sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O’Brien também não está brincando


Numa carta, Maquiavel disse o seguinte: “Basta ler O Príncipe para perceber que nos quinze anos que me dediquei aos assuntos do Estado nem dormi nem brinquei”. O que tiro desta frase é que Maquiavel, quando foi secretário de Estado, não via seu trabalho como um passatempo e parece ter procurado fazer seu melhor. Ele parece ter aproveitado o máximo sua experiência para aprender e procurar melhorar.
Numa leitura do livro Introdução à Teoria do Conhecimento, de Dan O’Brien, leio um trecho que me fez lembrar a frase de Maquiavel. Pois percebi a preocupação do autor em procurar um jeito de ensinar por um caminho mais sólido. E provavelmente isso ocorreu por suas experiências em sala de aula.

Aqui vai o trecho:

“… dei-me conta de que começar com o cepticismo pode promover um certo tipo de atitude pouco construtiva. Se nos deixarmos persuadir pelos argumentos cartesianos — e não conseguirmos encontrar uma maneira de os rebater —, correremos o risco de não levar a teoria do conhecimento a sério: ‘Se não podemos aceder ao conhecimento, então, qual o interesse em estudar tal noção?’ Neste livro, no entanto, iremos investigar conceitos como percepção, testemunho e justificação num sentido que nos permita ver como eles fundamentam o conhecimento, um conhecimento que se presume possuirmos. À medida que formos progredindo no livro, as preocupações cépticas começarão a insinuar-se, assumindo plena expressão na parte IV. Por esta altura, no entanto, teremos adquirido uma concepção rica das noções epistemológicas relevantes, o que nos permitirá não só compreender melhor o cepticismo, como descobrir a melhor maneira de o contrariar”. (p. 29)

Referências:

Dicionário dos Filósofos. Denis Huisman. Martins Fontes.
Introdução à Teoria do Conhecimento. Dan O’Brien. Gradiva.

Thiago Melo

Critica Lógica


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