Uma das funções da Justiça é personificar o sentimento de
frustração da sociedade. Quando a Justiça inocenta alguém que juramos ser
culpado, essa suposta culpa passa para um segundo plano. Já não mais dizemos
"aquele criminoso merece cadeia", mas sim "essa é a Justiça
desse país", ou "juiz comprado", entre outros maldizeres. O
sentimento acusador fica difuso, perde força. O crime que antes víamos com
clareza se torna quase uma miragem. O dedo que apontava para o investigado,
denunciado ou réu, passa a ser direcionado para a Justiça. Vale dizer, para o
nada, já que a Justiça é uma entidade distante em tudo, inclusive nas roupas
que usa e na língua que fala. Eis mais um motivo para Aécio e Rocha Loures
brindarem o dia de hoje com seus vinhos preferidos.
Marcelo Amorim
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