"O primeiro passo para combater o terrorismo é não
aceitar pensar o mundo a partir das suas categorias, isto é, não ver o mundo de
uma maneira maniqueísta, simplória e racista. É exatamente o que os terroristas
do Estado Islâmico querem: que se compre a narrativa do "Nós contra
eles", do "choque das civilizações". É importante lembrar que as
maiores vítimas dos fascistas do EI são muçulmanos, sobretudo os xiitas, que
lutam contra o EI na Síria e no Iraque. Apesar dos membros do EI serem sunitas,
há também sunitas, como os curdos, que lutam contra o EI. Toda tentativa de
homogeneizar ou generalizar juízos acerca de um grupo humano tão vasto e plural
é um ato de ignorância.
Também deveríamos estar discutindo o que torna o terrorismo
materialmente possível. Eis aí um segredo de polichinelo: há muita grana de
doadores da Arábia Saudita, Qatar, Iêmen - os chamados países do Golfo -
financiando atividades terroristas ( http://goo.gl/RYAaoJ ). Há fortes indícios
que o dinheiro saudita esteja ajudando o EI ( http://goo.gl/eYKMF3 ). A Arábia
Saudita é o país que mais promove uma versão extremista do islamismo (a
vertente wahhabita), e só consegue ter sucesso nessa empreitada pois tem muitos
petrodólares. E aí se chega ao centro da questão: o terrorismo wahhabita é
indissociável da indústria de petróleo, pilar do capitalismo mundial (uma das
fontes de renda do EI é a venda de petróleo no mercado negro turco). Talvez
esse seja mais um bom motivo para gente depender cada vez menos de combustíveis
fósseis.
Para quem estiver interessado na relação entre as
"democracias ocidentais" e as ditaduras do petróleo no Oriente Médio,
recomendo o livro do cientista político Thimothy Mitchell, "Carbon
Democracy: Political
Power in the Age of Oil" PDF aqui: https://goo.gl/TsUryx"
https://www.youtube.com/watch?v=0dxdCuVL6Oofonte :Cesar Melo
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