sábado, 18 de maio de 2013

claro que morrerei




claro que morrerei e hão-de levar-me
em ossos ou cinzas
e dirão palavras e cinzas
e eu hei-de morrer totalmente

claro que isto acabará
minhas mãos pelas tuas alimentadas
hão-de pensar-se de novo
na humidade da terra

eu cá não quero caixão
nem roupa

que o barro aceite minha cabeça
e que os bichos me devorem
agora
despido de ti

Juan Gelman

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