Roberto Elias Salomão
Sinto uma certa angústia em amigos educadoras e educadores
com a emergência desse fascismo de araque em nossas plagas. Concluem que a
escola falhou, quando o certo é que essa juventude degenerada expressa
interesses de classe, nada mais. Por melhor que seja o sistema educacional (e
isso tem um limite no sistema capitalista), sempre haverá uma porta aberta para
o fascismo. Se não fosse assim, como explicar o nazismo alemão, o fascismo
italiano, o franquismo espanhol? Escolas ruins, professores incompetentes?
Andrea Caldas Acho que você tem razão, mas também nos falta
um orgânico projeto educativo e cultural que dispute esta juventude. Em doze
anos de governo popular, construímos prédios, melhoramos índices mas somos
tímidos no debate curricular da escola e da cultura na sociedade. Ganhamos
pontos no economicismo e perdemos muitos na "direção moral e
intelectual".
Márcia Marques há, também, um gap de educação provocado pela
ditadura, que desmontou um modelo de educação pública, implementada em grande
parte por Anísio Teixeira, e que, com ele e Darcy Ribeiro, tem na construção da
UnB sua elaboração mais refinada. Este desmonte foi crucial em transformar
nossa educação no caos em que se encontrava. reconstruir, em meio a escombros
(e tanta informação de preconceitos e xenofobias), é muito mais difícil. creio
que a educação pública tem melhorado bastante, mas ainda faltam muitos anos
para vermos os resultados desse investimento (que não pode ser interrompido,
porque ainda precisa de muito)
Maerlio Barbosa O nosso modelo educacional tem que ser
repensado. Os filhos da 5692 estão ai. Os estragos também. Tem que haver
melhora no ensino desde a mais tenra idade até as universidades. De nada
adianta melhorar as estatísticas na marra, como sempre fizeram. Esses planos
emergenciais como o Mobral, Supletivo e cotas, que vieram com data para acabar,
mas que são perenes, servem apenas como um "cala a boca" de parcelas
excluídas, mas que votam, em nada ajudam a resolver o verdadeiro problema.
Falta coragem e vontade política.
Márcia Marques tem sido implementadas mudanças – muitas
muito boas – pelo MEC em parceria com outros ministérios com sociedade civil.
falta comunicação e espaços de ampliação do debate. há uma mudança importante a
ser feita no ensino médio, que não serve para nada. frustra os mlks no período
mais complicado da vidinha deles, querem ganhar o mundo, mas não querem o ônus que
isso acarreta. começou a ser implementada na gestão do haddad. as mudanças de
ministros a partir dele sustaram as coisas. e as escolhas dos ministros não são
feitas para dar continuidade aos planos e trabalhos. o MEC é um monstro (basta
olhar o portal pra entender), cada mudança paralisa, pede novos estudos. não
acho que quem chegue não deva fazer isso, porque não posso assinar cheque
preenchido por outro sem olhar a fatura direitinho. falta é uma reforma
política que contemple relações de Estado mais estáveis.
Maerlio Barbosa Olha, eu ainda cursava o primário quando
entendi que quando se tem vontade política e se quer fazer alguma coisa, eles
vão lá e fazem. Quando não querem, formam um comissão. o MEC tem comissão para
tudo. Tenho visto muitos planos e coisas bonitas no papel, mas na prática.. E
esse negócio de "parceria com a sociedade civil" lembra muito a já
existente com as empresas particulares de ensino, que já levam muuuiiiiitoooo
dinheiro nosso e só fazem o que lhes interessam financeiramente. Agem em nome
do lucro e eu não gosto disso. Eles nem deviam ser chamados ou ouvidos, visto
que não são responsáveis pela formulação de um plano nacional de educação
popular. ACORDA BRASIL, EDUCAÇÃO É PROBLEMA DE TODOS!
Márcia Marques essa parceria com a sociedade civil, com a
população, tem se dado muito nas universidades federais, por meio de cursos e
atividades de extensão, com resultados muito interessantes. não podemos
esquecer o quanto o país é desigual em muitas coisas: dinheiro, acesso, educação,
geografia, história, cultura. em muitos casos é bom sermos desiguais e em
outros absolutamente abjeto. e é neste contexto complexo que se insere a
educação, num momento em que precisamos sair das caixinhas do conhecimento
positivista
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