Em 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln foi assassinado num
teatro. O 16º presidente dos EUA impediu a divisão do país em norte e sul e
entrou para a história como abolicionista.
Maior trunfo de Lincoln foi manter país unido
Às 22h15 de 14 de abril de 1865, no Teatro Ford, pouco antes
do último ato da peça Our American Cousin ("Nosso primo americano") a
porta do camarote onde estavam o presidente dos Estados Unidos, Abraham
Lincoln, e sua esposa abriu-se de repente e o chefe de Estado foi baleado na
nuca pelo ex-ator John Wilkes Booth. Assim morria o 16º presidente dos EUA, que
impedira a divisão do país em norte e sul, entrando para a história como
abolicionista.
Cinco dias antes, em 9 de abril, o general dos estados do
sul, Robert Lee, havia admitido sua derrota. Um público entusiástico
presenciou, nas escadarias da Casa Branca, em Washington, o anúncio do fim da
guerra civil. Ao ouvir as palavras do presidente, principalmente a promessa de
conceder o direito ao voto aos ex-escravos, o ex-ator – um sulista fanático –
decidiu assassinar Lincoln.
Em meio à guerra civil, no verão de 1864, Booth já havia
tentado, sem sucesso, sequestrar o odiado presidente e usá-lo como refém para
exigir a libertação de prisioneiros de guerra dos confederados. Diante da
derrota dos estados do sul, abandonou a ideia do sequestro e passou a planejar
o assassinato.
Foi o primeiro de uma série de atentados contra os
presidentes dos EUA. Lincoln faleceu na manhã de 15 de abril, deixando como
herança de governo um país que procurava se reconciliar, após quatro anos de
sangrenta guerra civil.
Biografia
Abraham Lincoln nasceu em Hodgenville, Kentucky, em 12 de
fevereiro de 1809. Filho de lavradores, teve que interromper várias vezes sua
formação escolar para trabalhar, seja na roça, numa serraria ou em barcos dos
rios Ohio e Mississipi. Em 1836, formou-se em direito e passou a exercer a advocacia.
No ano seguinte, mudou-se para Springfield, Illinois, à procura de melhores
oportunidades profissionais.
Filiado ao partido Whig (que deu origem ao partido
Republicano), elegeu-se quatro vezes para a assembleia estadual, entre 1834 e
1840. No início de sua carreira política, era um abolicionista reservado.
Embora considerasse a escravatura uma injustiça social, temia que a abolição
dificultasse a administração do país. Entre 1847 e 1849, foi representante de
Illinois no Congresso, onde propôs a emancipação gradativa dos escravos,
desagradando tanto aos abolicionistas quanto aos escravistas. Opôs-se à guerra
no México, o que lhe custou a reeleição.
Depois de cinco anos afastado da política, candidatou-se ao
Senado, em 1858. Foi derrotado pelo democrata Stephen Douglas, mas tornou-se
líder dos republicanos, sendo eleito presidente dos EUA em 1860. Ao iniciar seu
governo, em 4 de março de 1861, Lincoln teve que enfrentar o separatismo de
sete estados escravocratas do sul, que formaram os Estados Confederados da
América.
O presidente foi firme e prudente: não reconheceu a
secessão, ratificou a soberania nacional sobre os estados rebeldes e
conclamou-os à conciliação, assegurando-lhes que nunca partiria dele a
iniciativa da guerra.
Os confederados, porém, tomaram o Forte Sumter, na Virgínia
Ocidental, em 12 de abril de 1861, desencadeando um conflito que só terminou em
1865, com a vitória do norte e um saldo de 618 mil mortos em batalhas e vítimas
de epidemias.
Histórica batalha de Gettysburg
Lincoln encontrara o governo sem recursos, sem Forças
Armadas e com uma opinião pública pouco favorável. Armou rapidamente um
Exército para enfrentar os confederados que, apoiados por 11 estados
sublevados, chegaram à Pensilvânia e ameaçaram Washington. Em 3 de julho de
1863, travou-se a histórica batalha de Gettysburg, vencida pelos unionistas do
norte.
Alguns meses depois, ao inaugurar o cemitério nacional de
Gettysburg, Lincoln pronunciou o célebre discurso em que definiu o significado
democrático do governo do povo e para o povo, que alcançou repercussão mundial.
Reeleito presidente em 1864, anunciou um programa de educação dos escravos
libertados e a concessão imediata do direito de voto a determinados negros.
Cedeu também à exigência dos radicais que pediram uma
ocupação militar provisória de alguns estados do sul, para implantar uma
política de reforma agrária. Seu grande mérito, no entanto, foi ter mantido a
unidade do país.
Autoria Jens Teschke (gh)
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