Vejo muito aqui no Paraná e se aplica aos outros estados. Um
empresário muito rico, do interior e de origem imigrante, com um patrimônio de
500 milhões, um novo rico na classe alta-alta, é ideologicamente menos
perigoso, venenoso e arcaico para a modernização do que 50 altos burocratas da
capital, com patrimônios de 10 milhões, com redes sociais, culturais e
políticas de muitas gerações bem instaladas na classe alta-baixa no mesmo
Estado. Um capitalista dinâmico, arrojado, da nova burguesia, explorador dos
baixos salários de seus funcionários e predador de matérias primas, amanhã
poderá não estar mais exatamente lá com as flutuações e instabilidades do
mercado. O grande rico emergente não terá o peso da inércia e da continuidade
institucional dos pequenos ricos, herdeiros do velho estamento, como no caso de
um Desembargador casado com a filha de um Almirante, descendentes do velho
senhoriato escravista e com mentalidades reacionárias. Conhecemos mais no Brasil
os nomes, atividades e papéis sociais dos 100.000 mais ricos, a elite da elite
do dinheiro, os donos do grande capital, do que os 2 milhões de menos ricos
logo abaixo, a elite operacional e executiva do sistema desigual. Um dos
segmentos menos estudados na estrutura social brasileira é a classe alta-baixa,
isso mesmo, o segmento quantitativamente significante e qualitativamente
reprodutor do sistema social, a camada gestora assalariada com altas
remunerações e heranças da classe dominante tradicional. O que também acontece
frequentemente são os emergentes, na economia ou na política, ou seus
familiares casarem com a velha ordem e reproduzirem as velhas estruturas.
Precisamos é de mais pesquisas empíricas sempre difíceis de serem obtidas.
RCO
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