Mais uma vez me sinto dividido em como analisar os
diferentes movimentos da conjuntura. De um lado, a decisão do Marco Aurélio
Melo é tecnicamente correta. A constituição não fala em suspensão de mandato e
dar a um ministro do STF a prerrogativa de suspender liminarmente um mandato de
senador é um equívoco. Lembro que a deterioração da conjuntura política começou
quando o ministro Teori fez o mesmo em relação ao senador Delcídio do Amaral,
Ali como agora, houve uma armação do Janot que queria radicalizar a conjuntura.
Nunca ficou provado que aquela conversa com o filho do Cerveró foi mais do que
uma bravata. Nunca se investigou se havia um plano de fuga em elaboração.
Prendeu-se um banqueiro e quase se destruiu um Banco com base na conversa de
uma terceira pessoa sobre o banqueiro e nenhuma prova direta coletada. Continuo
achando que o Janot é um dos grandes inimigos da divisão e equilíbrio entre os
poderes e da estabilização política no Brasil hoje.
Dito tudo isso vale lembrar que os crimes que o Aécio
cometeu tem provas assim como os do Temer, ao passo que Sérgio Moro continua
condenando a partir do novo código penal que ele instituiu m Curitiba. Neste
sentido, foi importante o revés que ele sofreu esta semana no TRF da quarta
região. A saída da conjuntura está na volta do garantismo e das regras do
código penal.
Leonardo Avritzer
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