Kant considera que o objecto físico, a que chama a ‘coisa em
si’, é essencialmente incognoscível; o que pode ser conhecido é o objeto tal
como o temos na experiência, a que Kant chama
de “fenômeno”. O fenômeno, sendo um produto de nós e da coisa em si, tem
garantidamente aquelas características que se devem a nós, e consequentemente
conforma-se garantidamente ao nosso conhecimento a priori. Por isso, não se
pode supor que este conhecimento, apesar de se aplicar a toda experiência
efectiva e possível, se aplica fora da experiência. Assim, apesar da existência
de conhecimento a priori, nada podemos saber sobre a coisa em si ou sobre o que
não é objecto da experiência efectiva ou possível. Deste modo, Kant tenta
reconciliar e harmonizar as alegações dos racionalistas com os argumentos dos
empiristas”.
Bertrand Russel. Os problemas da filosofia. Tradução de
Desidério Murcho. Edições 70. 2008,
p. 145-146.
Fonte : Melo, Thiago. In Crítica Autônoma
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