quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


A justificativa para o golpe que destituiu o então presidente de Honduras, Manuel Zelaya, em 2009, foi ter convocado um plebiscito popular para decidir sobre uma Assembleia Constituinte. A oposição, com apoio da Suprema Corte, o acusou de crime contra a pátria.
No Paraguai, o motivo da deposição de Lugo, em 2012, que ocorreu em 24 horas no parlamento, foi o de má administração, após um conflito armado pelo empresário Blás Riquelme e opositores colorados para gerar um banho de sangue de policiais e camponeses na região de Curuguaty.
Três elementos são importantes nesses casos, que precisamos ter atenção:
1) Não houve sequer possibilidade de defesa aos presidentes e os parlamentos agiram sumariamente (em Honduras forjaram, inclusive, uma carta de renúncia de Zelaya), violentando princípios constitucionais dessas nações.
2) A motivação real do golpe, em ambos os casos, foi estritamente política, após uma propaganda sistemática de desmoralização dos presidentes na opinião publicada pela grande mídia e uma maioria opositora no parlamento.
3) Os presidentes foram destituídos com efetivo apoio de partidos governistas, assumindo em seus lugares supostos aliados dos presidentes depostos.

O Brasil não é Honduras ou o Paraguai, mas precisamos ter a consciência que também temos uma oposição que não tem qualquer apego à democracia e aliados governistas (PMDB, em especial) bem disponíveis para o golpe.

André Castelo Branco Machado

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