quinta-feira, 1 de junho de 2017

A CARTA DE JOESLEY BATISTA


Na iminência da queda de Michel Temer, precisamos ter em mente que esse golpe dentro do golpe é apenas uma estratégia para acelerar as reformas conservadoras. Esta última fase, que pretende descarregar o golpe de misericórdia em um sistema agonizante, partiu das delações do empresário da JBS, Joesley Batista, que, em seguida, publicou um pedido de desculpas no qual, se analisado atentamente, é possível identificar o projeto de poder que impulsionou toda essa crise política na qual o Brasil se encontra.
A “carta aberta” foi uma tentativa explícita do empresário de não cair no que a filósofa judia Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal”. Além de usar elementos retóricos fundamentais no que tange a virtude do orador, afirma-se que foi necessário burlar os seus valores para atingir um bem maior: “Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos”.
Mas será que Joesley teve que realmente se corromper? E para quê, já que é tão bem sucedido mundialmente? Ele foi forçado a violar seus princípios éticos para obter mais lucros e ficar ainda mais rico?

Por Raphael Silva Fagundes, doutorando do Programa de Pós-Graduação em História Política da UERJ e professor da rede municipal do Rio de Janeiro e de Itaguaí.


Fonte : Le Monde Diplomatique Brasil

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