sexta-feira, 29 de setembro de 2017



Estou triste, muito triste, confesso. Me sentindo fraco, impotente. Nós falhamos. 43% dos brasileiros querem intervenção militar. Querem, como escreveu Hobbes, abrir mão da sua liberdade em prol da segurança. A direita conservadora está fazendo seu papel. A culpa é nossa, da esquerda. Bolsonaro, num país sério, seria apenas motivo se chacota. Aqui, tem chances reais de ser chefe do executivo (se ainda pudermos falar em três poderes). É com lágrimas que olho para a minha filha e projeto o Brasil daqui a vinte anos. Não, não vislumbro possibilidades para sairmos desse lodo reacionário repleto de boçalidade. Um lodo onde a “moral e os bons costumes” são trajes para disseminar o mais rasteiro preconceito. Um lodo onde a noção de meritocracia é usada para justificar os abismos sociais. Um lodo onde a justiça é seletiva. Tivemos a chance de construir uma nação de verdade, mas infelizmente não fizemos. E hoje estamos perdidos. A maioria da esquerda, presa num looping, tenta provar a todo custo a inocência de Lula e replica como argumento as melhorias sociais promovidas por seu governo. Elas foram importantes, sem dúvida. Mas não secaram o pus da ferida. A forma de fazer política continuou a mesma, viciada, modorrenta; os lucros dos bancos atingiram os patamares mais altos da história; a educação de base, crítica e emancipadora, não foi prioridade. Eis o resultado: o Brasil mergulhado no niilismo. E ainda gastamos energia em embates facebookianos com eleitores de Dória e Bolsonaro (trogloditas por excelência) e tempo postando, para a nossa bolha vermelha, frases do tipo “onde estão as panelas?” e “coxinha é tudo burro”. Não, não é assim que mudaremos alguma coisa. Então qual é a saída, Matheus? Sinceramente não sei. Talvez, devamos “retirar o time de campo” e refazer a estratégia para tentar algo com substância daqui a alguns anos. Talvez...

Matheus Arcaro

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