sábado, 28 de outubro de 2017

Vejo muito aqui no Paraná e se aplica aos outros estados. Um empresário muito rico, do interior e de origem imigrante, com um patrimônio de 500 milhões, um novo rico na classe alta-alta, é ideologicamente menos perigoso, venenoso e arcaico para a modernização do que 50 altos burocratas da capital, com patrimônios de 10 milhões, com redes sociais, culturais e políticas de muitas gerações bem instaladas na classe alta-baixa no mesmo Estado. Um capitalista dinâmico, arrojado, da nova burguesia, explorador dos baixos salários de seus funcionários e predador de matérias primas, amanhã poderá não estar mais exatamente lá com as flutuações e instabilidades do mercado. O grande rico emergente não terá o peso da inércia e da continuidade institucional dos pequenos ricos, herdeiros do velho estamento, como no caso de um Desembargador casado com a filha de um Almirante, descendentes do velho senhoriato escravista e com mentalidades reacionárias. Conhecemos mais no Brasil os nomes, atividades e papéis sociais dos 100.000 mais ricos, a elite da elite do dinheiro, os donos do grande capital, do que os 2 milhões de menos ricos logo abaixo, a elite operacional e executiva do sistema desigual. Um dos segmentos menos estudados na estrutura social brasileira é a classe alta-baixa, isso mesmo, o segmento quantitativamente significante e qualitativamente reprodutor do sistema social, a camada gestora assalariada com altas remunerações e heranças da classe dominante tradicional. O que também acontece frequentemente são os emergentes, na economia ou na política, ou seus familiares casarem com a velha ordem e reproduzirem as velhas estruturas. Precisamos é de mais pesquisas empíricas sempre difíceis de serem obtidas.


RCO

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