segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Todo mundo é um teatro ,o que muda é a cena
 Os incluídos vão aceitar sua exclusão?
Penso que sim.
Nestas ocasiões, lembro a carta testamento de Getulio, em 1954. Algo assim: O povo que ajudei a libertar não será mais escravo de ninguém.
Dez anos depois, entrávamos em longas trevas.
Há incluídos que votaram contra as políticas de inclusão.
Conheci de perto três pessoas que melhoraram muito de vida graças às políticas de Lula.
Elas o odiavam.

(professor Renato Janine Ribeiro em seu facebook)

Andrè Castelo Branco Machado............................O Ney Leprevost tentou vencer as eleições disputando com o Greca apenas o anti-petismo. Chegou a afirmar à Folha que nunca votaria no PT, mas nada disse sobre o PSDB ou qualquer outro partido à direita.
Talvez, se a estratégia dele tivesse sido assumir compromissos sociais claros e um diálogo com os setores mais à esquerda, ele conseguisse atrair esse voto útil e quem sabe ganhar a eleição, como o Gustavo Fruet fez em 2012.

Certamente o Leprevost, independente do malabarismo, não mudaria a posição do PT, mas conseguiria atrair eleitoralmente uma parte significativa da base mais democrática da cidade que vota no partido e que identifica no Greca a representação direta do Richa.

Não fazendo isso, conseguiu apenas atrair os interesses mais fisiológicos de uma ala do PCdoB e de dissidentes do PT (hoje no PDT), que pouco tem influência popular, e fazer com que milhares de eleitores progressistas votassem pela primeira vez no nulo ou branco.

acredito que a direção do PT não seria atraída pelo Ney, como foi uma parte fisiológica do PCdoB e dos dissidentes do PT, mas ele atrairia sim uma base social progressista pelo voto útil. Isso não significa minha vontade, meu caro. É somente uma leitura do processo político, que ocorre independente da minha vontade. Eu votaria nulo, independente da mentira que o Ney ou o Greca contassem.


Anisio Garcez Homem ...........................Leprevost é um político de direita, tanto assim que tem atrás de si o MBL, e quis ganhar o eleitorado de direita fazendo um discurso conforme sua natureza de classe, acontece que esse eleitorado (talvez diferentemente do que Leprevost tenha acreditado) não estava em expansão, o que estava em expansão era um eleitorado querendo mudanças sociais mais profundas que as atuais instituições políticas reacionárias não podem absorver e a cúpula do PT não quer admitir e protagonizar.



Luiz Felipe Leprevost

amores e amigos, escrevi texto enorme de ontem pra hoje, tentando pensar, a partir do meu lugar de fala,
tentando pensar, como se diz, a COISA TODA. não vou postar ainda, gosto de deixar o texto respirar um pouco e então voltar a ele antes de contribuir com o grande lixão opiniático da internet. quem sabe eu poste meu "textão" de análise e ou desabafo e ou tentativa de comunicação com pessoas que gostam de refletir de maneira razoável, etc, enfim enfim. mas, entre estas aqui, algumas palavras sobre política eu direi. e só eu respondo por elas, mais ninguém, fique claro. são as que seguem:

estou a favor do movimento em nome da educação feito neste momento histórico pelos bravos estudantes secundaristas. espero que mais essa injustiça se resolva muito logo, com as exigências dos estudantes imediatamente começando a ser cumpridas pelo poder público que, constitucionalmente, tem por obrigação o ensino de qualidade

Geografia do voto

Ricardo Costa de Oliveira· ............................Como sou cidadão carioca e curitibano posso dizer que não houve praticamente nenhuma novidade na geografia do voto, na eleição do Rio de Janeiro e na de Curitiba. Vence no Rio quem vence da Leopoldina para cima, para dentro e se consolida de Bangu até a Zona Oeste. Brizola vencia assim, Lula e Dilma venceram assim. O PSOL não venceu porque ficou praticamente na Zona Sul. O emergente Crivella, mesmo evangélico e da família IURD, o que era um complicador, passou a imagem de sinhozinho branco, capturou o voto da direita lacerdista carioca, mas conseguiu mesmo dessa vez ser o candidato da Leopoldina pra dentro. Quando eu morava em Ipanema havia vários amigos que nunca tinham ido em toda a vida além da Tijuca e nem sabiam que Campo Grande existe como parte do município do Rio de Janeiro. Em Curitiba o Macedo, classe dominante tradicional, venceu nas áreas centrais, intermediárias e só perdeu na 175ª, não muito diferente do que aconteceu com Fruet e Ratinho. Na verdade essas eleições foram novamente eleições da reprodução familiar em muitas capitais como SP, PoA, Salvador, o que é a tendência da classe dominante brasileira na reprodução dos seus poderes sociais e políticos locais. Em São Paulo o PT já ganhou e perdeu várias vezes. Resultados municipais não definem antecipadamente resultados presidenciais. Se Temer seguir muito mal avaliado o PT será novamente muito competitivo em 2018 com Lula.

Firmino José Torres Ribeiro ......................Quem sabe sabe. Conjuga visão científica e prática política, a famosa práxis. Tem colega seu aí, Professor Ricardo Costa de Oliveira, que acha que tá abafando só com a visão formalista de gabinete. Assisti ao jogo de poder ontem e quase chorei. De raiva.

Ricardo Costa de Oliveira ........................As mesmas fronteiras sociais de sempre continuam existindo e atuando na geografia eleitoral, ou podemos resumir que a luta de classes está nos mesmos lugares, só que com atores diferentes neste ano e que continuarão em 2018, quiçá com Lula de novo na força do povo !

João Simões Lopes Filho......................... Mas Lula e Dilma venceram nessas áreas justamente se juntando à malta dos caciques de bairro do PMDB e da turma evangélica. O pragmatismo foi ótimo para ganhar eleições, mas não impediu as punhaladas.

Ricardo Costa de Oliveira....................... Sim, essa é a questão central, não só no RJ, mas no Brasil todo. Como vencer eleições e formar maiorias legislativas ? O PT só foi podado, só teve a sua barba cortada e aparada, potencialmente crescem de novo, o PT pode voltar a crescer na próxima temporada favorável. O PSOL não ocupou nenhum lugar novo em 2016, ou desalojou o PT para tomar o seu lugar na esquerda, na prática o PSOL só ajudou a expulsar o PT e instalar a direita. Se a esquerda vencer em 2018, Plano A é Lula, Plano B um Ciro, dessa vez o legislativo, a mídia e o judiciário serão confrontados desde o início, o que não aconteceu entre 2003-2015. Como serão essas novas lutas ? Aí está outra questão central ?

João Simões Lopes Filho.................... Como crescer de novo, se a velha base eleitoral cooptada não vai querer se juntar de novo?

Ricardo Costa de Oliveira................... Lula está em primeiro lugar em qualquer pesquisa de opinião. Lula cresce e carrega o PT junto com o aumento da crise do governo golpista de Temer.

João Simões Lopes Filho...................... Mas não basta ganhar a eleição, ele precisa de maioria na câmara. Dilma ganhou em 2014 e perdeu sua maioria sob o fogo cerrado da mídia. PP, PRB, PMDB são mercenários políticos que mudam de lado facilmente.



domingo, 30 de outubro de 2016

Euclides da Cunha


Antropólogo descreve "era das identidades múltiplas"


Em entrevista à DW-WORLD.DE, Constantin von Barloewen fala das diferenças culturais entre as Américas, descreve o ensaio como gênero literário latino-americano por excelência e aposta numa nova sociedade intercultural.

Grandes cidades européias: identidades múltiplas são a regra

Constantin von Barloewen é professor de Antropologia Comparada da Escola Superior de Design e Artes de Karlsruhe. Nascido em 1952 em Buenos Aires, cresceu na Argentina e na Alemanha, deu aulas em várias universidades da Europa e dos EUA e vive atualmente em Paris.

É autor de diversos livros, como Clown. Por uma Fenomenologia do Tropeço (Clown. Zur Phänomenologie des Stolperns), História da Civilização e Modernidade na América Latina (Kulturgeschichte und Modernität Lateinamerikas) e o recém-publicado na Alemanha Antropologia da Globalização (Anthropologie der Globalisierung). Leia abaixo a íntegra da entrevista com o escritor.

DW-WORLD.DE: Em seu livro Antropologia da Globalização, o senhor afirma que a cultura latino-americana se distingue essencialmente da norte-americana, seja na visão da morte, da natureza ou mesmo nas relações entre os gêneros. O diálogo entre essas culturas é possível?

Constantin von Barloewen: Esse diálogo é, no mínimo, bastante difícil, porque todas as constantes antropológicas – se é que se pode dizer assim – entre as culturas latino e norte-americana são completamente distintas. A América Latina se caracterizou até o século 19 pela Escolástica católica, muito metafísica, espiritual e transcedental. Esse transcedentalismo se opõe à tradição cultural norte-americana pragmática, empírica, lógica e analítica.

Quando foram fundadas as primeiras universidades na América Latina, no fim do século 15 e início do 16, no México e no Peru, que formações eram oferecidas? Além de Medicina, estudava-se Teologia, Filosofia, Ciências Humanas. E quase nenhuma ciência natural ou empírica. Ao contrário da América do Norte, onde, quando da fundação das primeiras universidades (Harvard, Princeton, Yale, etc), cem anos depois da América do Sul, foram oferecidas, de início, formações em Física e Química, por exemplo – ciências úteis e aplicáveis.

Constantin von Barloewen: diferenças culturais em foco

Obviamente a diferença hoje não é tão clara como no início do período coloonial, isso é claro. Mas se você pensa nos mal-entendidos, ou melhor, na falta de compreensão da administração norte-americana em relação à América Latina, essas diferenças ainda são visíveis. A falta de compreensão da América do Norte frente à América do Sul não se dá somente devido a fatores econômicos ou políticos, mas é, do ponto de vista antropológico, resultado de uma história cultural, de vários séculos, completamente distinta entre as duas partes do continente.

Hoje, porém, a América Latina mobiliza-se cada vez mais através do Mercosul, por exemplo, ou na oposição à Alca, a zona de livre comércio. Os sul-americanos simplesmente não querem mais ser apenas mercados receptores dos produtos norte-americanos. Hoje, forma-se cada vez mais uma identidade latino-americana frente à hegemonia norte-americana.

Na sua opinião, o culto ao vencedor não faz parte da cultura latino-americana como faz da norte-americana. O senhor diz que a América Latina, ao contrário, cultua mais a "dignidade do derrotado". Poderia citar exemplos concretos que comprovem esse hipótese?

Quando você toma os conceitos de pobreza e dignidade como constantes antropológicas, há de se lembrar, por exemplo, das grandes obras de Diego Velásquez [pintor espanhol, 1599–1660], nas quais um derrotado ou um pobre ainda pode manter sua dignidade, mesmo não sendo materialmente rico. Isso seria impensável na cultura norte-americana, que preza os grandes números, a vitória, o sucesso material.

O senhor descreve uma certa "falta de lugar" do latino-americano, que, entre outros, seria visível na literatura do continente. Poderia citar exemplos?

Penso nas primeiras obras de Ortega y Gasset. Ele esteve em 1917 pela primeira vez na América Latina, viajou pela Argentina e escreveu maravilhosamente sobre os "horizontes abertos", que o impressionaram muito. Penso também em Octavio Paz com seu Labirinto da Solidão, em Borges com seu conto maravilhoso O Sul. E penso também em filmes como os de Fernando Solanas sobre o sul ou de Carlos Sorín, diretor argentino, com seu belíssimo O Cachorro (Bombón, el perro). Essa falta de lugar, que é sempre associada ao sul, é específica da literatura e da arte latino-americanas.

O senhor descreve o ensaio como sendo uma forma de expressão latino-americana por excelência. Esse pensador ensaísta não existe da mesma forma no Velho Mundo?

João Guimarães Rosa: um entre os vários diplomatas-escritores latino-americanos

É claro que existem exemplos europeus de pensadores. No entanto, a especificidade do latino-americano está nessa coesão do pensamento entre literatura, política e ciência, na mistura dessas três formas e também na relação com questões sociais, com questionamentos sobre a justiça. Carlos Fuentes, Octavio Paz, Pablo Neruda, Miguel Ángel Asturias ou Guimarães Rosa (este último no Brasil) – foram diplomatas. Todos, de certa forma, oscilavam entre a política e a literatura. Ou seja, mesmo diante de todos os exemplos europeus, continuo a acreditar que este tipo de pensador é uma especificidade latino-americana.

Seus textos em Antropologia da Globalização se aproximam muito da forma do ensaio. Suas descrições da pequena comunidade de Sosua, na República Dominicana, chega a se assemelhar a um roteiro cinematográfico. O senhor acredita que redige seus textos desta forma devido às suas raízes latino-americanas?

Com certeza. Embora seja preciso dizer que o caráter literário do texto sobre Sosua foi uma opção consciente. Quando estive na Universidade de Harvard, em 1982, fui convidado a ir à República Dominicana. Sosua era, naquela época, uma província completamente desconhecida, cheia de imigrantes judeus. Hoje, o lugar se tornou, infelizmente, quase um ponto turístico.

De forma geral, acredito que a inteligência intuitiva é muito superior e se aproxima, no fim das contas, mais da empiria. Não acredito na chamada objetividade científica nas ciências humanas, como a conhecemos nas ciências naturais. A inteligência intuitiva é para mim, como antropólogo, muito importante.

O senhor afirma em seu livro acreditar que a América Latina pode se tornar "um exemplo, no futuro, da superação das cancelas religiosas ou raciais" para o resto do mundo. No entanto, em vários países, como no Brasil, o racismo é inerente à sociedade.

'Antropologia da Globalização', de Constantin von Barloewen

Tenho consciência de que o Brasil não é, de forma alguma, apenas a democracia étnica descrita com um excesso de otimismo por Gilberto Freyre nos anos 1930. Por outro lado, não acredito mais num mundo sob a hegemonia norte-americana, mesmo quando eles insistem em espalhar canhões, como fizeram no Iraque.

Acredito num mundo multipolar, num mundo de arquipélagos, como a América Latina já conhece há muito tempo. A América Latina é caracterizada por uma lógica híbrida (talvez seja possível explicar desta forma), onde o logos e o mito se unem e onde não há lugar para um logocentrismo puro, para o racionalismo e para o utilitarismo como na América do Norte.

O senhor diz acreditar na "incompatibilidade entre a cultura latino-americana e as exigências de uma civilização tecnológica“. O que o senhor quer dizer exatamente com isso?

A compatibilidade entre tecnologia e cultura é distinta nas Américas do Norte e Latina. Da mesma forma como a esprititualidade também é uma outra, o que leva a uma ética de trabalho também distinta. O caráter retórico da Constituição democrática ilustra a situação. Na América Latina, copiou-se muito da Europa, mas tudo aquilo era só papel, maculatura.

O continente tem, até hoje, uma relação debilitada com a modernindade. E as constituições têm, com freqüência, até hoje, um caráter meramente retórico, sem que haja uma identidade entre Constituição e realidade. É como uma cobertura sobre o bolo. O bolo é a herança cultural dos 400 anos. A modernidade é apenas a calda que cobre, mas não chega a adentrar o bolo.

Há em determinadas regiões da América Latina uma forma circular de lógica e uma outra forma de racionalismo, outras metáforas antropológicas. Pacha mama, a mãe natureza, tem outros significados. A natureza não está lá para ser militarmente subjugada, como na América do Norte, mas o homem precisa se curvar à ela, devido a seu caráter sagrado. A modernidade, neste caso, é, para mim, o mesmo que violentar a tradição cultural.

O senhor defende uma identidade que seja fortemente permeada pela interculturalidade. As tendências políticas na Europa, pelo menos em relação ao não-europeu, parecem seguir outro caminho. Como o senhor vê essa situação?

Obama: sinal de mudanças de paradigmas

Acredito que haja cada vez mais gente que não tem mais uma raiz, mas sim um entrelaçamento de raízes e identidades. Vivemos numa civilização na qual há cada vez mais pessoas viajando – através do turismo, viajar se tornou relativamente barato. É possível pertencer a diversas culturas ao mesmo tempo.

Há identidades múltiplas e o homem não será nunca mais membro de uma determinada cultura. Um habitante da Indonésia, por exemplo, pode ser ao mesmo tempo muçulmano, cidadão indonésio e amante da música clássica ocidental. Um japonês pode facilmente amar os filmes neo-realistas italianos.

Na civilização atual, temos automaticamente várias identidades. Este é o ponto: a identidade intercultural é sempre mais do que uma ou outra identidade. Ela é um terceiro fator, algo novo muito mais abrangente, porque abarca em si várias identidades e tradições culturais distintas.

O senhor cita Relato de um Certo Oriente, romance do escritor brasileiro Milton Hatoum, como uma obra de traços transculturais, onde se cria uma ponte entre Ocidente e Oriente. Tais cenários híbridos são também possíveis no chamado Velho Mundo?

Acho que sim. Quando você pensa nos milhões de africanos do norte do continente que vivem hoje na França, ou nos paquistaneses e hindus em Londres ou nos mexicanos na América do Norte, percebe que está havendo uma deslocamento elementar.

A provável eleição de Barack Obama à Presidência dos EUA é somente a expressão dessa mudança de paradigmas, dessa nova atribuição de significado do mundo multipolar. Obama como negro na Presidência iria simbolizar uma nova civilização. Uma mudança geopolítica de paradigmas não apenas na economia, mas também em toda a postura étnica dos EUA. Ele pode se transformar no rosto antropológico de uma nova civilização mundial.

Autoria Soraia Vilela

Assuntos relacionados Brasil, América Latina, Venezuela
Palavras-chave Constantin von Barloewen, globalização, antropologia, América Latina, Brasil, história, livro, publicação, socieade

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O imaginário da globalização


O discurso político aposta na globalização como solução dos problemas crônicos da UE. Mas na opinião pública alemã e nas análises sociológicas, globalização ainda desencadeia visões apocalípticas do futuro.
Manifestantes em Munique, em fevereiro último

Para a maior parte das pessoas do mundo, a globalização não passa de uma miragem, longe de ser realidade: esta é a tese do economista francês Daniel Cohen.

Por um lado, os países ricos se confrontariam com outras sociedades sobretudo através da televisão e de férias exóticas, enquanto os países pobres seriam bombardeados com imagens de uma riqueza de que não dispõem.

Em Mondialisation et ses ennemis (2004), Cohen argumenta que a globalização de hoje, na verdade, é imóvel. Afinal, os imigrantes perfazem atualmente apenas 3% da população mundial, enquanto em 1913 este índice era de 10%.

O mal necessário

Mesmo assim, a imagem da globalização que se cristaliza na opinião pública alemã é fortemente vinculada ao temor de deslocamentos drásticos e da ameaça de uma mobilidade descontrolada.
Protesto de agricultores alemães e franceses contra a redução da taxação alfandegária de produtos agrícolas, dezembro de 2005

O discurso político europeu tenta propagar que a única saída para problemas econômicos crônicos da União Européia seria se adaptar com maior flexibilidade aos desafios da globalização. Mesmo assim, os países-membros tendem nitidamente para o nacionalismo econômico, bloqueando estratégias de liberalização até dentro da comunidade.

Em um recente simpósio sobre empresa, Estado e globalização, realizado em Berlim, o historiador Gerald Feldman defendeu a elaboração de um cronograma europeu para a solução de problemas como desemprego e imigração. A abordagem da imigração como um problema marca um debate público que voltou a se inflamar há alguns meses com o temor de um "choque de civilizações" entre Ocidente e o mundo islâmico.

Alemães-alemães em extinção

Na Alemanha, esta discussão culminou em visões apocalípticas sobre o futuro da sociedade, teoricamente ameaçada pela baixa taxa de natalidade da população puramente alemã e o crescimento das famílias imigradas.

Em 'Complô de Matusalém', livro de 2004, Schirrmacher tratava do envelhecimento da população
No livro recém-publicado Minimum – Vom Vergehen und Neuentstehen unserer Gemeinschaft (Minimum – Do Desaparecimento e Ressurgimento da nossa Comunidade), o jornalista e editor-chefe do Frankfurter Allgemeine Zeitung, Frank Schirrmacher, esboçou o futuro de uma sociedade em as pessoas terão poucos ou nenhum parente de sangue, em decorrência do envelhecimento demográfico e dos múltiplos efeitos da globalização.
A tese do jornalista recebeu críticas por promover visões sensacionalistas hostis a uma sociedade multicultural, mas veio a calhar para a política restritiva de imigração e o programa coercivo de integração do governo democrata-cristão e social-democrata em Berlim.

"Em 2010 haverá tantos estrangeiros quanto jovens alemães": este o título de uma entrevista da subsecretária de Estado Maria Böhmer, encarregada do governo federal para assuntos de integração, ao jornal popular Bild.

A democrata-cristã prevê que, daqui a quatro anos, o índice de pessoas com menos de 40 anos provindas "de um contexto de migração", em grande parte sem qualificação profissional, chegará a 50% nas cidades grandes. A projeção deste cenário como fracasso da sociedade multicultural desencadeou inúmeras críticas na imprensa alemã.

Estado nacional, não social

O temor de que as identidades locais se dissolvam em decorrência da globalização levou a uma nova defesa e legitimação do Estado nacional. Para o sociólogo Ralf Dahrendorf, defensor do liberalismo político, a atual "moda" de minimizar a importância do Estado nacional diante da formação de blocos econômicos regionais e de instituições globais é errônea e até perigosa.

"Apesar da contínua busca de novas identidades – européias, latino-americanas e outras – e apesar das várias referências a uma nova cidadania mundial ou até uma 'sociedade global de cidadãos', a maioria das pessoas se sente em casa em seu país, num Estado nacional a que eles pertencem como cidadãos", afirmou o sociólogo em artigo publicado no diário conservador Die Welt.

Tradições políticas extra-nacionais, como o Estado social europeu, estão sendo questionadas como construção. Num recente simpósio sobre globalização e cultura social, o teórico de cultura econômica Joachim Zweynert argumentou que uma cultura social comum da Europa seria apenas uma reação à crise em que se encontra o continente: "Toda discussão sobre um modelo social europeu é uma mera tentativa das elites de encontrar sustentação diante dos desafios da globalização".

O 3º Mundo não é longe daqui?

O temor da dissociação das fronteiras nacionais, culturais e étnicas vem acompanhado da apreensão por uma possível globalização do terceiro-mundismo. Para o sociólogo e historiador Reinhart Koessler, o subdesenvolvimento já perdeu o vínculo territorial e deixou de ser privilégio do Terceiro Mundo.

Sem-teto na Alemanha

"Os excluídos, discriminados e abandonados das inner cities da América do Norte e dos banlieues de Paris – assim como aqueles que vivem nas amplas regiões da África, América Latina e Sudeste Asiático desvinculadas do mercado mundial – são confrontados com uma realidade impiedosa semelhante: quem depende – para sua sobrevivência – de ser inserido no contexto de aproveitamento capitalista está em desvantagem se não conseguir realizar a exploração de sua própria mão de obra", afirmou o sociólogo em artigo publicado no diário berlinense taz.

Comparações do gênero dão a pensar por sua falta de parâmetros reais. E talvez corroborem a opinião de Daniel Cohen de que, nos países ricos, a globalização é – de fato – sobretudo imaginária.

Sensibilidade islâmica e massas movidas a mídia

Intelectuais atuantes na Alemanha comentam a onda de violência desencadeada pelas polêmicas charges de Maomé. A dinâmica da mídia é tão poderosa no contágio das massas, que nem importa mais qual tenha sido o motivo do conflito. 



Autoria Simone de Mello

Assuntos relacionados Lago de Constança, Mercedes-Benz, Baden-Württemberg, Camarote.21, Cerveja, Alemanha
Palavras-chave globalização, alemanha, opinião, pública, sociologia, subdesenvolvimento, terceiro mundo

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Emigrante che vieni Emigrante che vai (Canti popolari)

Diversidade cultural nas escolas é relevante para as aulas de História


A percentagem de filhos de imigrantes nas escolas alemãs é cada vez maior. Especialistas avaliam o quanto essa diversidade cultural e religiosa influencia as aulas de história.

Alunos de diferentes origens dão contribuições distintas nas aulas de História

A partir dos anos 1950, a Alemanha recebeu, durante várias décadas, o que se convencionou chamar de "trabalhadores convidados" (Gastarbeiter). Muitos deles acabaram ficando no país. Hoje, nas grandes cidades alemãs, é comum encontrar salas de aula com grande número de descendentes de imigrantes.
Num estudo realizado com recursos da Fundação Körber, de Hamburgo, especialistas avaliaram quais são as influências das diversas tradições culturais e religiosas para as aulas de história na Alemanha.

"Saltamos da Revolução Francesa para o período nazista, quer dizer, antes passamos rapidamente pela República de Weimar, mas ficou faltando tudo o que aconteceu entre uma coisa e outra. Não sei como a Europa se desenvolveu nessa época. O mesmo acontece com a minha própria história. Sou de origem turca, mas não estudei a história do Império Otomano", conta Hakan, estudante do Instituto Asiático-Africano da Universidade de Hamburgo.

Distância da realidade

Prisioneiros a caminho do campo de extermínio de Treblinka: perseguição aos judeus é tema recorrente nas aulas de História

A mesma crítica é feita por outro estudante, Bilal, filho de libaneses. Segundo ele, Hitler e a história do nazismo foram tratados nas aulas de História durante muitos anos, fazendo com que a abordagem do tema se tornasse cada vez mais distante da realidade.

"As aulas foram ficando cada vez mais objetivas, mais frias. Foi se perdendo a relação humana com o assunto, porque se repetia demais cada detalhe. Chega um ponto em que a história do nazismo se torna simplesmente um tema a ser obrigatoriamente tratado, mas as tragédias que se escondem por trás não são mais mencionadas, de tanto que o assunto é mastigado. É como quando você vê um filme muitas vezes e perde a relação com ele. Aí você não quer mais ver o filme pela vigésima vez", comenta o estudante.

Abordagem contemporânea

O período nazista e o extermínio de seis milhões de judeus é um dos temas centrais das aulas de História na Alemanha. O extremismo político e o antissemitismo entre jovens muçulmanos no país fazem com que o assunto, hoje, receba um destaque ainda maior.

Sebastian Marcks, professor de História na escola Johannes Brahms, no norte do estado de Schleswig-Holstein, não acredita que os temas tratados nas aulas de História deveriam ser outros; a forma de abordá-los, sim, é que deveria mudar. Filmes, jogos ou romances históricos poderiam, segundo ele, servir de base para uma aula de História mais moderna. Neste sentido, é preciso prestar atenção somente na veracidade dos fatos. E corrigir as abordagens errôneas durante as aulas.

Histórias pessoais

Em suas aulas sobre o nazismo, Marcks não faz seus alunos seguirem à risca os livros de história. No centro de seu curso estão, muito mais, as lembranças pessoais, ou seja, "histórias contadas".

Quando o assunto na sala eram os testemunhos da Segunda Guerra e dos anos do pós-guerra, "os alunos se mantiveram muito retraídos, até superarem um bloqueio inicial. Alguns tinham um parente, às vezes um avô, a quem podiam fazer perguntas. Mas outros não tinham. Foi quando os aconselhei a ir até um asilo de idosos ou dar uma olhada na vizinhança. Mesmo sem muito entusiasmo no começo, eles acabaram indo e os resultados foram ótimos. Eles gravaram entrevistas e nós produzimos um programa de rádio com esse material. Ou seja, esse é um tipo de aula voltada para a realização de um produto", explica o professor.

Diversidade de informação

Escola com alunos de várias origens: histórias também diversas

O historiador Rainer Ohliger escreveu, junto com Viola Georgi, professora de Educação Intercultural da Universidade Livre de Berlim, o livro Crossover Geschichte (História crossover).

Neste, os autores apontam as falhas de dar aulas de História hoje, como se fosse 50 ou 60 anos atrás. Naquele tempo, a maioria dos estudantes estava, há várias gerações, enraizada na Alemanha. Numa sala de aula hoje estão sentados, muitas vezes, escolares com pais vindos de 20 nações diferentes ou mais.

Histórias sobrepostas

"Isso implica uma maior diversidade nas aulas de História", analisa Ohliger. "Os alunos trazem mais histórias, as informações não são mais uniformes como eram há 30, 40 ou 100 anos, quando as histórias iam sendo passadas de pai para filho, sem que mudasse muita coisa. E eram histórias sempre parecidas com as dos outros colegas também. Hoje, as histórias das famílias são diferentes; a forma de contá-las e os contextos nos países de origem dos pais desses alunos também são distintos. E ainda há a história da própria migração, que desempenha um papel importante. Daí surge um mosaico no qual se sobrepõem muitas histórias, interpretações e formas de narrar, o que acaba gerando algo novo", completa o especialista.

Não seria o caso, todavia, de jogar o livro de história do avô no lixo. A Segunda Guerra e o período nazista são um capítulo da história alemã que não se apagou automaticamente nem para sempre depois de 1945. Estudantes, professores e pesquisadores precisam, contudo, atualizar a forma de tratar do assunto. Só assim os jovens – sejam eles descendentes de migrantes ou não – poderão reconhecer como as lições do passado são importantes para o presente e para o futuro.

Autora: Ute Hempelmann

Revisão: Simone Lopes

Acordo para levar mão de obra turca à Alemanha completa 55 anos

Grupo de 55 trabalhadores turcos chega à Alemanha em novembro de 1961
Deutschland türkische Gastarbeiter 1961 (picture-alliance/dpa/W. Hub)

Após a Segunda Guerra, a produção na Alemanha Ocidental cresceu tanto que havia mais trabalho do que mão de obra. Em 30 de outubro de 1961, um acordo com a Turquia buscou resolver o problema.


Há 55 anos, em 30 de outubro de 1961, era assinado na então capital Bonn o chamado "Acordo de recrutamento" entre a Alemanha e a Turquia. Seu objetivo era trazer turcos saudáveis e solteiros para trabalhar na Alemanha, num tratado bilateral que, nas décadas seguintes, iria mexer profundamente na demografia alemã.

Os termos incluíam o pagamento da passagem e despesas de viagem até a Alemanha. O bilhete de volta para a terra natal, por outro lado, caberia ao empregador alemão – porém não em todos os casos. Assim rezava o "Regulamento da contratação de empregados turcos para a República Federal da Alemanha".

Dupla vantagem

Antes, a Alemanha já havia firmado acordos de recrutamento de mão de obra com a Itália (1955) e a Espanha (1960). Depois da Turquia, e até 1968, vieram Marrocos, Portugal, Tunísia e a então Iugoslávia.
 Deutschland türkische Gastarbeiter 1960/70 (picture-alliance/CPA Media Co. Ltd)
Ministro turco do Trabalho, Ali Naili Erdem (esq.), visita a Ford na Alemanha, 1964
Durante o assim chamado "milagre econômico", o país precisava de reforço operário. Em seguida à Segunda Guerra Mundial, a produção na Alemanha Ocidental crescera tanto que havia mais trabalho do que mão de obra nas fábricas e minas.

O acordo de 1961 permitiu à Alemanha Ocidental abrir uma sucursal da agência alemã de trabalho em Istambul. Os empregadores alemães podiam comunicar a essa central suas necessidades concretas de trabalhadores. A agência, por sua vez,  recebia as candidaturas, fazia uma seleção preliminar e organizava a apresentação dos trabalhadores.

O grande afluxo de interessados em trabalhar na Alemanha tinha duas vantagens para a Turquia: eles eram bem pagos, e geralmente enviavam dinheiro para suas famílias no país natal. Além disso, através da nova atividade, os operários se qualificavam profissionalmente, podendo mais tarde levar esses conhecimentos de volta para a Turquia.

Hóspedes por tempo limitado

A atuação dos contratados turcos deveria ser por prazo limitado. Assim, da mesma forma que seus colegas italianos, gregos ou espanhóis, eles eram chamados de gastarbeiter (trabalhadores convidados). Após dois anos, deveriam voltar para o país de origem, sendo substituídos por novos candidatos, uma medida que visava evitar a imigração. De início, a vinda da família também era proibida.


Por desejo dos empregadores, a nova versão do acordo com a Turquia, de 1964, suspendeu a restrição de dois anos de permanência. Era demasiado caro e trabalhoso repetidamente trazer e treinar novos operários. Mais tarde, passou-se a também permitir que trouxessem suas famílias para a Alemanha.

Porém o milagre econômico alemão foi cortado pela crise econômica no início da década de 1970, desencadeada pela crise mundial do petróleo. Em 1973,suspendeu-se o recrutamento de trabalhadores convidados: neste meio tempo, 2,7 milhões de turcos haviam se candidatado ao trabalho na Alemanha Ocidental. Contudo, apenas cerca de 750 mil vieram de fato e, segundo estimativas, a metade deles permaneceu no país.

Opções forçadas

Hoje, os turcos constituem o maior grupo de imigrantes da Alemanha: aqui vivem pelo menos 3 milhões de pessoas nascidas na Turquia ou de ascendência turca. Destas, 800 mil possuem nacionalidade alemã.
Mas os turcos não podem manter dupla cidadania, por isso, os que nasceram na Alemanha e possuem ambas as nacionalidades têm que optar por um dos dois passaporte até os 23 anos de idade.
Apesar do grande número de operários recrutados que optaram por viver aqui, a Alemanha só foi declarada país de imigração de fato através das leis de cidadania do ano 2000 e da lei de imigração de 2005.
Relíquias da Guerra Fria


Data 30.10.2016
Autoria Klaudia Prevezanos (ms)


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Em Juiz de Fora, muita gente manipulada pela mídia reelegeu o candidato do PMDB, não porque suas propostas fossem melhores ou seu mandato seja eficiente, mas por um tal de ódio ao PT. O que mais se lia nas redes sociais era sobre esse ódio. Então o ódio não deixou que a candidata do PT vencesse, não foi o programa dela, foi o ódio, o ódio burro, o ódio da ignorância. Mesmo com projetos para a saúde e educação muito superiores ao quem vem sendo feito (aliás, não feito) na cidade, o ódio venceu. Não se votou pensando naqueles que precisam das unidades de saúde do município, das creches ou das escolas. Penso que ser limitado é isso, é não conseguir ir além de si mesmo, é não saber pensar socialmente na hora de um voto, é não saber cidadania ,é ser levado pelo ódio da ignorância.

Lázara Papandrea

O NOVO DE NOVO !!!!!!

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E não é que os ventos renovadores da política nacional parece que vieram para ficar de vez ? O novo, a renovação tão reclamada pelo povo vestido de palhaç.....quero dizer de patriota verde e amarelo que invadiu as ruas , praças e avenidas chegou e chegou com força total.
Porto Alegre na vanguarda do atraso elege Nelson Marchezan Jr, um neófito na política, novinho e que nem sabia o que era isso até o outro dia. prova é que seu pai foi deputado da ARENA partido da sustentação do golpe de 64 e foi líder do governo ultimo governo golpista daquele período , o do General Figueiredo.
Portanto as credenciais do indigitado falam por si, nem precisa escrever mais nada e só nos resta parabenizar esse povo maravilhoso da capital gaúcha pela sua excelente e renovadora escolha pois nada faz mais sentido do que eleger um filho golpista de um pai golpista.
Mais uma vez parabéns povo gaúcho, parabéns povo brasileiro que mais uma vez deu provas ao criador que foi uma excelente escolha dele em não colocar vulcões, terremotos, maremotos e tsunamis por aqui, com esse povo somos um país totalmente auto suficiente em catástrofes .

Amém !!!!!

Rubem Gonzalez

REFLEXÃO, A QUENTE, DE UM MILITANTE DE ESQUERDA INDIGNADO

Milton Temer

REFLEXÃO, A QUENTE, DE UM MILITANTE DE ESQUERDA INDIGNADO - Tristes tempos. Terminado o segundo turno, que ninguém me venha mais com a vitória do “ninguém”. Voto nulo e voto branco, queiramos ou não, só garantem a vitória de quem ganhou.
E quem ganhou foi a direita.
O retrocesso e até o obscurantismo se instalam pelo voto popular. Os golpistas festejam, e já estão aí as manchetes dizendo que o governo golpista saiu das urnas referendado.
Como explicar isso depois de 14 anos da eleição de líder sindical, e de seu partido definido como classista, dos trabalhadores, socialista?
Ouso dizer, e que ninguém me venha de borzeguins ao leito achando que não é hora de comentar, que mergulhamos nesse cenário trágico exatamente por conta deste combinado Presidente eleito/cúpula do neoPT não ter tido a coragem política de por em prática nada daquilo que justificou sua esperançosa chegada ao Planalto.
Pelo contrário.
Traiu o que marcava sua caminhada quase heroica de duas décadas na oposição aos governos neoliberais e se instalou, não para desconstruir, mas, sim, par dar continuidade ao que antes condenava.
Neste último período, então, chegamos ao alambrado da vilania, quando não da traição vil, pela vilania do estelionato eleitoral de Dilma Roussef.
Estelionato, ademais, que terminou por concorrer de forma intensa com a audácia de uma direita absolutamente bandalha - porque muito mais corrupta, oportunista e desqualificada, do que propriamente ideológica.
Veto à Auditoria da Divida que o PSOL conseguiu fazer aprovar no Congresso; sanção da Lei Antiterror, hoje principal instrumento de repressão do clone pindorama de Mussolini; acordo para o primeiro passo do projeto criminoso de entrega do Pré-Sal, proposto por José Serra; para além das tentativas de “ajuste”, via Levy e Nelson Barbosa, na linha do que o economista referencial de Lula, o banqueiro tucano Henrique Meirelles, ora implementa ritmo acelerado.
Está aí uma penca de rendições humilhantes que não impediram que a direita mais reacionária rompesse o Pacto Conservador de Alta Intensidade que mantinha com o lulopragmatismo.
O resultado não poderia ser outro, senão a tragédia concretizada nessa ascensão brutal do retrocesso político e social .
Uma tragédia que lamentavelmente não se restringiu aos responsáveis pela desmoralização de suas bandeiras.
Frustrou também os esforços do PSOL, no Rio, em Belém e em Sorocaba.
Que essa cúpula petista seja rapidamente varrida, para que a esquerda possa reiniciar sua afirmaçãoo de valores reformistas e revolucionários.
PS - Não culpo eleitores que optaram pelo obscurantismo no Rio. Que ele realize, na própria vida, a responsabilidade pela eleição de um perigoso reacionário, apóstolo do mais abjeto obscurantismo. E daí tire as consequências. Deposito minhas esperanças na lucidez, na coragem e na combatividade dos que sufragaram Marcelo Freixo

Luta que Segue!! Pois Moer no Áspero é nossa sina

Eleições municipais


Quem perdeu?
São todos presos, todos pretos, todas mulheres, são todos pobres, todo poetas todos loucos e miseráveis.

Vida que segue.

Jose Carlos Sucupira

A direita passou o rodo nas eleições municipais. Será que deveriam mesmo comemorar?
Agora vão ter que governar sem grana para cumprir as muitas promessas e provar que são a solução.
Vão ter que fazer a mágica de defender estado mínimo e ao mesmo tempo garantir a melhoria dos serviços públicos.
E a gente só de boa, trabalhando a base, tomando as ruas e construindo o momento do retorno; dessa vez pra ficar.

2018 promete!

Fernando Lopez
No Rio de Janeiro, somando os ausentes com os votos nulos e brancos, quase 40% dos eleitores abriram caminho para a vitória de Crivella. Sem mencionar o perfil assustador da Câmara de Vereadores. O Rio de Janeiro é uma distopia em movimento. 2016 tem sido um ano dos mais sombrios de que tenho memória. E olha que nasci no primeiro ano da ditadura. Em 1965. Familiares e pessoas muito próximas foram exiladas. Torturadas. Assassinadas. A homofobia levou meu talentoso tio-irmão. Mas hoje sinto o peso da volta de algo que já imaginava pertencer ao passado longínquo. Doce inocência. Quanta ingenuidade. Fascistas proliferam por todos os lados. Os que lutam por um mundo melhor são acusados de arrogantes, até pelos seus pares. Mundo estranho. A intolerância reina soberana. Hoje a democracia e o Estado de direito não passam de formalismo retórico. Mas estamos todos imobilizados discutindo filigranas ideológicas enquanto o Brasil é tomado de assalto pelas elites de ocasião. Com nossa falta de reação, deixamos que se destruísse rapidamente um país. Todas as redes de proteção social estão sendo desmanteladas. Princípios mínimos de dignidade e cidadania já não fazem mais parte do nosso cotidiano. Capitulamos. E nos tornamos meros destroços humanos. Despojos descartáveis para o banquete voraz dos devoradores da vez: Temers, Dórias, Grecas, Marchezans, Moros, Moraes, Serras, Aécios e Crivellas. Até Donald Trump nos assombra. A lista é sem fim. A dor é imensa. Faço uma pausa. O amanhã escurece. A tarde se esquece. A noite é tão longe. Outro mês se aproxima. Não me lembro dos últimos novembros. Quantos sóis delicados, céus azulados? Quantas nuvens aflitas, chuvas amargas? Sinto falta de novos setembros... Ah, se eu pudesse apagar todos os dezembros! Por hora, meus inimigos venceram. Os restos de mim pedem descanso.


Ulysses ferraz
" Я, как стакан,хрупок и тонкостенен. Я многогранен, как
стакан".

(Венедикт Ерофеев)

При всей эксцентричности и как будто крайней субъекти-
вности, его потусторонняя точка зрения близка к тому, что
называют "голосом совести". Не знаю, какие у него были
отношения с самим собой, то есть ставил ли он себя перед
тем судом,какому подвергал происходящее. Но его
обыкновенно безапелляционные суждения почему-то прини-
мались без сопротивления. Почему-то мы признавали за ним
власть судить так решительно. Чем-то это было оплачено.

(Ольга Седакова.Из воспоминаний)

Признанный гений творческой свободы- Венедикт Ерофеев
родился 24 октября 1938 года







sábado, 29 de outubro de 2016

PAUTA PARA QUEM GOSTA DE COMBATER A CORRUPÇÃO


A primeira medida que deve ser tomada por um governo popular, sério e comprometido efetivamente com os desmandos, a corrupção e a impunidade é a reabertura do caso "Banestado" aonde o país foi lesado em centenas de BILHÕES de reais ou dólares , tanto faz.
Esse caso ficou a cargo de apenas um juiz de primeira instância - advinha o nome dele - e graças a uma derrapada fenomenal do Planalto e a conivência criminosa de setores do judiciário e do legislativo ficou no zero a zero, inclusive o "cumpadi" Youssef ficou na boa como sempre, afinal quem tem padrinho não morre pagão.
O caso Banestado é crime de estado, é crime de lesa-pátria e deve ser apurado profundamente por uma comissão multidisciplinar que devem constar desde auditores independentes, banco central, judiciário e justiça militar pois o caso extrapola os danos de ordem civil e pecuniária e se coadunam com a segurança do estado.
Um ervanário que representa mais que o PIB de muitos países de primeiro mundo ou o PIB de dezenas de anos de países mais pobres não pode ser tratado cartesiana e burocraticamente por um juizinho de primeira instância como se tratasse de uma pirâmide fantasiada de MMN da TelexFree ou Hinode.
O tratamento deve ser de forma de quebra de segurança de estado, é grana suficiente para transformar por exemplo o Brasil na quarta potência militar do planeta ou garantir a universidade pública e gratuita para cada jovem brasileiro da próxima geração e ainda sobrar troco para a merenda.
Portanto urge que esse processo seja reaberto o quanto antes, que seja prioridade do primeiro governo popular que assumir o país, até porque esse que aí está é composto por quadrilheiros réus desse processo e são salvaguardados por um judiciário que levou a sua parte num passado recente para que a punição tenha sido exemplar.

No caso uma punição que foi um exemplo de impunidade, sem vergonhice, acobertamento de crimes diversos e que enche de vergonha qualquer brasileiro que possua mais de dois neurônios e antes de tudo dignidade e vergonha na cara. 

Por Rubem Gonzalez
Marcelo Varnoux Garay
cientista político

Si eventualmente los resultados del Sí y el No a la reforma parcial de la CPE son ajustados, la distorsión del padrón electoral podría inclinar la balanza en favor, por supuesto, del oficialismo.

No cabe duda que los vocales del anterior Tribunal Supremo Electoral  protagonizaron un papel de fundamental importancia para los objetivos políticos del oficialismo. La circular 071 de diciembre de 2014, la suspensión de la candidatura de UD en el Beni y la grosera violación del principio de preclusión en Chuquisaca devaluaron derechos civiles y políticos fundamentales, pero consiguieron "fraguar” resultados favorables a varios candidatos del MAS.

El daño propiciado por los exvocales a la democracia boliviana es extenso y profundo, por lo que en algún momento tendrán que rendir cuentas de sus actos ante la justicia.
Sobre los actuales vocales del TSE todavía se ciernen más dudas que certezas. La sombra de una dependencia política respecto del oficialismo no ha conseguido disiparse y la ciudadanía desconfía de su transparencia. Hasta el momento sus actuaciones no se han orientado, precisamente, a iniciar el proceso de reparación de los daños provocados por sus antecesores, más al contrario, se presentan ambiguas e incluso contradictorias.
Algunos ejemplos de lo afirmado: su presidenta defendió el principio de preclusión por el cual los vocales departamentales de Chuquisaca anularon más de 9.000 votos del FRI, lo que permitió la victoria del candidato del MAS a la Gobernación en primera vuelta. Sin embargo, el proceso que ha instaurado el TSE contra estas personas no aborda el problema de fondo (elección irregular del gobernador masista) y las sanciones impuestas son, prácticamente, un saludo a la bandera, ya que dejan en la impunidad la comisión de un delito electoral según la norma.
En octubre de este año el TSE no permitió que Página Siete publicara una encuesta que indaga el porcentaje de personas a favor de la re-reelección de Evo Morales, aduciendo que esto implicaría una especie de "inducción del voto”. Sin embargo, pocos días después, no se pronunció sobre una encuesta, sobre el mismo tema, que publicó IPSOS en varios medios de comunicación. Y así…
Al parecer, en el interior del grupo de vocales existen tensiones y criterios contrapuestos que pueden colocar en riesgo el desempeño del Órgano Electoral y afectar, por ejemplo, el proceso del referendo convocado para febrero de 2016, en el que se consultará a la ciudadanía si está o no de acuerdo con la reforma parcial de la CPE para viabilizar la re-reelección de Morales y García Linera.
En medio de estas dudas aparecen las grandes tareas que el TSE debe realizar para intentar recuperar la credibilidad ciudadana. La más importante, por supuesto, es la auditoría y/o debida depuración del padrón electoral. Sobre el particular, es preciso recordar que en 2009, cuando Antonio Costas presidía la extinta Corte Nacional Electoral, se constituyó el padrón biométrico con el fin de resolver un tema pendiente por años: la inflación del padrón electoral. En ese momento, Costas indicó que la tarea estaría respaldada por una impresionante plataforma tecnológica que podría realizar algunas de las siguientes tareas: si usted se cambió de domicilio entre dos eventos electorales, el sistema podría detectar esto y habilitar su nueva dirección eliminando la antigua de forma automática. De igual forma, las personas que fallecieran deberían ser automáticamente depuradas del padrón. En fin, el sistema parecía destinado a resolver un problema complejo.
Pero resulta que el padrón biométrico, según expertos de la OEA, es vulnerable a manipulaciones informáticas (hackeo) y al parecer es una lista de nombres, fotos y huellas que no están vinculadas con los datos del Sereci. Y es que desde 2009 nadie ha realizado una auditoría completa del mismo, agravando el problema de la ya referida inflación del padrón electoral. Cuando fue director del SEGIP, Antonio Costas denunció la existencia de más de 600 mil cédulas de identidad duplicadas que constituyen un verdadero riesgo en cualquier evento electoral, ya que fácilmente pueden distorsionar el resultado de la voluntad del pueblo (con un margen de entre 8 y 10%). ¿Qué ha hecho Costas desde el TSE para resolver este problema?
Si eventualmente los resultados del Sí y el No a la reforma parcial de la CPE son ajustados, la distorsión del padrón electoral podría inclinar la balanza en favor, por supuesto, del oficialismo, ya que seguramente habrán personas que voten dos y hasta tres veces; posiblemente también lo hagan un número indeterminado de fallecidos. Entonces, ¿hasta dónde es cierta la voluntad de los actuales vocales del TSE de rescatar a la institución del hoyo en el que la han dejado los anteriores titulares?
Nos encaminamos hacia un referendo en el que el oficialismo ha declarado que se "juega la vida”, y habrá que añadir también que los bolivianos nos jugamos la viabilidad de nuestra "democracia”. ¿Qué garantías ofrecen los actuales vocales del TSE para que la voluntad del pueblo se exprese fidedignamente, sin distorsiones y/o sospechas de fraude? En términos sencillos, los Costas, los Exenis y el resto deben demostrar al país que no son simplemente los "mandaderos” del MAS, como fue el caso de Ovando y compañía. Deben convencernos de que ya no juegan un rol político en la validación y/o distorsión de la voluntad popular expresada en las urnas.

www.paginasiete.bo

13 teses sobre a direita golpista "envergonhada" no Brasil:

Ricardo Costa de Oliveira

- Não existe direita e esquerda - É de direita.
- Fala da educação, saúde e não apoia movimentos e greves dessas áreas - É de direita.
- Diz defender a educação e nunca critica os desastres na educação de Temer e Beto Richa - É de direita.
- Não existem classes sociais e nem lutas de classe -- É de direita.
- Quase só critica o PT e pouco se lembra do Temer, PSDB - É de direita.
- PT hater - É de direita.
- Diz ser apartidário, apolítico e só critica preferencialmente a esquerda - É de direita.
- Vive pregando o impossível e vota nulo quando existem alternativas de esquerda - É de direita.
- Finge ou parece ser de ultra-esquerda e só prega confusão e desmobilização na ferradura junto com a ultra-direita - É de direita.
- Diz que o seu partido é o Brasil integral, não reconhece o fracasso do golpe de 64 e é do tipo colonizado e entreguista - É de direita.
- Jornalista ou magistrado associado, puxa-saco e defensor dos donos do poder - É de direita.
- Não quer definir o golpe como golpe - É de direita.
- Quer vender serviços para golpistas - É de direita.

A direita golpista contra a democracia é a desigualdade social necessária, "natural" do mercado e mantida pelo Estado com suas (in)justiças e mídias seletivas. Para a direita o Estado serve para ser privatizado, para proteger com uso de violências os interesses dos mais ricos, para garantir a imensa acumulação de riquezas e poderes para esta minoria empresarial e política.
O jornalista Luís Nassif afirmou nesta sexta-feira, 28, que o avanço das investigações da operação Lava Jato esbarraram no "poder real" da elite brasileira.
"Daqui para frente irão se confrontar com as verdadeiras estruturas de poder, o pacto tácito entre mídia, lideranças tucanas, a PGR e os Ministros mais combativos do STF. E perceberão a diferença entre bater em um governo inerte e investir contra o poder real. Será um embate curioso", afirma.
Segundo Nassif, embora haja uma clara tomada de posição de toda a Lava Jato contra Lula/PT e a favor do PSDB, a mina Lula está prestes a se esgotar. Para sobreviver, a Lava Jato terá que virar o disco. E virar o disco significará romper com o pacto de impunidade do PSDB.
"Não é por outro motivo que Gilmar Mendes e seus blogueiros começaram a bater forte na operação e em Sérgio Moro", afirma. "Procuradores e delegados têm o poder de controlar os fluxos seguintes de vazamentos, para uma mídia pouco propensa a dar espaço contra os seus. Depois, no âmbito do STF – para onde irão os acusados com foro privilegiado – a PGR poderá se valer do fator tempo de acordo com seus critérios. Bastará colocar mais gás em alguns processos que nos outros, para controlar os efeitos políticos", argumenta Nassif.
"Mesmo assim, a mega-delação da Odebrecht significa artilharia pesada contra todos os frequentadores do saloon, em um momento em que a blindagem do PSDB passou a incomodar até a opinião a pública não alinhada e se tornar motivo de chacota nacional."
(via 247)

Carlos Ruggi
Na década de 1990, as greves foram duramente reprimidas para arrochar os trabalhadores e arrancar direitos.
No BB, por exemplo, o movimento foi enfraquecido de tal forma, com demissões e assédio aos grevistas, que o governo FHC conseguiu impor o silêncio, uma perda salarial de pouco mais de 50%, o fim da licença prêmio e a retirada de uma série de outros direitos.
Nos anos dos governos Lula e Dilma, a categoria voltou a fazer greve e, mesmo com toda dificuldade da disputa entre patrões e empregados, não houve demissões ou descontos salariais de grevistas. A luta dos trabalhadores garantiu uma recuperação de cerca de 30% (além da inflação) das perdas do governo tucano e a conquista de muitos outros direitos.
Com o golpe, tudo isso está escapando pelos dedos. O Ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar para aniquilar nossos direitos assegurados na Convenção e Acordo Coletivos; o STF decidiu que os trabalhadores podem ter seus salários suspensos e descontados com a greve; o governo prepara uma contra reforma trabalhista e previdenciária duríssima.
O golpe foi contra você.

ACBM

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Eu entendo que não entende o afastamento da Dilma como um golpe, e são várias as facetas desse golpe: é um golpe judiciário, parlamentar, midiático, econômico. Eu entendo o seu pensamento que o liberalismo, o Estado mínimo e a redução ou até o fim dos gastos públicos beneficiariam o Brasil,mesmo sendo você um usuário do SUS e do Ensino Público. Eu entendo sua aversão pela bandeira do PT e de toda a esquerda, mesmo sendo ela que defende na Câmara e nas ruas os seus direitos. Eu entendo que vota em partidos da direita com medo de que a esquerda seja comunista, mesmo que não exista regime comunista e, na forma como pensou Marx, nunca tenha existido. Eu entendo que pensa com a cabeça dos editoriais das grandes mídias, entendo o seu senso comum, a sua falta de senso crítico. Mas o que eu não entendo, apesar de tudo isso, é o seu ódio, a sua ira pelas pessoas pobres, sendo você igualmente pobre. Nesse caso, você não é tão somente pobre, mas um miserável pela própria falta de percepção. JD


(...) "A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva." (17/NOV/2015)

O Texto é da jornalista Vanessa Barbara 

UMA VOZ


Recorda aquela ilha onde se erige o fogo
Dos vivos olivais no flanco das cimeiras,
E é para que mais alta a noite seja e à aurora
Não haja vento mais que de esterilidade.
Tanto caminho negro há de fazer um reino
Onde recuperar o orgulho que já fomos,
Pois nada há de aumentar mais uma força eterna
Do que uma chama eterna e tudo se desfaça.
Por mim, irei buscar essa terra de cinzas,
Meu coração irei deitar sobre teu corpo.
Arrasado. Não sou tua vida em fundas ânsias,
Cujo só monumento é Fénix na fogueira?
.
UNE VOIX
Souviens-toi de cette île où l'on bâtit le feu
De tout olivier vif au flanc des crêtes,
Et c'est pour que la nuit soit plus haute et qu"à l'aube
Il n"y ait plus de vent que de stérilité.
Tant de chemins noircis feront bien un royaume
Où rétablir l'orgueil que nous avons été,
Car rien ne peut grandir une éternelle force
Q'une éternelle flamme et que tout soit défait.
Pour moi je rejoindrai cette terre cendreuse,
Je coucherai mon coeur sur son corps dévasté.
Ne suis-je pas ta vie aux profondes alarmes,
Qui n'a de monument que Phénix au bûcher?

- Yves Bonnefoy. Obra Poética. [tradução e organização de Mário Laranjeira]. São Paulo: Editora Iluminuras, 1998.
 "Foi da Ana Júlia a melhor e mais verdadeira manifestação pública capaz, efetivamente, de expressar os sentidos reais das ocupações. É válido e respeitável o entendimento que as ocupações - uma atitude radical ante um dilema igualmente radical - não seja a melhor forma de luta. É compreensível, também, que a maioria dos docentes, das comunidades escolares e, até mesmo, do estudantado esteja mais preocupada/o com os dias de reposição, as festas de formatura, os trabalhos finais, a "baderna" que julgam ser o movimento social, PORÉM, acreditem amig@s: em cada ocupa deste país há estudantes que poderiam ser a Ana Júlia, que falam como ela, que comungam de sua força e de suas ideias; que sabem, como ela, o que é ser criminalizado por lutar por um ideal coletivo; que, mesmo com tudo contra, não abdicam de momentos de alegria. Esperança, utopia, destemor, verdade... nossos estudantes que passaram e/ou passam pela experiência de conviver numa ocupação aprenderam vivencialmente, na pele e no espírito, a identificar as contradições sociais e tomaram para si uma responsabilidade que deveria ser de tod@s. Um outro mundo é possível. Lutemos então, inspirados na força de tantos homens e mulheres que fizeram de suas vidas uma constante missão de solidariedade e busca pela justiça. Nas palavras inspiradoras de Olga Benário, lutemos "pelo bem. pelo bom, pelo justo (...) pelo melhor do mundo". Brava Ana Júlia, bravos/as estudantes do Brasil. Vocês nos dão uma lição essencial: a humanidade ainda tem algum fôlego para construir um futuro viável, um mundo em que tod@s e cada um/a tenha direito ao discernimento e à felicidade."

Valéria Arias

MEU FILHO QUER ESTUDAR II-

O argumento dos pais e mães que forçam a desocupação das escolas é que seus filhos "querem estudar."
Talvez, seja necessário explicar que se a PEC 241 ( agora, 55, no Senado) for aprovada não haverá verba suficiente para a educação, nos próximos 20 anos.
Talvez, seja importante dizer que se a MP do Ensino Médio persistir seu filho só vai poder estudar as disciplinas que a escola tiver condições materiais para ofertar.

É para que os filh@s de todos estudem, com qualidade e amplitude de conhecimentos, que os estudantes ocupam as escolas!

Da Andrea Caldas

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Funchal

um poema no nobel de literatura 2011

Tomas Transtromer

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, construída por náufragos.
Muitos, chegados à porta, voltam para trás, mas não assim as rajadas de vento do mar. Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa dois peixes, segundo uma antiga receita da Atlântida, pequenas explosões de alho.
O óleo flui sobre as rodelas do tomate. Cada dentada diz que o oceano nos quer bem, um zunido das profundezas.
Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos as agrestes colinas floridas, sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, bem-vindos, não envelhecemos. Mas já suportámos tantas coisas juntos, lembramo-nos disso, horas em que também de pouco ou nada servíamos ( por exemplo, quando esperávamos na bicha para doar o sangue saudável – ele tinha prescrito uma transfusão). Acontecimentos, que nos podiam ter separado, se não nos tivéssemos unido, e acontecimentos que, lado a lado, esquecemos – mas eles não nos esqueceram!
Eles tornaram-se pedras, pedras claras e escuras, pedras de um mosaico desordenado.
E agora aconteceu: os cacos voam todos na mesma direcção, o mosaico nasce.
Ele espera por nós. Do cimo da parede, ele ilumina o quarto de hotel, um design, violento e doce, talvez um rosto, não nos é possível compreender tudo, mesmo quando tiramos as roupas.
Ao entardecer, saímos. A poderosa pata, azul escura, da meia ilha jaz, expelida sobre o mar. Embrenhamo-nos na multidão, somos empurrados amigavelmente, suaves controlos, todos falam, fervorosos, na língua estranha. “ um homem não é uma ilha.“ Por meio deles fortalecemo-nos, mas também por meio de nós mesmos. Por meio daquilo que existe em nós e que os outros não conseguem ver. Aquela coisa que só se consegue encontrar a ela própria. O paradoxo interior, a flor da garagem, a válvula contra a boa escuridão.
Uma bebida que borbulha nos copos vazios. Um altifalante que propaga o silêncio.
Um atalho que, por detrás de cada passo, cresce e cresce. Um livro que só no escuro se consegue ler.

Tomas Tranströmer
(Traducão do sueco para alemão por Hans Grössel)

Traducão do alemão para português por Luís Costa

"Primeira foto de Hitler",


de Wislawa Szymborska

"E quem é essa gracinha de tiptop?
É o Adolfinho, filho do casal Hitler!
Será que vai se tornar um doutor em direito?
Ou um tenor da ópera de Viena?
De quem é essa mãozinha, essa orelhinha, esse olhinho, esse narizinho?
De quem é essa barriguinha cheia de leite, ainda não se sabe;
de um tipógrafo, padre, médico, mercador?
Quais caminhos percorrerão essas pernocas, quais?
Irão para o jardinzinho, a escola, o escritório, o casório
com a filha do prefeito?
Anjinho, pimpolho, docinho de coco, raiozinho de sol,
quando chegou ao mundo um ano atrás,
não faltaram sinais na terra nem no céu:
gerânios na janela, um sol primaveril,
a música de um realejo no portão,
votos de bom augúrio envoltos em papel crepom rosa,
pouco antes do parto, o sonho profético da mãe:
sonhar com uma pomba - sinal de boas-novas,
se for pega - vem uma visita muito esperada.
Toc, toc, quem é, é o coraçãozinho do Adolfinho que bate.
Fralda, babador, chupeta, chocalho,
o menino, com a graça de Deus e bate na madeira, é sadio,
parecido com os pais, com um gatinho no cesto,
com os bebês de todos os outros álbuns de família.
Não, não vai chorar agora,
o fotógrafo atrás do pano preto vai fazer um clique.
Ateliê Klinger, Grabenstrasse Braunau,
e Braunau é uma cidade pequena mas respeitável,
firmas sólidas, vizinhos honestos,
cheiro de massa de pão e de sabão cinzento.
Não se ouve o ladrar dos cães nem os passos do destino.
Um professor de história afrouxa o colarinho
e boceja sobre os cadernos."

(De Poemas de Wislawa Szymborska, tradução de Regina Przybycien, publicação da Companhia das Letras.)

Com Deus A Nosso Lado

um poema (musicado) do nobel de literatura 2016

Com Deus A Nosso Lado
(With God On Our Side - Bob Dylan - 1964)

Com Deus Ao Nosso Lado
Meu nome não importa, e a idade, tampouco
Minha terra natal se chama Meio Oeste
Pois lá fui criado pras leis respeitar
E a terra onde vivo tem Deus a seu lado
Os livros de história contam, e contam tão bem
A cavalaria atacava, e os índios caíam
A cavalaria atacava, e os índios morriam
O país era jovem, com Deus a seu lado
A Guerra Hispano-Americana teve o seu dia
E a Guerra Civil também depressa se foi
E os nomes de heróis me forçaram a decorar
Com armas nas mãos e Deus a seu lado
A Primeira Grande Guerra lacrou nosso destino
A razão dessa luta eu nunca entendi
Mas aprendi a aceitá-la e aceitá-la com orgulho
Pois não se contam os mortos quando Deus está a seu lado
A Segunda Grande Guerra chegou ao seu fim
Perdoamos os alemães e nos tornamos seus amigos
E embora seis milhões nos fornos eles tenham fritado
Os alemães agora também têm Deus a seu lado
Aprendi a odiar os russos por toda minha vida
Se outra guerra começar serão eles os inimigos
De odiar e temer, de correr e se esconder
E tudo aceitar bravamente, com Deus a meu lado
Mas agora temos armas de pós químicos tóxicos
Se formos obrigados, vamos usar esses tóxicos
Um apertar um botão, e lá se vai o mundo todo
E você nunca faz perguntas, quando Deus está a seu lado
Nas minhas horas escuras tenho pensado sobre isso:
Que o próprio Jesus Cristo foi traído por um beijo
Mas não posso pensar por você, decidir sobre o fato:
Se Judas Iscariotes tinha Deus a seu lado
Então agora em despedida, estou cansado pra diabo.
A confusão que sinto língua alguma falava
As palavras me enchem a cabeça, e se derramam por terra:
E se Deus está a nosso lado, impedirá a próxima guerra

versão brasileira: ijs

tradução do Ivan Justen Santana, link para o seu blog


“O desenvolvimento não pode ser matéria de decretos, nem é assim que uma nação aprende de outra. Uma elite não pode, pela compulsão, pela ideologia, gerar a nação. A nação que quer se modernizar sob o impulso e o controle da classe dirigente cria uma enfermidade, que a modernidade, quando aflorar, extirpa, extirpando os Modernizadores. Todos os países que sofreram modernizações (...) expulsaram, para que o desenvolvimento se irradiasse ao povo, a elite, a classe dirigente, a burocracia (...). A modernidade emergiu com a ruptura, construindo, sobre a ruína das autocracias o desenvolvimento, capaz de se sustentar com o movimento próprio, eliminando, juntamente com os males antigos, os males modernos. Todos deixaram de ser uma dualidade, uma imobilizada oposição de direções, para revelarem sua identidade cultural, num vôo próprio, dentro do universo, libertos da tradição e da contemplação nacional.”
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- Raymundo Faoro, em "Existe um pensamento político brasileiro?". São Paulo: Ática, 1994, p. 113.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Era pobre com FHC, andava a pé, morava de aluguel, não estudava. Ficou classe media com Lula,dois carros,casa própria e fez faculdade. Com Dilma teve que vender um dos carros. Revoltado, agora o desorientado pensa q é elite, vota na direita.jd

sábado, 15 de outubro de 2016


naquela solidão, a fome o perseguia, tinha que comer alguma coisa. 'o gato', 'óbvio', pensou. olhou o bichano que o olhava. 'coragem', pensou. 'a criatura, pense que é só uma criatura'. então, a coisa preta se esfregou em suas pernas. 'não, não teria coragem', pensou. 'melhor bater uma punheta'. esfregou o dedo no sovaco e depois na virilha, depois cheirou, iniciando o movimento. não adiantou; cortou o próprio dedo e fez uma sopa."


in: KATZELSSE, Ich. "Der katze". p1.
fonte : William Teca

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Com esse governo do golpe todo dia é um sete a um.


 Na semana em que foi aprovado a PEC dos gastos, que congelará o investimento nas áreas sociais pelos próximos vinte anos promovendo um verdadeiro colapso nos serviços públicos, o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou no programa Roda Viva que falta de verba não é o problema da educação no país.
Para falar tamanha besteira, o ministro deve ter se consultado com os “especialistas” que o cercam, como o Alexandre Frota. Se Mendonça Filho conversasse tão somente com um professor perceberia de imediato o problema gravíssimo que existe na carreira docente no Brasil e também o conjunto das dificuldades enfrentadas na educação.
Em relação à meta do Plano Nacional de Educação que prevê a destinação de 10% do PIB, falou nas entrelinhas que não fará o que a lei manda e justificou alegando que os ministros anteriores também não davam conta das metas.
Ao optar pelo sucateamento deliberado da educação pública desse país, os golpistas abrem espaço para a privatização. Na verdade, já vêm dando indícios desse caminho. Cobrança em cursos de pós-graduação em universidades públicas já foi aventada.
Temer, Medonça Filho e o conjunto dos golpistas querem promover um Plano de Metas ao contrário: fazer o país retroceder décadas em apenas dois anos.

Ivan Valente
http://educacao.uol.com.br/…/para-ministro-da-educacao-prob…


André Castelo Branco Machado



Se o país é como uma família e não pode gastar mais do que ganha, como afirmou o ministro Henrique Meirelles em cadeia nacional, então como deveriam atuar os nossos governantes? A prioridade seria sempre a comida na mesa, saúde, moradia e educação para os filhos. Qualquer família fraterna buscaria, como primeira medida, renegociar suas dívidas mais pesadas com os bancos, como empréstimos que comprometessem metade das receitas do mês por juros mais baixos, parcelas menores e contratos mais vantajosos. Mães ou pais não diriam para seus filhos passarem por extremas privações por 20 anos sem antes cortar todos os seus privilégios e daqueles que são sustentados pelos seus recursos. Nem tampouco sairiam para jantar em um restaurante de luxo para decidir cortar a comida dos seus filhos. Nada disso seria feito. Acredito que a família a que se refere Meirelles é encabeçada por pessoas sem caráter, manipuladoras, insensíveis, sádicas e que só pensam em si mesmas, sem qualquer ligação afetiva com seus filhos. O governo ilegítimo do Temer está mudando a Constituição para congelar gastos sociais e as pessoas mais vulneráveis ficarão sem remédios, salários serão arrochados, escolas serão fechadas, entre muitas outras mazelas. Esse modelo de país a que se refere o Meirelles é bem diferentes das famílias reais do povo brasileiro, tão solidárias e fraternas, que não abandonam seus filhos nos momentos em que mais precisam.
O BB chegou a 79 mil funcionários, em 2000, no governo FHC. Se tornou um banco ineficiente, mesmo que as cartilhas neoliberais tenham como mantra da eficiência o "downsizing" e o "turnover" (enxugamento e rotatividade). Os bancos privados cresceram muito no espaço deixado pelo BB. O banco esteve na mira da sua total privatização.
O Banco do Brasil voltou a crescer no governo Lula, chegando, em 2008, a ter 115 mil funcionários e a ser o maior banco em ativos do país. Jogou um papel central na adoção de medidas anticíclicas pelo governo naquele ano.
O que será do banco mais enxuto? Quem ganhará se o BB voltar novamente para a geladeira?

Acbm

sábado, 8 de outubro de 2016

Lázara Papandrea


tô louca pra virar lesma, só pra me deslizar lentamente pela vida, chega de ser coelha ou coisa parecida, minhas pernas não aguentam mais tantos pulos.

Quando o feitiço vira contra o feiticeiro... rs
Para mim, beijar os teus pés nunca foi um problema,
descobrir as veredas, até chegar ao lóbulo da orelha.
E a cada beijo ver o quanto teu todo se redesenha:
novíssimo mar, branquíssimas pedras, virginal areia.
Beijar-te é pura renovação, é a arte que nos nomeia:

é sempre morrer náufrago e te fazer renascer sereia.

Jeferson Bandeira
"" Podem me colocar algemas
mesmo inerte, verão em meus olhos a resistência
não cederei aos que maculam nas sombras da noite
e seguirei como luz que busca a esperança
não me roubarão as vitórias que irei conquistar
nem me aprisionarão em pequenos albergues
quero a busca de dias melhores
quero irmãos de fato se amando
quero cores, vibrantes pinturas a enfeitar meus aranhas céus
posso passar como musica suave, mas sempre baterei meus tambores avisando a todos um novo amanhã
e se amanhã for a vez adas minhas cinzas
que elas adubem algum jardim
não quero simplesmente ser amor,
mas espinhos para cutucar a mesmice de quem fica olhando
e só quer colher a flor...

Oscar De Jesus Klemz

Oscar.