“Não é somente agindo sobre o corpo dos flagelados,
roendo-lhes as vísceras e abrindo chagas e buracos na sua pele, que a fome
aniquila a vida dos sertanejos, mas também atuando sobre o seu espírito, sobre
sua estrutura mental, sobre sua conduta social. Nenhuma calamidade é capaz de
desagregar tão profundamente e num sentido tão nocivo a personalidade humana
como a fome quando alcança os limites da verdadeira inanição. Fustigados pela
imperiosa necessidade de alimentar-se, os instintos primários se exaltam, e o
homem, como qualquer animal esfomeado, apresenta uma conduta mental que pode
parecer a mais desconcertante.”
- Josué de Castro, In Geografia da Fome.
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