sábado, 28 de outubro de 2017

A universidade brasileira como o microcosmo nacional da apatia, prostração e desinteresse político na oposição aos golpistas.


A universidade brasileira como o microcosmo nacional da apatia, prostração e desinteresse político na oposição aos golpistas. Quando um editorial reacionário de um jornal oligárquico-familiar afirma que temer está “forte” e só existe oposição virtual nas redes sociais e nos partidos de oposição, trata-se de leitura superficial, tendenciosa, momentânea e conjuntural causada pela direção dos grupos políticos oposicionistas ao PT entre 2003-2015. Precisamos entender o ano político nas universidades. O reitor da UFSC se suicidou e o ex-reitor da UFPR só não foi perseguido pelo sistema judicial e pela polícia federal, em outro escândalo interno, porque era de uma família de direita empresarial, mas a realidade profunda está em movimento nas correntezas não percebidas nas superfícies. Em primeiro lugar a fraqueza, fragilidade e esvaziamento do ANDES-CONLUTAS, com grandes divisões e a fragmentação da extrema esquerda rumo ao Partido do Só Tem Um (PSTU), rachas dos rachas. Durante treze anos fizeram oposição implacável de terra arrasada contra os governos populares do PT, da mesma maneira que um Aécio Neves, quando perdeu a eleição junto com os DEM, PSDB e a direita golpista, hoje instalada autoritariamente no ministério da educação que não lhes pertence. Pouco se importavam que o ciclo de Lula e do PT fossem os melhores anos da história da universidade pública, com aumentos de recursos, investimentos, ganhos salariais, progressões de carreira, ampliações, criações de IFES, UFs, IFETs, ingressos de novas camadas populares no ensino superior. Críticas sempre são necessárias, mas jamais uma “santa aliança” entre os grupelhos de extrema esquerda, pequenos, com uma grande base social conservadora, elitizada e de direita na comunidade universitária, que possuíam apenas a palavra de ordem – Delenda PT e com mais ódio ainda contra a primeira mulher Presidenta - Delenda Dilma. Esta “santa aliança” de PT-haters reunia desde trotsquistas, ultra-esquerdistas, monarquistas, tucanos, extremistas de direita, fascistas, viúvas da ditadura militar, MBAs, capitalistas, neoliberais e outros elementos antissociais, todos contra quem mais fazia historicamente pela universidade brasileira no legado de Lula. Neste caldo de cultura política, hoje já superado e muito dividido, brotou o atual imobilismo, descaso e apatia na luta contra os golpistas de 2016. Isto vai mudar com um novo pensamento crítico e com novas forças sociais a partir do ano que vem de 2018 porque Lula, o PT e grupos de esquerda ativos estão mais fortes e vivos do que nunca nas intenções de votos populares.

Concluindo a reflexão sobre o marasmo nas universidades . Hoje é o Dia do Servidor Público. Quem realmente perdeu no golpe? Ouvi muitos professores e alguns dirigentes do ANDES-CONLUTAS e muitos técnicos da FASUBRA-CONLUTAS (leões valentes contra Dilma e cordeirinhos mansos contra o golpista Temer) com o mesmo diagnóstico de desarranjo político-ideológico, declaravam que pouco se importavam, tanto fazia, que Temer era igual e mesmo seria menos pior do que Dilma porque estavam cansados de perderem eleições presidenciais nos 13 anos democráticos do PT. Diziam fora todos e patrocinaram inertes a pior direita no poder. Muitas dessas lideranças sindicais eram ex-petistas emocionalmente ressentidos, rancorosos por não terem conseguido seus objetivos anteriores e como ex-raivosos prejudicavam uma análise de conjuntura das políticas possíveis com a correlação de forças realistas entre 2003-2016. Hoje, um ano e meio de golpe depois, a situação só não é pior justamente devido ao grande crescimento e as gorduras acumuladas da Era do PT. Hoje só acontecem cortes, reduções, congelamento, diminuição salarial, perdas, retirada de direitos e mesmo rotinas burocráticas normais como simples progressões estão ameaçadas. E novamente cadê a tal CONLUTAS, um ano inteiro sendo golpeados sem uma única oposição firme e sem uma única grevezinha para enfrentar, ou pelo menos resistir aos golpistas! Agora essas lideranças afirmam que suas bases não querem mais lutar, eles não querem e não podem mais lutar e antes contra Lula-Dilma e seus avanços todos queriam e podiam ? Depois de longas greves quase anuais contra os progressos do PT, agora o silêncio envergonhado do bloco da extrema esquerda com a direita, que vociferavam o tempo todo contra os governos do PT e hoje são apenas sombras deprimidas se arrastando, sem quase nenhuma base combativa e sem a agressividade sindical anterior contra os governos populares sabotados e derrubados pelos embusteiros. O ambiente preparatório do golpe foi construído por anos a fio com auxílio desses setores pseudo-radicais. Agora na mega-corrupção filmada, registrada de temer, muitos agem como os paneleiros, nada mais falam e engolem a sua antiga indignação e revolta, que só serviam contra os governos populares e desaparecem na catástrofe atual da perda de direitos, salários e completa deterioração das condições de trabalho na pax golpista. Pouco se importam se os trabalhadores mais pobres, os camponeses, sem-terras, índios, quilombolas e escravizados estão sendo massacrados pelos golpistas nas periferias da nossa sociedade. ANDES-FASUBRA-CONLUTAS produziram e passaram durante anos uma mensagem equivocada para os professores, técnicos, servidores e estudantes: que o grande inimigo e alvo do ódio deles era o governo do PT, faziam sempre o jogo da direita, não lucraram eleitoralmente coisa nenhuma com o golpe dessa mesma direita a quem sempre beneficiaram ingenuamente, como nas farsas jornadas de 2013, porque sempre perdiam no voto popular eleitoral. Quem mais perdeu com o golpe foram os jovens, os jovens doutores, os jovens técnicos, os mais novos estudantes, todos que ficaram sem concursos nas IFES, concursos ampliados no ciclo anterior. Quem perdeu com o antipetismo primitivo desses setores foram os interesses populares, quem ganhava bolsas nas universidades, quem dependia de alimentação no RU, livros nas bibliotecas, apoios aos congressos para docentes, tudo que os golpistas cortam bastante hoje com o golpe. As perdas salariais só começaram porque o golpe ainda não teve tempo de arrochar e roubar salários, retirar direitos trabalhistas, como o ciclo de FHC fez ao longo de muitos anos. Agora que despolitizaram e equivocaram toda uma geração na universidade simplesmente não fazem nada e não conseguem fazer nada, nenhuma luta, zero à esquerda, nada. Tudo pode ser diferente no ano que vem porque tudo se transforma, já escrevia Heráclito, nada do que foi será e tudo é movimento. Novos ciclos e novos atores surgirão, o novo sempre vem !



RCO

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