Judiciário, pela campanha difamatória diária dos meios de comunicação contra Dilma, Lula e o PT e pelo crescimento da extrema-direita, que fará nova manifestação pró-impeachment no dia 13 de dezembro, mesma data da implantação do AI-5, durante a ditadura militar. A maioria dos empresários brasileiros, hoje, é favorável ao golpe de estado, assim como boa parte da população brasileira, afetada pela crise econômica e desinformada pela mídia.

Os próprios governos de Lula e Dilma colaboraram, indiretamente, para o desenrolar da crise (esta observação é minha, não do camarada Nivaldo), por não conscientizar politicamente os trabalhadores e a juventude nos últimos 13 anos, não investir na organização popular e não regulamentar a mídia, por acreditar, ingenuamente, que ganhar o governo federal significaria conquistar o poder. O Executivo é apenas parte do aparelho de estado e a burguesia conseguiu fazer o cerco ao governo federal a partir das demais instituições, não hegemonizadas pelo PT, como o Ministério Público, a Polícia Federal, o STF etc., que traduzem, dentro do aparelho de estado, os interesses da grande burguesia. O governo Dilma encontra-se fragilizado (aqui, novamente, a interpretação é minha) por ter minoria no Congresso Nacional, mas também por adotar uma política econômica profundamente equivocada, frustrar anseios de mudança e não conseguir dialogar com a sociedade.

A crise é muito grave sim e o seu desfecho é imprevisível. Qualquer aposta hoje seria aposta de alto risco. Uma eventual vitória dos golpistas significaria uma derrota histórica para a classe trabalhadora brasileira e um retrocesso nas conquistas obtidas pela sociedade brasileira nas últimas três décadas de democracia, sobretudo para os mais pobres, as mulheres, os jovens, os negros e os homoafetivos, cujos direitos já são atacados hoje pelas bancadas da bala, do boi e da bíblia no Congresso Nacional.

A vitória dos golpistas no Brasil teria profunda repercussão internacional, sobretudo na América Latina, ameaçando os governos progressistas da região e isolando novamente Cuba. Seria a derrota do MERCOSUL, da Unasul, da Celac e o retorno da OEA (onde os Estados Unidos têm direito de voto e de veto) e fortalecimento da Aliança para o Pacífico, nova versão da ALCA. As empresas públicas brasileiras, a começar pela Petrobrás e Banco do Brasil, seriam privatizadas a troco de banana e a legislação trabalhista, “flexibilizada”, para favorecer ao máximo o lucro dos patrões. Programas sociais como ProUni, FIES, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida etc. seriam extintos, com previsível escalada de violência da Polícia Militar contra eventuais protestos.

O Brasil se afastaria dos BRICs e da Autoridade Nacional Palestina para cair nos braços dos Estados Unidos e de Israel, alterando a correlação de forças no mundo. Enfim, a situação é gravíssima e não diz respeito apenas ao Brasil, mas às forças progressistas em todo o mundo. O que podemos fazer, nesta situação adversa? Os camaradas presentes na reunião concordam que é preciso investir em todas as frentes – no Congresso Nacional, onde o PCdoB e Jandira Feghali fazem a diferença, no STF e sobretudo nas ruas, nos atos organizados pela Frente Brasil Popular e Frente Brasil sem Medo. Nosso partido jogará toda a sua força para fazermos grandes manifestações no dia 16, em todo o país, contra o golpe de estado e em defesa da democracia. Em tempo: quando for conversar com os seus amigos sobre a crise, não fale apenas da defesa da democracia, que para muita gente é uma coisa abstrata, mas sobretudo da defesa dos programas sociais implementados por Lula e Dilma, ameaçados pelos golpistas.

Claudio Daniel 

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