Li dia desses que mais um bairro de Curitiba - o Cabral -
decidiu adotar um sobrenome. Agora será Cabral Soho, seguindo o exemplo de
Batel Soho.
O SoHo é um bairro de Manhattan, na cidade de Nova York. Seu
nome é a abreviação de South of Houston, indicando que se trata da região ao
sul da rua Houston, e um trocadilho com o conhecido bairro do Soho, em Londres.
Já em Londres o Soho tem uma tradição histórica. No século 18,
as ruas do Soho conquistaram o prestígio dos nobres. No século 19 ele era o
local escolhido por artistas e livres pensadores da Europa para germinar seus
ideais, produzir suas obras ou mesmo para se ocultarem dos olhos do mundo.
Na liberal e visionária década de 60 o Soho londrino ganhou
ares de liberação sexual, com suas lojas de produtos sexuais e seus
estabelecimentos voltados para a liberação dos desejos humanos, frequentados
até mesmo por austeros cidadãos ingleses, os pretensos guardiões da moral da
sociedade vitoriana.
Nesta mesma época a Carnaby Street, uma das mais célebres do
Soho, tornou-se conhecida por se tornar o cenário idílico do aparecimento da
minissaia, bem como de vestes coloridas e estampadas, e das famosas calças
boca-de-sino, usadas por quase todos os jovens deste período.
Voltando à Curitiba, século 21, e depois de conhecer um
pouco sobre a origem de Soho, me pergunto se incluir o sobrenome Soho trará
algum benefício para o bairro.
Me pergunto se isso não seria de uma breguice e de uma falta
de originalidade tamanha - além de ser tacanho - incorporar um
"estilo" ao que sequer existe.
Pretenciosamente arrogante acreditar que trazer um nome a um
bairro significará uma mudança de comportamento como vimos em Londres e Nova
York, por exemplo. Pior ainda, achar que trará benefícios econômicos à região.
Tomara que o meu Mercês permaneça intacto. E longe, muito
longe de cabeças pensantes como a desses senhores.
História de Curitiba Soho.
A madame entra na Louis Vuitton no shopping Pátio Batel
ostentando em seu antebraço a linda bolsa da mesma marca da loja.
Eis que, educada e discretamente, a atendente vai ao seu
encontro e diz que enquanto ela permanecesse no interior da loja a
"bolsa" deveria ficar dentro de uma sacola fornecida imediatamente
pela vendedora.
Tudo indica que a madame portava uma Luiz Vintão comprada
nas melhores lojas do ramo de Ciudad Del Leste, no Paraguai.
Rodrigo Fornos
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