Ontem, dia 10 de dezembro, foi realizada
uma reunião do Comitê Distrital do PCdoB, na região central de São Paulo, para
a discussão da conjuntura nacional. Conforme o camarada Nivaldo Santana,
vivemos numa situação internacional adversa, com a grave recessão iniciada nos
Estados Unidos em 2007, que posteriormente atingiu a Europa e a América Latina.
Nesse contexto de crise econômica, que se traduz no crescimento dos índices de
inflação e desemprego (apenas no Brasil, foram cortadas 500 mil vagas na
construção civil, fato verificado também em outros setores de nossa economia),
ocorre também o desgaste dos governos progressistas, que causou a derrota da
esquerda na Argentina, na Venezuela e a escalada golpista no Brasil.
O risco de golpe de estado em nosso país é fortalecido pela
hegemonia da direita no Congresso Nacional, no Judiciário, pela campanha
difamatória diária dos meios de comunicação contra Dilma, Lula e o PT e pelo
crescimento da extrema-direita, que fará nova manifestação pró-impeachment no
dia 13 de dezembro, mesma data da implantação do AI-5, durante a ditadura
militar. A maioria dos empresários brasileiros, hoje, é favorável ao golpe de
estado, assim como boa parte da população brasileira, afetada pela crise
econômica e desinformada pela mídia.
Os próprios governos de Lula e Dilma colaboraram, indiretamente,
para o desenrolar da crise (esta observação é minha, não do camarada Nivaldo),
por não conscientizar politicamente os trabalhadores e a juventude nos últimos
13 anos, não investir na organização popular e não regulamentar a mídia, por
acreditar, ingenuamente, que ganhar o governo federal significaria conquistar o
poder. O Executivo é apenas parte do aparelho de estado e a burguesia conseguiu
fazer o cerco ao governo federal a partir das demais instituições, não
hegemonizadas pelo PT, como o Ministério Público, a Polícia Federal, o STF
etc., que traduzem, dentro do aparelho de estado, os interesses da grande
burguesia. O governo Dilma encontra-se fragilizado (aqui, novamente, a
interpretação é minha) por ter minoria no Congresso Nacional, mas também por
adotar uma política econômica profundamente equivocada, frustrar anseios de
mudança e não conseguir dialogar com a sociedade.
A crise é muito grave sim e o seu desfecho é imprevisível.
Qualquer aposta hoje seria aposta de alto risco. Uma eventual vitória dos
golpistas significaria uma derrota histórica para a classe trabalhadora
brasileira e um retrocesso nas conquistas obtidas pela sociedade brasileira nas
últimas três décadas de democracia, sobretudo para os mais pobres, as mulheres,
os jovens, os negros e os homoafetivos, cujos direitos já são atacados hoje
pelas bancadas da bala, do boi e da bíblia no Congresso Nacional.
A vitória dos golpistas no Brasil teria profunda repercussão
internacional, sobretudo na América Latina, ameaçando os governos progressistas
da região e isolando novamente Cuba. Seria a derrota do MERCOSUL, da Unasul, da
Celac e o retorno da OEA (onde os Estados Unidos têm direito de voto e de veto)
e fortalecimento da Aliança para o Pacífico, nova versão da ALCA. As empresas
públicas brasileiras, a começar pela Petrobrás e Banco do Brasil, seriam
privatizadas a troco de banana e a legislação trabalhista, “flexibilizada”,
para favorecer ao máximo o lucro dos patrões. Programas sociais como ProUni,
FIES, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida etc. seriam extintos, com previsível
escalada de violência da Polícia Militar contra eventuais protestos.
O Brasil se afastaria dos BRICs e da Autoridade Nacional
Palestina para cair nos braços dos Estados Unidos e de Israel, alterando a
correlação de forças no mundo. Enfim, a situação é gravíssima e não diz
respeito apenas ao Brasil, mas às forças progressistas em todo o mundo. O que
podemos fazer, nesta situação adversa? Os camaradas presentes na reunião
concordam que é preciso investir em todas as frentes – no Congresso Nacional,
onde o PCdoB e Jandira Feghali fazem a diferença, no STF e sobretudo nas ruas,
nos atos organizados pela Frente Brasil Popular e Frente Brasil sem Medo. Nosso
partido jogará toda a sua força para fazermos grandes manifestações no dia 16,
em todo o país, contra o golpe de estado e em defesa da democracia. Em tempo:
quando for conversar com os seus amigos sobre a crise, não fale apenas da
defesa da democracia, que para muita gente é uma coisa abstrata, mas sobretudo
da defesa dos programas sociais implementados por Lula e Dilma, ameaçados pelos
golpistas.
Claudio Daniel
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