Para entendermos o que está acontecendo, é preciso trazer ao
pé da letra a ideia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é,
realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que
jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um
culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro. Deus
não morreu, ele se tornou Dinheiro. O Banco - com os seus cinzentos
funcionários e especialistas - assumiu o lugar da igreja e dos seus padres e,
governando o crédito (até mesmo o dos Estados, que docilmente abdicaram de sua
soberania), manipula e gere a fé - a escassa, incerta confiança - que o nosso
tempo ainda traz consigo
GIORGIO AGAMBEN
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